Série Ensaios:
Sociobiologia
Por Emeli
Bail, Fernanda Fornerolli, Karin Wermeier e Natasha Kobai
Formandos em Ciêncais Biológicas
Em abril de 2019 foi marcada pela
publicação a primeira foto real de um buraco negro
pelo projeto EHT (Event Horizon Telescope), pela Fundação Nacional de Ciências
(NSF) e pelo European Southern Observatory (ESO). Um dos feitos mais
importantes da astrologia nos últimos tempos, ressaltando o trabalho de Katie Bouman, uma cientista de
computadores de 29 anos, Ph. D em Engenharia Elétrica e Ciência da Computação
no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) em 2007, foi responsável por
criar o algoritmo capaz de contabilizar todo o volume de dados obtidos pelos
telescópios e formar a imagem que foi apresentada. Após a divulgação da imagem
e do acontecimento nas mídias a cientista foi alvo de ataques machistas
na internet.
Nos ataques, os críticos disseram que a
cientista estava recebendo "muito crédito" pelo trabalho. Desde o
momento que passou a receber reconhecimento, Katie ressaltou que o trabalho era,
na realidade, de toda a equipe — ao todo, 200 cientistas participaram do
projeto, sendo 40 mulheres.
O conceito de Comportamento Social
descrito pelo psicólogo norte-americano Burrhus Frederic
Skinner nos diz que o comportamento de duas ou mais pessoas em
relação a uma terceira é determinado por estímulos ambientais. Por isso,
conhecer, mais a fundo, esta ideia nos ajuda a entender, com mais clareza, como
se dão as nossas relações interpessoais também no ambiente de trabalho. Sendo
importante para a formação de grupos, onde agrega-se uma diversidade de
indivíduos providos de uma visão de mundo e educação diferentes, mas que
possuem um valor em comum que nos une como um grupo, apresentando-se um
elemento agregador que faz com que o indivíduo se sinta bem ao se reconhecer
com o outro. Por sua vez, em cada grupo vai ser estabelecido regras, quanto
mais indivíduos participam desse grupo mais as regras vai se estabelecer
elevando seu nível de complexidade.
No que condiz aos condicionantes
sociais, as trajetórias diferenciadas de homens e mulheres ao longo da história
evolutiva de nossa espécie podem explicar as dessemelhanças de sexo observadas
em diversos âmbitos, inclusive no mercado de trabalho. Desde a mais remota antigüidade a mulher ocupou na
sociedade uma posição subalterna ou, no mínimo, subsidiária ou complementar
ao homem.Dentro deste contexto a mulher era apenas uma
peça a ser negociada para fechar o acordo, ela precisaria cumprir com os afazeres
do lar sendo uma boa esposa. Era também papel da mulher na antiguidade manter
uma boa imagem da sua família e esposo. Na história da ciência a participação
da mulher ficou marcada por ausências e presenças. Foi no início dos anos da Revolução Científica que as
mulheres começaram e envolver-se com
atividades científicas, tal como observando os céus através de
telescópios, analisando plantas e insetos e outros animais olhando no
microscópio, junto com seus pais, maridos ou filhos cientistas. Sobretudo a
institucionalização e profissionalização da ciência a separação entre público e
privado, com o desenvolvimento do capitalismo,
ficou-se restrito a participação da mulher, com exceções as mulheres não
puderam desenvolver pesquisas, nem mesmo
como auxiliares, já que eram impedidas de frequentar as instituições de ensino,
pois estavam destinadas as atividades e cuidados do lar, filhos e marido. Vale
destacar que as universidades, embora criadas no século XII, apenas no final do
século XIX e início do século XX é que passaram a admitir efetivamente as
mulheres em seus quadros de discentes e docentes.
Analisando o histórico das mulheres na
ciência, podemos ver que houve muitas contribuições para a ciência e
tecnologia, que foram descobertas e desenvolvidos por mulheres. Um exemplo mais
famoso que todos conhecemos é a Marie Curie (1867 – 1934) conhecida como a "Dama
da Radioatividade", pioneira em sua pesquisa sobre a radioatividade, pela
descoberta dos elementos Polônio e Rádio, além do mais ela conseguiu isolar os isótopos deste elemento. Sendo a
primeira mulher a ganhar um Nobel e a primeira pessoa a ser laureada duas vezes
com o prêmio: a primeira vez em Química, em 1903, e a segunda em física, em
1911. Além de Marie Curie, há muitas outras mulheres que tiveram
uma contribuição importante na ciência, por exemplo, Margaret Hamilton (1969)
ajudou a escrever o código de Software que permitiu com que o homem chega-se a
lua, comparando-se até mesmo com Katie Bouman.
