Por Bianca Sansão Montanaro Bom, Gabriela Janiski Teles, Gabriele Lopes De
Carvalho, Gustavo Stacheski Matias E
Nicolas Henrique Augusto
Graduandos do curso de Biologia
Movimento Red Pill
revela a face cruel e reacionária do machismo nas redes
O movimento Red Pill surgiu como uma comunidade online que, inicialmente, discute questões de relacionamentos, masculinidade e autodesenvolvimento. No entanto, ao longo do tempo, o movimento tomou um rumo preocupante, especialmente para jovens meninos, ao adotar ideologias extremas e nocivas.
Durante a história da humanidade as mulheres vêm enfrentando uma luta constante contra um movimento denominado de machismo[1] . A reflexão evolutiva pontua que o homem, nos tempos mais primitivos, tinha a função de prover o alimento enquanto a mulher cuidava das crias. Esse conceito existia principalmente porque a mulher ficava muito vulnerável durante a gestação, que apresentava um tempo prolongado, e devido ao trabalho para cuidar do filhote, que nascia e nasce praticamente prematuro, sendo necessário os dois pais na criação e defesa da cria. Em que o homem desenvolveu habilidades para a caça e a mulher para o cuidado, sendo que a coragem insensata é uma característica estereotipadamente dada ao homem, já na mulher a característica é o excesso de zelo[2]. Entretanto, não vivemos mais no mundo primitivo, não é necessário caçar o próprio alimento e lutar contra animais predadores. Logo, esse tipo de relação não é mais tão comum e necessária. Embora, por conta da evolução, haja diferenças biológicas entre os homens e as mulheres e características mais acentuadas em cada sexo, ambos tem capacidade suficiente de gerirem sua própria sobrevivência. [3]
O referente teórico a essa perspectiva é apoiado na observação de outras espécies. Os elefantes[4] , por exemplo, tem a estrutura familiar liderada por uma matriarca. Ou tigres em que a fêmea é capaz de prover seu alimento e ser capaz de proteger o filhote. Os dois animais apresentam modelos de vidas diferentes, os elefantes hábitos sociais e os tigres[5] solitários, mostrando que o conceito de macho dominante é visto apenas em situações de vulnerabilidade.
O movimento red pill[6] [7] , que é um movimento misógino,segundo algumas análises, um complexo de inferioridade que alguns machos, em que estão frustrados com alguma situação e acabam com excesso de agressividade, descontando no que julgam ser mais fraco para assim tentarem obter poder com conceitos antiquados, ignorando completamente a situação da sociedade atual e racional, querendo explicar o machismo com ideais arcaicos de um tempo com situações de sobrevivência diferentes. A ideologia central do movimento Red Pill gira em torno da crença de que homens são vítimas da sociedade, especialmente das mulheres, e buscam o empoderamento masculino por meio do rechaço às ideias feministas e da promoção de uma visão de superioridade masculina. Esse pensamento pode ser extremamente prejudicial para os jovens, pois os expõe a conceitos de ódio, misoginia e desconfiança em relação às mulheres. Um dos grandes problemas é que o movimento Red Pill muitas vezes encoraja uma visão tóxica da masculinidade, promovendo comportamentos agressivos, desprezo pelas mulheres e relacionamentos baseados em controle e dominação. Isso pode afetar gravemente o entendimento dos jovens sobre relacionamentos saudáveis, levando a dificuldades de interação social, problemas emocionais e até mesmo contribuindo para a perpetuação de ciclos de violência.
Além disso, o movimento Red Pill tende a criar uma mentalidade de vitimização nos jovens rapazes, alimentando ressentimento e incapacitando-os de desenvolver habilidades de empatia e comunicação interpessoal. Isso pode resultar em dificuldades de estabelecer relacionamentos saudáveis e duradouros no futuro, é crucial que os jovens tenham acesso a informações e orientações que promovam o respeito mútuo, a igualdade de gênero e os relacionamentos saudáveis. Promover uma visão equilibrada da masculinidade, que não esteja baseada em superioridade ou subjugação, é essencial para o desenvolvimento saudável dos meninos. No entanto, é importante notar que as referências diretas a conteúdos específicos do movimento Red Pill podem variar dependendo do contexto e das fontes consultadas, já que se trata de uma comunidade online com diversidade de opiniões e conteúdos, muitos dos quais podem ter sido removidos ou alterados ao longo do tempo.
