Série Ensaios: Socibiologia
Por:
Ana Luiza de Castro
Viero1, Andrielly Nunes de Almeida, Erika Sousa Dias 1,
Júlia Bacarin Monte Alegre1, Maria Paula de A. P. Cunha1.
1Graduanda em Ciências Biológicas-PUCPR
2Graduanda em Psicologia-PUCPR
Em Curitiba foi noticiado um caso de um
vendedor dentro do ônibus que estava fazendo o uso incorreto da máscara (estava
fora da região nariz e boca) e por isso outro passageiro chamou atenção e pediu
para fazer o uso correto da máscara, por causa disso o vendedor começou a
apresentar um comportamento mais agressivo e a fazer o uso de xingamento contra
o passageiro (TRIBUNA, 2020). Em diversos países já foram
registrados casos de habitantes agressivos por não quererem fazer o uso da
máscara.
No final de 2019, um novo vírus da família coronavírus foi identificado como causador da "coronavírus disease 2019" (COVID-19), devido ao surgimento
desta doença tornou-se necessário o
isolamento social para evitar a contaminação e a lotação
dos sistemas de saúde, além disso alguns cuidados que anteriormente não eram
comuns, se tornaram indispensáveis, como: a utilização de máscaras;
higienização das mãos; o uso de álcool gel; limpeza de todos os materiais que
saírem e retornarem para a residência. Tais cuidados foram medidas obrigatórias impostas pela OMS para diminuir a circulação do
vírus. Apesar de ser um momento de isolamento social, alguns sistemas não
pararam, como: ônibus e mercados. Porém, o uso da máscara é obrigatório nestes
locais.
Entretanto, existem moradores que não
respeitam as regras destes locais e geram confusões por causa disso. A
máscara é uma forma de barreira física contra
gotículas presentes no ar quando uma pessoa tosse ou espirra, sendo de extrema
importância neste momento pois contágio pela COVID-19 é por inalação de
gotículas, então o seu uso é uma forma de proteção contra a disseminação da
doença.
As formigas pertencentes à espécie Lasius neglectus são animais sociais e compõem super colônias, nas quais a integridade bem como a saúde de seus integrantes é fundamental para um bom funcionamento e, portanto, para a sobrevivência.
Por outro lado, o fungo Metarhizium anisopliae alimenta-se dos nutrientes presentes nos organismos de insetos e, muitas vezes, acaba matando-os por conta disso, além de que seus esporos se alojam no exoesqueleto, onde desenvolvem-se originando as hifas.
Essa espécie de formiga também apresenta uma estratégia de proteção de seus semelhantes. Essa técnica é baseada numa forma de limpeza da formiga contaminada, infectando todos da colônia com uma pequena dose do fungo, gerando uma imunidade social.
Além dessa espécie o gênero Lasius sp. também apresenta uma espécie
com comportamentos de higiene, contra o mesmo fungo. Ao contrário da citada
acima, essa apresenta comportamentos mais próximos aos nossos. A espécie L. niger quando contaminada com os
esporos, passa por uma espécie de limpeza retirando esses esporos antes de
retornar à colônia, obtendo ajuda de outras formigas pra facilitar o processo.
Apesar das diferentes estratégias, o
objetivo dessas formigas é o mesmo que o nosso. Reduzir os danos da população,
adquirindo técnicas básicas como higiene e empatia.
Em relação ao isolamento social, pode-se observar que as condutas humanas no enfrentamento aos agentes patogênicos aparecem também em outras espécies, assim como as formigas, buscam esse isolamento para proteger a colônia em caso de alguma doença infecciosa. O foco também é a proteção dos indivíduos saudáveis das colônias, porém o que difere é que existe aqui o auto isolamento passivo, um pouco diferente do que ocorre em nosso país no momento atual. As formigas da espécie Lasius niger, evitam entrar no ninho quando estão infectadas pelo fungo, como dito anteriormente, e quando estão perto da morte, abandonam de vez o formigueiro, mostrando assim esse comportamento altruísta. Além disso, outro comportamento identificado por Stroeymeyte, diz respeito ao lockdown que pode ser observado nos ninhos e formigueiros, onde mesmo assintomáticas, ao saber que o ninho foi infectado, as formigas coletoras e as encarregadas de cuidar das crias se revezam e evitam a entrada no formigueiro, para evitar assim o contágio patogênico (EL PAÍS, 2021 ).
Foi visto em alguns estudos que determinados invertebrados expostos
a uma baixa dose de um patógeno tem a capacidade de se tornarem mais
resistentes caso forem novamente expostos a uma dose mais alta deste mesmo
patógeno. Esse mecanismo recebeu o nome de “priming imunológico”. Nesse mesmo estudo, realizou-se um
experimento com a formiga rainha da espécie Lasius
niger, sendo possível observar que as rainhas já acasaladas possuem mais
resistência imunológica aos patógenos em relação às rainhas virgens.
