Série Ensaios: Sociobiologia
Por Ana
Carolina Grabowski de Souza; Gabriel Felipe de Freitas; Juliane Lisboa
Scroccaro; Mariana Luísa Martines; Mariana Mota Nogueira da Costa; Milena do
Prado Portes; Millena Kwaczynski; Natália Janke
Maio de 2015. O
congolês Jeff Bobolibanda pousa no aeroporto de Guarulhos, fugindo da cadeia no
Congo, sem maiores expectativas, buscando apenas segurança e uma qualidade de
vida melhor. Sua vida e sua experiência como refugiado foram retratadas na
reportagem da BBC Brasil onde
Jeff conta que ainda tem planos de trazer a família (a esposa e os três mais
novos dos cinco filhos). Bobolibanda, assim como tantos outros, buscou o Brasil
para se abrigar dos perigos e “desafios” de seu país. Mesmo com diploma
universitário, algumas vezes até mais de um, esse grupo de pessoas é condenado a
viver em subempregos, quando empregados, raramente voltando a exercer suas
formações acadêmicas.

O condicionante
biológico pode ser identificado no fato do racismo sempre ter sido marcante na
história da sociedade. A ideia de raça, utilizada para justificar maus tratos e
massacres, era e às vezes ainda é claramente difundida entre as pessoas. Porém,
do ponto de vista genético, não existe de fato o conceito de raça humana. Estudos
realizados ao longo dos anos relevam que há mais diferenças entre dois
indivíduos quaisquer do que entre duas raças, e apenas o gene de alguém não é
suficiente para encaixá-lo em alguma. Hoje em dia, o racismo, além de crime, já
foi eliminado pela ciência. De acordo com estudos, não existem genes exclusivos
de uma população, nem grupos. Não
há dúvida que os genes não são suficientes para julgar alguém, e que
somos mais do que a cor da nossa pele.
Em relação ao
condicionante psicológico, os indivíduos possuem grupos de acordo com as
semelhanças de características (podendo ser elas físicas, ideológicas,
intelectuais e emocionais), de acordo com sua identificação. A própria divisão
em grupos já pode causar a estereotipação de outros grupos através da redução
deles à apenas uma característica e o preconceito surge por considerar outros
grupos como sendo inferiores ao de pertencimento dos indivíduos. Os indivíduos,
ao julgarem outros grupos como inferiores, atribuem a eles características negativas.
O congolês Jeff, por
exemplo, demorou meses até conseguir se reestabelecer em sua antiga profissão,
e foi ensinado que, por ser refugiado, não deveria receber salário todos os
meses, enquanto os brasileiros recebiam normalmente, fruto do preconceito e
rejeição imediata de muitos brasileiros. A CEO da empresa de investimentos onde
Jeff atualmente trabalha se chocou com a informação, ainda muito comum em
vários ambientes que escolhem (ou não) receber pessoas nessa condição como
empregadas.
Uma das maiores
dificuldades para refugiados, e até mesmo para brasileiros que se formam fora
do país, é a revalidação
do diploma. Esse ato continua sendo cheio de burocracias, mesmo com
as novas leis implantadas no país. O prazo para a revalidação leva em cerca de
180 dias para ser processado, conforme o Ministério da Educação. Em maio de
2016, o mesmo ministério aprovou uma resolução, onde todas as universidades
públicas do Brasil fariam o reconhecimento de diplomas de graduação, mestrado
ou doutorado expedido por universidades estrangeiras. Os valores são altos,
chegam até a 2000 reais (universidades estaduais em SP e RJ oferecem esse
serviço gratuitamente), além dos custos com traduções de diplomas e currículos,
o que torna essa opção inacessível para alguns dos refugiados.
Algumas empresas
e instituições já oferecem apoio e ajuda aos estrangeiros que buscam
se enquadrar novamente no mercado de trabalho. A ACNUR
(Agência da ONU para Refugiados), por exemplo, organizou um projeto chamado de
“Talentos Invisíveis”, onde refugiados tem a oportunidade de mostrar suas
formações acadêmicas e capacidades em vídeos.
A “Abraço
Cultural” promove cursos de cultura e idiomas em São Paulo e Rio de
Janeiro. O Instituto
ADUS de Reintegração também é destaque nesse ramo de ONGs.
Refugiados e imigrantes
tem uma história, uma vida que deixaram para trás, e querem a oportunidade de
recomeçar sua vida em melhores condições.
Nós, como futuros psicólogos,
acreditamos que acolhê-los e proporcionar a eles conforto e possibilidade de
adaptação é nossa obrigação e dever como cidadãos de um país miscigenado e
multicultural, que conta com todos para continuar progredindo passo a passo.
O presente ensaio foi
elaborado para disciplina de Etologia, tendo como base as obras:
ALCOCK, JOHN. Comportamento animal: UMA ABORDAGEM EVOLUTIVA. 9 ed.
Porto Alegre: ARTMED, 2011. 624 p.
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