Luna Murillo Santos Alexandre
Acadêmica do 11º período do curso de Medicina PUCPR; PIBIC Master PPGB
Fr. Roberto Silva
Diácono religioso da Sociedade do Apostolado Católico.
Licenciado em Matemática; Bacharel em Filosofia e em Teologia
‘’Isso que vou contar é de muitos anos atrás. Lembranças e memórias que ficaram e ficarão marcadas para sempre em minha vida. Quando eu era bem criança, eu e meus irmãos aguardávamos ansiosamente pelo sábado à tarde. Todo sábado, quando não chovia, íamos nos refrescar no Rio Belém com os nossos pais. Muitos vizinhos também iam, era uma água limpa e própria para banho. Pode parecer impossível isso que estou dizendo, mas acontecia. E sinto muitas saudades disso. Rio Belém faz parte da história curitibana e também da minha infância’’. Esse relato é proveniente de uma moradora curitibana que teve a oportunidade de tomar banho no Rio Belém. Imagine se atualmente, os curitibanos pudessem fazer isso para se refrescar em um dia de calor? Seria espetacular poder ter contato com um rio no meio de um espaço urbano. Além disso, a água poderia ser própria para consumo, a qualidade do ar seria melhor e a fauna e flora poderiam estar presentes naturalmente nesse ambiente. É extraordinário pensar que um rio que faz parte da história curitibana poderia contribuir de modo tão significativo para a qualidade de vida e lazer da população.
Dessa maneira, é importante o conhecimento em relação ao tema Saúde Única. É necessário a reflexão de que a saúde humana está diretamente atrelada a saúde animal e ambiental. Isto é, a saúde é única, integrada e interligada a outras formas de vida e ao meio ambiente. Assim, a preservação atual e o desejo de mudança em relação a condição atual do Rio Belém está diretamente relacionada a qualidade de vida e a saúde humana no momento presente e também para o futuro. O Rio Belém é mais do que um símbolo histórico e um marco da cidade, é um ambiente natural que tem a sua fauna e flora características, com suas dimensões físicas e espirituais, sendo um elemento vital para a sociedade curitibana. O rio limpo e cuidado traria um novo espaço de lazer, melhoraria a qualidade do ar, seria uma fonte riquíssima de água, bem como traria um novo significado e uma qualidade de vida física e mental mais digna à sociedade. Seria o nosso legado, marco e responsabilidade para as futuras gerações, de modo que se gerasse orgulho de nossas ações.
‘’Age de tal modo que os efeitos de tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma vida humana autêntica na Terra” (Hans Jonas, 1984). O princípio da responsabilidade, conforme apresentado pelo filósofo Hans Jonas, propõe que as ações humanas devem ser guiadas pela consideração de seus impactos a longo prazo, sobretudo em relação às gerações futuras e à preservação do meio ambiente. Ele afirma que essa capacidade humana de transformar o meio ambiente, pode causar também danos irreversíveis. Isto é, a forma em que a população se relaciona com o rio vai impactar diretamente nas consequências ambientais e socioculturais das gerações subsequentes. Isso reforça o que Leonardo Boff, teólogo e filósofo, defende em sua obra “Saber cuidar”: “Cuidar não é apenas uma prática, mas um modo de ser que implica responsabilidade e compromisso com a vida em todas as suas formas”.
A interação provida de propósitos como responsabilidade e defesa do bem comum podem render bons e iluminados frutos. Todo final de semana ensolarado, a maioria dos curitibanos vão em direção a parques ou outras regiões ao redor da cidade para se conectar com a natureza e realizar um descanso mental. Imagina que um desses destinos fosse as margens do Rio Belém? Água cristalina, ar puro, conexão com a força e movimento das águas, banhos de rio e observação de animais. A cidade e os novos pontos turísticos teriam uma energia inigualável e um outro significado.
A convivência diária com o ambiente urbano é cheia de desafios, demandas e estresse, logo, é preciso que a paisagem e disposição da cidade estejam de acordo com o verdadeiro estilo de vida que almejamos e em sintonia com o que mais desejamos durante a vida: saúde e felicidade. Como defendido por Jacques Maritain: “A cidade é obra do homem, mas é também um reflexo de sua alma. Ao cuidar dela, o homem cuida de si mesmo”.
Nós como futuros bioeticistas acreditamos que ao cuidar do Rio Belém, estamos cuidando de nós, dos outros, das futuras gerações e dos milhares de seres vivos existentes. E assim, constrói-se novas memórias, conexões e significados importantes para a existência individual da população curitibana.
O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Bioética ambiental do Programa de Pós-Graduação em Bioética da PUCPR tendo como base as obras:
Hans Jonas e o Princípio da Responsabilidade, ‘’Humanismo Integral’’ de Jacques Maritain, ‘’Saúde Ambiental e Qualidade de vida’’ da OMS. Além disso, foram utilizados artigos científicos sobre o Rio Belém. As imagem foram produzida através do ‘’MetaIA’’ do aplicativo ‘’WhatsApp’’.
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