Por: Guilherme Gonçalves Kanopa; Maria Eduarda da Silveira Costa; Sofia de Castilho Stec Toledo
Formandos em Biologia
Em 2018, foi muito noticiado o caso envolvendo a família Poncio e Letícia Almeida, a qual era amiga de Sarah Poncio, casada com Jonathan Couto, e namorada de Saulo Poncio. Essa história foi muito abordada, principalmente pela dupla traição envolvendo Letícia e Jonathan, gerando dessa relação uma filha, a qual até 4 meses de seu nascimento era dita como filha de Letícia com Saulo. Em razão disso é possível determinar componentes que possivelmente expliquem o motivo de tal traição. Os componentes biológicos envolvem a influência de hormônios como
testosterona e estrogênio, que podem influenciar o desejo sexual e/ou neurotransmissores, como a dopamina, que desempenham um papel na recompensa e na busca de prazer. Já os psicológicos podem abranger a paixão, uma emoção involuntária comandada pelas catecolaminas, o desejo sexual por outros parceiros motivados por atração física, emocional ou psicológica, a insatisfação no relacionamento principal, uma busca de variedade sexual e a falta de autocontrole. Por fim, os componentes etológicos sugerem que a infidelidade é comum em várias espécies, devido à busca de oportunidades reprodutivas ou à competição por recursos, além de seleção de parceiros de qualidades genéticas superiores.
De acordo com Rumjanek (2012), a monogamia foi algo difícil de se estabelecer durante a evolução, como é visto nos mamíferos, os quais de todas as suas espécies apenas de 3% a 5% demonstram esse comportamento. Tal conduta não condiz com a seleção sexual proposta por Darwin no seu livro "A Origem das Espécies" (1859), onde ele propõe que o sucesso reprodutivo de uma espécie é de extrema importância para sua propagação e confere vantagens significativas pela alta variabilidade e seleção de qualidades genéticas superiores. Dito isso, a infidelidade é um fator que contradiz a monogamia praticada em algumas espécies, a qual em humanos pode ser considerada opcional, já que foi imposta principalmente por algumas religiões, mas não sendo o comum da espécie (RUMJANEK, 2012).
A infidelidade é definida por uma ação sexual ou emocional praticada por alguém que se encontra em uma relação, mas exerce tal comportamento fora dela, resultando em uma quebra de confiança pela violação de regras combinadas pelo casal (SCHEEREN; APELLÁNIZ; WAGNER, 2018). Foi evidenciado na pesquisa de Scheeren, Apellániz e Wagner (2018) que tanto homens como mulheres traem seus companheiros na mesma quantidade, quando comparado à levantamentos feitos nas décadas 80 e 90 onde o homem era o principal praticante desse comportamento, porém os autores afirmaram que enquanto a infidelidade da mulher envolve ações mais discretas e subjetivas, as dos homens são mais explícitas e diretas em seus atos, não havendo dúvidas de uma infidelidade.
Em razão disso, nós, formandos em biologia, acreditamos que a infidelidade é considerada natural por um ponto de vista evolutivo quando se analisado espécies monogâmicas, visto que nas poligâmicas esse termo não é atribuído em semelhantes situações, uma vez que é acordado entre as relações a possibilidade de copulações extra-pair. Porém ao ser observado por uma ótica social, o ato de infidelidade na espécie humana é visto por nós como algo problemático e ainda muito presente no cotidiano, afetando inúmeros casais e potencialmente destruindo famílias. Portanto, concordamos que independente desse comportamento ser mais aceito no mundo animal, em nossa sociedade ele pode trazer grandes consequências, pela alta quebra de confiança de uma das partes caso o casal não tenha conversado anteriormente ao fato e acordado sobre os mesmos termos.
Ter regradas de convívio também é evolutivo e faz parte da organização social que é determinada pela cultura presente, o ensaio foi elaborado para disciplina de etologia tendo como base as obras:
Darwin, Charles Robert. A Origem das Espécies. 1859.
PERES, Mariana Moraes Gomes; SAKAMOTO, Luís Carlos; DA SILVA, Gustavo Maximiliano Dutra. Conceitos atuais do tratamento hormonal em mulheres na pós-menopausa com transtorno do desejo sexual hipoativo. Brazilian Journal of Development, v. 9, n. 6, p. 19218-19238, 2023.
RUMJANEK, Franklin. Monogamia, amor e ciúme. Ciência hoje, v. 293, n. 49, p. 23, 2012.
SCHEEREN, Patrícia; APELLÁNIZ, Iñigo de Alda Martínez de; WAGNER, Adriana. Infidelidade conjugal: a experiência de homens e mulheres. Trends in Psychology, v. 26, p. 355-369, 2018.
SCRAPIÃO, Jorge José. DEPRESSÃO E SEXUALIDADE. Revista Brasileira de Sexualidade Humana, v. 14, n. 2, 2003.
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