A prefeitura de Curitiba e seus agentes fiscais,
mas uma vez atuou sobre festas clandestinas e aglomerações no final de semana,
durante a pandemia, mesmo com os hospitais da Capital (referência em saúde)
lotados, e leitos para o covid com fila de espera para atendimento. Conforme a
notícia, foram encontradas mais de 300 pessoas concentradas no MOM, outro
ambiente com bares na cidade, além disso mostram a não utilização da máscara, e
consumo de bebida alcoólica após o horário de consumo decretado estabelecido.
Muitas abordagens foram realizadas a ponto dos órgãos adotarem outras
estratégias com o uso de megafone alertando sobre o contágio e sobre as formas
de proteção no decorrer da cidade (PARANÁ PORTAL, 2021).
Nós como futuros biólogos e psicóloga acreditamos que a observação das espécies para a compreensão de seus comportamentos, tem muito a nos oferecer, por isso a área da etologia se torna tão importante. Todas as espécies agem a fim de sobreviver às situações impostas a elas. Contudo o ser humano tem o estranho hábito de fazer exatamente o oposto, por teimosia, rebeldia ou simplesmente ignorância, como podemos observar pelos exemplos citados. A observação das atitudes de animais tão simples e pequenos aos nossos olhos nos mostra o quão complexos e inteligentes são, mesmo que por instinto. A atribuição de ações semelhantes como as das formigas que fazem isolamento social a fim de proteger os membros de suas colônias, deveria ser exatamente o que todos nós humanos deveríamos fazer em época de pandemia, agindo como elas de forma altruísta, evitando ao máximo o contágio de novos indivíduos. Assim como o citado isolamento passivo, onde cada indivíduo entende a situação e se isola voluntariamente, protegendo toda a colônia.
O
presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia, tendo como base as
obras:
BUCKHAM-BONNETT, Phillip; LEE,
Paul; ROBINSON, Elva JH. Identifying the
invasive garden ant (Lasius neglectus). Disponível
em: https://bwars.com/sites/www.bwars.com/files/info_sheets/L.neglectus_ID_sheet_v2.pdf.
Acesso em: 02.mar.2021.
COPERCHINI, F. et al. The
cytokine storm in COVID-19: An overview
of the involvement of the chemokine/chemokine-receptor system. Cytokine and
Growth Factor Reviews, v. 53, n. May, p. 25–32, 2020.Disponível em:
https://doi.org/10.1016/j.cytogfr.2020.05.003. Acesso em :17 abr . 2021
EL PAÍS. Formigas
também fazem ‘lockdown’ para proteger o formigueiro em suas epidemias. 2021.
Disponível em:
https://brasil.elpais.com/ciencia/2021-03-05/formigas-tambem-fazem-lockdown-para-proteger-o-formigueiro-em-suas-epidemias.html.
Acesso em: 17 abr. 2021.
GÁLVEZ, D., &
CHAPUISAT, M. Immune priming and
pathogen resistance in ant queens. Ecology
and Evolution, 4(10), 1761-1767.2014.
Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/ece3.1070.
Acesso em: 06. mai. 2021
G1. OMS reforça que
medidas de isolamento social são a melhor alternativa contra o coronavírus. 2020. Disponível
em:https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/03/30/oms-reforca-que-medidas-de-isolamento-social-sao-a-melhor-alternativa-contra-o-coronavirus.ghtml.
Acesso em: 06 mai.2021.
iNaturalist. Lasius neglectus. Disponível em: https://www.inaturalist.org/guide_taxa/555261.
Acesso em: 02.mar.2021
PARANÁ PORTAL, Prefeitura
de Curitiba verifica aglomerações no MON e Shopping Hauer; festa clandestina é encerrada.
2021. Disponível em:
https://paranaportal.uol.com.br/cidades/fiscalizacao-prefeitura-curitiba-mon-hauer-festa-clandestina/amp/.
Acesso em: 29 abr. 2021.
TRIBUNA. Vendedor
que brigou com passageiro em Curitiba por causa de máscara é excluído de instituição.
2020. Disponivel em:
https://tribunapr.uol.com.br/noticias/curitiba-regiao/vendedor-que-brigou-com-passageiro-em-curitiba-por-causa-de-mascara-e-excluido-de-instituicao/. Acesso em: 17 abr. 2021.
UFRGS. Estudo comprova a eficácia do uso de máscara e do
distanciamento social no combate à pandemia.
2020.Disponível
em:https://www.ufrgs.br/jornal/estudo-comprova-a-eficacia-do-uso-de-mascara-e-do-distanciamento-social-no-combate-a-pandemia/. Acesso em: 06 mai. 2021
UOL. Por que OMS agora recomenda uso de máscara
em público contra covid-19. 2020. Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/bbc/2020/06/06/por-que-oms-agora-recomenda-uso-de-mascara-em-publico-contra-covid-19.htm.
Acesso em: 06 mai. 2021.
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