Além disso, análises psicológicas têm sugerido que o movimento Red Pill, ao promover uma visão distorcida das relações de gênero, pode contribuir para a radicalização de indivíduos vulneráveis ou propensos a comportamentos agressivos, levando a atos extremos de violência, como o feminicídio[9]. O assassinato de mulheres por razões de gênero, está profundamente enraizado em estruturas sociais que desvalorizam a vida e autonomia das mulheres. A misoginia[10] , que é o ódio ou aversão às mulheres, desempenha um papel significativo nesse contexto. O movimento Red Pill, por sua vez, muitas vezes promove ideias que reforçam estereótipos de gênero, enfatizando a superioridade masculina e a inferioridade feminina. Isso pode alimentar uma mentalidade perigosa que desumaniza as mulheres e justifica a violência contra elas. Um estudo publicado no "Journal of Family Violence[11]" em 2020 analisou as ligações entre atitudes misóginas online e comportamentos violentos contra mulheres. Eles descobriram que indivíduos que frequentam comunidades online com ideologias misóginas, como algumas associadas ao movimento Red Pill, demonstraram uma maior probabilidade de aceitar comportamentos agressivos e até mesmo justificar o uso da violência contra as mulheres. É fundamental compreender que o feminicídio não é causado exclusivamente pelo movimento Red Pill. Muitos fatores sociais, culturais e individuais estão envolvidos nesse tipo de crime. No entanto, a disseminação de ideologias misóginas e a desinformação propagada por comunidades como o Red Pill podem agravar problemas já existentes, perpetuando atitudes prejudiciais em relação às mulheres e, em casos extremos, contribuindo para a violência de gênero.
É possível classificar o movimento Red Pill como um problema social devido à sua relação com comportamentos misóginos, porém apontar a sua causa de origem é uma tarefa difícil. Uma vez que, tendem a demostrar ele deve agir, entretanto tais comportamentos não são distantes da expressão fenotípica da identidade de gênero masculina em sociedades humanas históricas. Logo, é natural associar Red Pill a uma contracultura de resistência à sociedade moderna que não necessariamente atribui aos homens e mulheres tais papéis antigos e muitas vezes promove o contrário, e a agressividade do movimento possivelmente produto da frustração desses homens mais tradicionalistas de não poder expressar seu comportamento. Porém, Red Pill são casos extremos que decidem não conformar com o grupo, ou existem em grupos de indivíduos tradicionalistas, assim, existem aqueles homens que se adequaram à sociedade moderna e aceitam ou se adaptam à realidade vivida, estes, também são marginalizados pela sociedade Red Pill.
Mas o que define se um
homem vai apresentar comportamento Red Pill? Talvez seja uma predisposição
genética a ser mais rigoroso com sua identidade de gênero, e logo, mais
frustrado a não expressá-la; Talvez seja uma condição cultural aprendida ao seu
desenvolvimento, visão que era soberana antigamente, agora, contestada, e
portanto, amplificada; Possivelmente um conjunto de genética e cultura, e que
varia de indivíduo para indivíduo, resultando em uma incógnita incrivelmente
complexa. E caso tenha raízes genéticas, o quanto de resolução seria ético
perseguir?
Nós como futuros
biólogos e médico veterinário acreditamos que existem diferenças biológicas e
etológicas entre homens e mulheres, entretanto, ambos são capazes de realizar
atividades para sua sobrevivência de forma independente. Movimentos como red
pill são absurdos proferidos por grupos que não se adaptam a sociedade atual,
promovendo ódio e misoginia. A conclusão possível de ser tirada por enquanto é
que o movimento Red Pill é um risco social que, ao mínimo, deve ser combatido
devido à sua agressividade e estigmatização social.