Porém, um recente estudo da Unesco (2018),
mostra que as mulheres representam apenas 28% dos cientistas no mundo, e o
prêmio Nobel nas áreas de física, química ou medicina, já foi entregue a apenas
17 mulheres contra 572 homens. Essa disparidade não é ao acaso, isso se deve
por conta do impedimento de muitas meninas de se desenvolver por conta das
normas e expectativas sociais. Tanto a educação como a igualdade de gênero são
partes integrantes da agenda 2030 das ODS
que visa o desenvolvimento sustentável, e as mulheres e meninas são partes
fundamentais em tal desenvolvimento. É de extrema necessidade a luta contra os
obstáculos específicos que mantém as estudantes longe das áreas da ciência, e é
importante estimular e encorajar o desenvolvimento acadêmico feminino e acima
de tudo quebrar estereótipos que impedem as mulheres e meninas de terem carreira
científica.
Sob as
perspectivas dos condicionantes biológicos, as diferenças entre homens e
mulheres é um tema controverso na sociedade atual. Na década de 1990 era
difundida a ideia de que a mulher era inferior ao homem, por diversas razões,
desde a representação do corpo masculino como sendo “perfeito” e o feminino
caracterizado como uma “inversão”, até, explicações mais aprofundadas, como por
exemplo, a descrição de que o espermatozóide é uma organela mais ágil e forte e
o óvulo como sendo mais frágil e
passivo. A literatura aponta que a descoberta de substanciais diferenças entre
os sexos sugere que homens e mulheres possam ter interesses e habilidades
diferentes, independentemente de qualquer influência social. Umas das
principais diferenças entre homens e mulheres é encontrado na forma pela qual
utilizam o cérebro. Nos homens, predomina o uso do lado esquerdo, responsável
entre outras funções pelo raciocínio lógico. Já as mulheres usam tanto a porção
esquerda como a direita do cérebro, que deflagra os mecanismos da emoção. Elas
têm, por isso, uma relação mais emocionada com todas as formas da linguagem.
Diante disto, tanto homens quanto mulheres se utilizam dessas habilidades para
a escolha de suas profissões, assim mulheres tendem a ir em áreas como
psicologia, enfermagem entre outras áreas que favoreçam suas habilidades, a
mesma coisa com os homens escolhendo a área da engenharias e profissões que se
utilizam mais do raciocínio lógico. Esses pensamentos influenciam em toda a
história da mulher na sociedade e em sua luta pela igualdade na sociedade
atual, que ainda sofre com preconceitos e situações desagradáveis e até mesmo
de risco para a parcela feminina da sociedade.
Na etologia, assim como em nossa
sociedade, no reino animal também existem diferenças gritantes na anatomia e
fisiologia do corpo feminino para o masculino. O corpo feminino é
caracterizado por ser capaz de gerar uma vida dentro dele, sendo necessário
então, estruturas e hormônios diferenciados para o
desenvolvimento do embrião. Os papéis de machos e fêmeas em animais sociais na natureza não se diferem tanto quando
comparado com a espécie humana. De uma maneira geral na maioria das espécies, o
macho e a fêmea passam por um processo de reprodução onde, geralmente, é o
animal do sexo feminino que fica com a função de gestar, dar à luz e depois
cuidar de seus filhotes. Entretanto podem existir algumas exceções em que os machos assumem
completamente o papel da maternidade, tornando-se as verdadeiras mães da
relação e desempenhando um papel fundamental para a sobrevivência e
desenvolvimento dos seus bebês, um dos exemplos mais comuns por apresentar uma paternidade incomum são os cavalo-marinhos onde o macho é
que fica "grávido" e dão a luz a vários cavalinhos-marinhos, além
dos cavalos marinhos temos ainda algumas outras espécies onde há essa troca de
papéis. No reino animal em algumas espécies há as sociedades patriarcais que se
caracteriza por compor de um grupo no qual é liderado geralmente pelo "macho
alfa" , contudo como na natureza sempre há
exceções, temos determinadas espécies em que o grupo é liderada por fêmeas, a
chamada sociedade matriarcal, as
abelhas, por exemplo, a denominada abelha rainha, na qual lidera o seu exército
de operária. Em algumas espécies de mamíferos também há grupos sociais
liderados por fêmeas, por exemplo, as manadas de elefantes lideradas por
fêmeas, e apesar da
matriarca ser geralmente maior do que os outros (em tamanho), o que importa
mesmo é a sua experiência. Muitas vezes, na natureza, a hierarquia entre os
animais é estabelecida pela força.
