Vulnerabilidade Ambiental Evidenciada por Ondas de Calor Extremo Série Ensaios: Bioética Ambiental

Série Ensaios: Bioética Ambiental


Por Eliana Benatti e Isabella Sassaki Ricca

Mestrandas em Bioética





Em 24 de agosto de 2022, Carolina Fioratti publicou no site da UOL uma reportagem sobre o calor mais severo do planeta, onde foram registradas temperaturas de 45°C na China. As temperaturas extremas são reflexos de um desequilíbrio ambiental previsto por cientistas há alguns anos, o que evidenciou a vulnerabilidade ambiental. Essa mudança climática fez dezenas de rios secarem na China, o que prejudicou o fornecimento de energia através de hidrelétricas. O país que prometeu neutralizar a produção de carbono até 2060 se viu obrigado a usar carvão para evitar um prejuízo energético maior. A China também evidenciou a vulnerabilidade na produção de alimentos, devido a perda da produção causada pelo calor extremo.

Mas afinal, o que são as mudanças climáticas? As mudanças climáticas são alterações, a longo prazo, do clima e temperatura do planeta e são atribuídas a atividades humanas como:

1- O consumo desenfreado de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e o gás natural) liberam o dióxido de carbono (CO2) fazendo com que a quantidade de gases na atmosfera esteja acima do ideal e é responsável por 70% do aquecimento global causando o efeito estufa.

2- A agricultura, a produção animal e os aterros sanitários liberam o metano, que tem o potencial de aquecimento 20 vezes maior que o CO2.

3- A produção de aerossóis, plásticos e equipamentos de refrigeração liberam o óxido nitroso e clorofluorcarbonos que mesmo em uma quantidade muito menor na atmosfera possui poder de reter calor 310 a 7.100 x maior que o CO2.

4- O desmatamento, pois as florestas e os ecossistemas naturais são grandes reservatórios e sumidouros de carbono por sua capacidade de absorver e estocar CO2.


Os gases CO2, metano, oxido nitroso e clorofluorcarbonos contribuem para a destruição da camada de ozônio, responsável por filtrar os raios ultravioleta e impedir que atinjam a superfície terrestre. Estima-se que no último século as temperaturas tenham se elevado em uma média de 0,7ºC e que no próximo século as elevações térmicas irão oscilar entre 1,6ºC e 4ºC. O principal ator responsável pelo aumento da temperatura do planeta, e alterações climáticas, é o ser humano. É, também, o maior prejudicado, além do meio ambiente. Entre os países responsáveis pela maior liberação de gases de efeito estufa (GEE) na atualidade, estão Estados Unidos, China e Índia. Historicamente, os Estados Unidos emitiu ¼ de todo o CO2 desde 1850. A contribuição do Brasil para o aumento da temperatura global está no desmatamento e uso do solo com a agropecuária. As consequências do aumento da temperatura global incluem eventos climáticos extremos: secas intensas, escassez de água, incêndios severos, inundações, tempestades tropicais, tsunamis, tornados, nevascas, furacões, derretimento das calotas polares com aumento do nível do mar, podendo ocasionar o desaparecimento de ilhas e cidades litorâneas. Esses eventos podem causar o declínio da biodiversidade, podendo ocasionar extinção de espécies animais e de plantas. As temperaturas extremas podem afetar nossa saúde, a capacidade de cultivar alimentos, a habitação, a segurança e o trabalho; comprovando que os seres humanos, assim como o meio ambiente, também são vulneráveis. Em 1979, Tom Beauchamp e James Childress apresentam, pela primeira, vez o princípio bioético da Justiça. Entende-se por justiça distributiva a distribuição justa, equitativa e apropriada na sociedade, de acordo com normas que estruturam os termos da cooperação social. De acordo com tal perspectiva, uma situação de justiça estará presente nesse cenário, podendo apontar soluções que sejam justas para todos os atores envolvidos, diminuindo as vulnerabilidades provocadas pelas mudanças climáticas.


O princípio da justiça restitutiva ordena devolver ao ecossistema as condições para se desenvolver plenamente, restabelecendo o equilíbrio. Existem várias maneiras de reduzir as emissões dos gases de efeito estufa e os efeitos no aquecimento global. Três categorias de ação são:

1- Redução das emissões de GEE (diminuir o desmatamento, reflorestamento, uso de energias renováveis como a solar e eólica, preferir biocombustíveis - etanol, biodiesel - a combustíveis fósseis, eficiência energética, reciclar materiais, melhorar o transporte público)

2- Adaptação aos impactos climáticos (transformações arquitetônicas, de engenharia, adaptação por ecossistemas, sistemas de alerta de catástrofes precoce)

3- Financiamento dos ajustes necessários (os países industrializados se comprometeram a fornecer 100 bilhões de dólares por ano aos países em desenvolvimento para que possam se adaptar e avançar em direção a economias mais verdes – Acordo de Paris)

A primeira Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) que ocorreu em 1992 durante a Eco 92 no Rio de Janeiro, onde 175 países assinaram e ratificaram o texto reconhecendo a necessidade de um esforço global para o enfrentamento das questões climáticas. Desde então, as nações estipularam metas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa – principalmente o dióxido de carbono. As principais metas do governo brasileiro são: aumentar o uso de fontes alternativas de energia; aumentar a participação de bioenergias sustentáveis na matriz energética brasileira para 18% até 2030; utilizar tecnologias limpas nas indústrias; melhorar a infraestrutura dos transportes; diminuir o desmatamento; restaurar e reflorestar até 12 milhões de hectares. A Terra é um sistema, onde tudo está conectado, mudanças em uma área podem influenciar mudanças em todas as outras. Limitar o aumento da temperatura global a não mais que 1,5°C nos ajudaria a evitar os piores impactos climáticos e a manter um clima habitável e um ambiente saudável.
  Nós como futuras bioeticistas acreditamos que a Terra é um sistema, onde tudo está conectado, mudanças em uma área podem influenciar mudanças em todas as outras. Limitar o aumento da temperatura global a não mais que 1,5°C nos ajudaria a evitar os piores impactos climáticos e a manter um clima habitável e um ambiente saudável


O presente ensaio foi elaborado para a disciplina Bioética Ambiental, tendo como referência os sites:






http://www.bioetica.org.br/?siteAcao=BioeticaParaIniciantes&id=25