O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia, tendo como base as referências:
BANDEIRA,
L. M. ; MAGALHÃES, M. J. A transversalidade dos crimes de feminicídio/
femicídio no Brasil e em Portugal. Disponível em: 361526.pdf (up.pt)Acesso em: 17 nov
2023
DIÁRIO
DE PERNAMBUCO. Red Pill: discurso de ódio contra as mulheres. Disponível em: https://www.diariodepernambuco.com.br/colunas/diariomulher/2023/07/red-pill-discurso-de-odio-contra-as-mulheres.html.
Acesso em: 17 nov. 2023.
DOLORES,
S. G. Movimento
‘redpill’: Discursos machistas ganham atenção na web por restabelecerem ideias
erradas sobre mulheres. 2023. Disponível em: Movimento 'RedPill':
Discursos machistas ganham atenção na web por reestabelecerem ideias erradas
sobre mulheres | Contraponto Digit@l (pucsp.br). Acesso em: 17 nov.
2023.
DURFEE, A. ; et al.
Technology-based abuse: emerging definitions, Conceptualization, and
mesurement. Disponível em: https://mlink.springer.com/article/10.1007/s10896-019-00114-7.
Acesso em: 17 nov. 2023.
DWORKIN, A. ; MAC
KINNON, C. A. Pornography and civil rights :A new day for women's equality.
Disponível em: https://frauenkultur.co.uk/wp-content/uploads/2020/05/Pornography-and-Civil-Rights.pdf Acesso em: 17 nov 2023
GESTÃO
EDUCACIONAL. Tigre – Características, Comportamento, Habitat, Alimentação,
Reprodução. https://www.gestaoeducacional.com.br/tigre-caracteristicas/.
Acesso em: 17 nov. 2023.
SANTUÁRIO
DE ELEFANTES BRASIL. Fatos Básicos Sobre os Elefantes. Disponível em: https://elefantesbrasil.org.br/fatos-basicos-sobre-os-elefantes/#:~:text=MANADA%20%26%20COMPORTAMENTO%20SOCIAL&text=Manadas%20de%20elefantas%20s%C3%A3o%20lideradas,ajudam%20a%20criar%20o%20beb%C3%AA.
Acesso em: 17 nov. 2023.
JENSEN, R. Review of Pornland: How Pornography Has
Hijacked Our Sexuality. Disponível em: https://robertwjensen.org/articles/review-of-pornland-how-pornography-has-hijacked-our-sexuality/. Acesso em: 17
nov. 2023.
LIMA-SANTOS, A. V. S. ;
SANTOS, M. A. Incels e Misoginia on-line em tempos de cultura digital.
Disponível em: https://doi. org/10.12957/epp.2022.69802
Acesso em: 17 nov 2023
LOPES, R. G., & Vasconcellos, S.. (2008).
Implicações da teoria da evolução para a psicologia: a perspectiva da
psicologia evolucionista. Estudos De
Psicologia (campinas), 25(1),
123–130. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2008000100012
MINAYO,
M. C. de S.. (2005). Laços perigosos entre machismo e violência. Ciência & Saúde Coletiva, 10(1),
23–26. https://doi.org/10.1590/S1413-81232005000100005
MOURA,
S. M. S. R. de ., & Araújo, M. de F.. (2004). A maternidade na história e a
história dos cuidados maternos. Psicologia:
Ciência E Profissão, 24(1), 44–55. https://doi.org/10.1590/S1414-98932004000100006
SILVEIRA,
D. O. F. Violência contra as mulheres na internet sob a perspectiva dos
discursos de ódio misóginos. Disponível em: http://repositorio.ufsm.br/handle/1/30303. Acesso em: 17
nov. 2023.
VEJA.
Movimento Red Pill revela a face cruel e reacionária do machismo nas redes.
Disponível em: https://veja.abril.com.br/comportamento/movimento-red-pill-revela-a-face-cruel-e-reacionaria-do-machismo/mobile. Acesso em: 17
nov. 2023.
Nenhum comentário:
Postar um comentário