Homens
|
Mulheres
|
Cromossomo y
|
Cromossomo x
|
Andrógeno
|
estrógeno
|
espermatozóide
|
Óvulo
|
Pênis
|
Vulva
|
Timbre grosso
|
Timbre fino
|
Menos gordura acumulada
|
Mais gordura acumulada
(quadril e barriga)
|
Músculos se desenvolvem
mais facilmente
|
Músculos se desenvolvem
com mais dificuldade
|
Maior quantidade de pelos
(facial e corporal)
|
Menor quantidade de pelos
(facial e corporal)
|
Fisionomia “dura”
|
Fisionomia “delicada”
|
No debate realizado em sala com
formandos de biologia se questionou o papel da mulher em cargos de poder, elas
não estão nos cargos de liderança por que elas não têm disposição? Ou por que
elas não querem? Será que a mulher se recusaria a aceitar cargos de poder por
ter de se dedicar muito a ele, uma vez que é um ambiente muito “hostil”,
havendo muita competitividade e exigindo um maior autocontrole, deixando em segundo plano sua dedicação a sua
família, o cuidado com os filhos e ao lar?. Dessa forma fazendo com que ela
aceite um emprego de menor status e poder para dar contra tanto de sua
dedicação ao trabalho quanto ao cuidado da família, filhos e o lar. Como
mencionado anteriormente a mulher por ter
esse lado mais da emoção, ela em um cargo de poder se desgastaria muito
emocionalmente devido a esse ambiente competitivo e hostil, na qual ela teria
que separar a parte emocional com a parte mais lógica e racional que de certa
maneira que é exigido na maioria dos cargos de liderança. Atualmente na nossa
sociedade a mulheres são a maioria dos universitários, porém ainda são os
homens que estão assumindo a liderança. Não é impossível uma mulher trabalhar
nessa parte mais técnica e engenharia, mas talvez seja necessário o
envolvimento de maior talento ou mais dedicação. Essas mulheres que vão para o
cargo de poder elas precisam “vestir” uma imagem de “atmosfera” masculina para
poder sustentar esse status, em um ambiente agressivo, de autocontrole e competitividade,
não expondo suas características femininas, por exemplo a presidenta Dilma
Roussef. No reino animal a fêmea pode assumir a liderança, há exemplos de
animais em a sociedade são matriarcas, ou seja, fêmeas que regem uma sociedade
inteira de animais e que da certo, mesmo desempenhando do jeito delas, se
diferenciando estruturalmente das sociedades patriarcais da mesma maneira
obtendo um sucesso, um bom exemplo disso é a sociedade matriarcal de bonobos. A
mentalidade machista mata, fere, humilha e reprime mulheres todos os dias, em
todos os cantos do mundo. E nós precisamos lutar diariamente contra esse tipo
de comportamento, mesmo quando ele se apresenta de forma sutil, disfarçado de
piada, de pequena censura. Mas não são só as mulheres que são vítimas do
machismo. Obviamente não estamos comparando dores, nem nivelando os potenciais
das agressões. As maiores vítimas do machismo sempre serão as mulheres. Mas
talvez esteja na hora de entendermos que a vida de todo mundo seria melhor sem
ele. Começa muito cedo, desde crianças os meninos aprendem que “menino não
chora”, por vezes quando eles deixam expressar suas emoções, no âmbito familiar
ou até mesmo na escola escutam a famosa frase: “vai ficar chorando que nem uma
menina?”. O machismo tenta enfiar as lágrimas de volta nos olhos dos meninos,
que já crescem com duas ideias erradas: a de que eles não podem ter
fragilidades e a de que toda menina é frágil por natureza. Os meninos são muitas
vezes induzidos a escolher brinquedos como: carrinhos, bolas, personagens de super-heróis,
entre outros; já as meninas são estimuladas a preferir brinquedos como:
bonecas, utensílios de cozinhas em miniaturas, etc. Uma menina jogando bola ou
brincando de carrinho pode até ser aceita (embora o mundo prefira vê-la com uma
cozinha de plástico cor de rosa), mas um menino com uma Barbie jamais passará
ileso. Portanto se torna inadmissível ver um menino com brinquedos de meninas,
esse, então será descriminado por boa parte da sociedade. Mais tarde são os
cursos universitários: nutrição? Enfermagem? Psicologia? Pedagogia? Design de
interiores? Gastronomia? O machismo está pronto para mandá-los para a
engenharia, para o direito e para administração de empresas. Essas atitudes nos
levam para o movimento feminista, que luta pela igualdade, não só das mulheres
para com os homens, mas também dos homens para com as mulheres, permitindo aos
gêneros a liberdade de escolha sem que haja julgamentos ofensivos e exclusões.
Portanto nós como estudantes de Biologia
acreditamos também que é de extrema necessidade a luta contra os obstáculos
específicos que mantém as estudantes longe das áreas da ciência, e é importante
estimular e encorajar o desenvolvimento acadêmico feminino e acima de tudo
quebrar estereótipos que impedem as mulheres e meninas de terem carreira
científica. Além disso acreditamos que no caso aqui abordado, se a mídia se
utiliza de um dos cientistas homens para lançar a matéria sobre a primeira
imagem do buraco negro, os internautas não teriam atacado, como o ocorrido com
Katie. O biológico feminino pode impor barreiras, mas isso não deve ser visto
como problema nem fazer com que as mulheres tenham papel se subordinação nas
sociedades.
O presente
ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia, tendo como base as obras....
NATIVIDADE, Jean Carlos; SILVANO, Maiala Bittencourt;
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Decifrar o código: Educação de meninas e mulheres em ciência, tecnologia,
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