sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Estudante recebe o primeiro título do Doutorado em Humanidades da PUCPR e UCM

Moçambicano é o primeiro doutor formado pelo programa de pós-graduação fruto da parceria entre o Brasil e o país africano



O Portal da PUCPR divulgou no dia 16/10/20



No último sábado (10), Trindade Chapare, estudante do Doutorado em Humanidades, defendeu sua tese de forma online e foi o primeiro a receber o título pelo programa, que é fruto de um acordo de cooperação entre a Pontifícia Universidade Católica do Paraná  (PUCPR) e a Universidade Católica de Moçambique (UCM).

A pesquisa de Chapare teve como tema  “A pertinência de políticas de proteção dos animais não-humanos em Moçambique: um estudo baseado na percepção de estudantes universitários sobre bens e serviços” e foi orientado pela professora Marta Luciane Fischer, do Programa de Pós-Graduação em Bioética da PUCPR.


Além do estudante e da professora orientadora, também acompanharam a banca virtual o professor da PUCPR Anor Sganzerla, coordenador do Doutorado em Humanidades, o diretor da UCM, Lino Marques Samuel, o professor Jelson Oliveira, do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da PUCPR (PPGF-PUCPR), e o bispo D. Luiz Fernando Lisboa, que é brasileiro mas atua em Moçambique.

Chapare fez parte da primeira turma do Doutorado em Humanidades da PUCPR e UCM, que começou em 2017. Segundo o professor Anor Sganzerla, Trindade é um pesquisador talentoso e a banca foi bastante satisfatória. “Nós gostamos bastante do resultado do trabalho”, comenta. Nos próximos meses, os colegas do mais novo doutor em Humanidades também devem fazer as defesas.

Doutorado em Humanidades em Moçambique

O Doutorado em Humanidades é fruto de um protocolo de cooperação acadêmica, científica e cultural firmado entre a PUCPR e a UCM em 2015. A primeira turma, da qual Trindade Chapare fez parte, começou dois anos depois, com 36 estudantes, na cidade de Quelimane, capital da Província da Zambézia (província é o nome dado àquilo que, no Brasil, denomina-se estado).

Liderado pelas Escolas de Educação e Humanidades e Ciências da Vida e coordenado pelo professor Anor Sganzerla, conta com a participação de 29 professores da PUCPR de quatro programas de pós-graduação da Universidade: Programa de Pós-Graduação em BioéticaPrograma de Pós-Graduação em Direitos Humanos e Políticas PúblicasPrograma de Pós-Graduação em Filosofia e Programa de Pós-Graduação em Teologia. Alguns dos docentes lecionaram presencialmente na Universidade Católica de Moçambique antes da declaração de pandemia.


A pertinência de políticas de proteção dos animais não-humanos em Moçambique: um estudo baseado  na percepção de estudantes universitários sobre bens e serviços

 

 

Trindade Filipe Chapare


RESUMO

A concepção moral tradicional situa o homem por cima de todos os outros seres vivos, estabelecendo assim uma ética totalmente antropocêntrica, na qual os animais somente podem chegar a ser considerados de forma instrumental. No mundo ocidental, essa tradição moral predomina há mais de dois mil anos. A pertinência de políticas de proteção dos animais não-humanos em Moçambique: um estudo baseado  na percepção de estudantes universitários sobre bens e serviços é o tema proposto para o presente estudo cuja contextualização da abordagem baseada na análise bibliográfica e entrevista, em termos gerais se circunscreve em analisar que deficiências na formação do universitário impedem sua consciência ecológica e motivam a violência contra animais não-humanos no que diz respeito aos princípios de bioética e em termos específicos procura  discutir a presença dos princípios bioéticos na formação dos universitários; apresentar a inserção social dos animais não-humanos em Moçambique numa perspectiva de consciência universitária; e descrever a percepção dos estudantes universitários sobre o uso de animais para diferentes finalidades (bens e serviços). Busca neste âmbito trazer um contributo na promoção do bem-estar animal. Em tempos actuais já não se pode olhar com passividade a crueldade imposta aos animais não-humanos. As insuficiências da legislação que regulamenta a vida selvagem são apenas uma parte do problema, já que mesmo a aplicação de penas relativamente leves tem sido inconsistente. Para além de uma legislação mais severa para travar de forma decisiva as práticas que atentam contra o bem-estar animal, são necessárias campanhas públicas de informação e consciencialização de grande visibilidade. O veganismo surge como um estilo de vida que busca excluir todas as formas de exploração dos animais – seja para alimentação, vestuário, diversão ou qualquer finalidade. Culturalmente, é ensinado que comer carne, leite e ovos é normal e necessário. A escravidão, por mais de 500 anos em Moçambique, também foi considerada normal e necessária, e isso mostra que a sociedade muda sua percepção da realidade ao longo do tempo. Não é porque todos fazem que está certo, e não é porque sempre foi feito de uma maneira que deve continuar assim. Do extremo onívoro ao extremo vegano, ambos podem ter bons ou maus hábitos. A intenção não é julgar o livre arbítrio de cada um, mas buscar alternativas capazes de causar menos sofrimento aos animais não humanos e reduzir o impacto ambiental. Assim, acredita-se que, com a mútua aplicação da Educação Ambiental e da Bioética Ambiental como ferramentas e fundamentos podem ajudar nesse processo.

Palavras-Chave: Animais não-humanos; Bioética; Bens e Serviços; Percepção de Estudantes.





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