segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Migração em massa, uma questão social ou biológica?



Série Ensaios: Sociobiologia

Por: Felipe Camarão Grott, João Henrique Rech, Larissa Kelity Santos, Paola Scremin, Tarsila Ruiz, Vanessa Obrzut.


Atualmente o planeta vive o drama dos refugiados, os quais diante de situações precárias de vida se engajam em jornadas para buscar ambiente mais favorável. Realmente não existe outra saída para estas pessoas que moram em regiões vulneráveis do nosso planeta, a não ser a movimentação em busca da sobrevivência. Um exemplo dessa situação é a crise econômica que atinge Honduras e juntamente com os altos índices de violência obrigam as pessoas a buscar condições melhores de vida.

Você já imaginou viajar sozinho na busca incessante por condições mais humanas e favoráveis a sua sobrevivência? Este é o caso do menino hondurenho chamado Mario. Com apenas 12 anos e sem ninguém de sua família junto, ele se desloca de Honduras para o México, numa jornada de aproximadamente dois mil quilômetros juntamente com um grupo de outras quatro mil pessoas. Este comportamento humano e com traços primitivos também pode ser encontrado em alguns animais, que se deslocam em busca de condições melhores de vida. Um exemplo são os gnus que todos os anos entre julho e agosto, meses de extrema seca, fazem a travessia entre Tanzânia e o Quênia, em busca de local seguro e favorável a sua sobrevivência, procurando restabelecer o seu estado de equilíbrio, a homeostase. Enfrentam nesta jornada rios infestados de crocodilo. Observando pelo viés etológico, o comportamento deste grupo de pessoas é próprio de quem está se sentindo ameaçado em sua sobrevivência, e procura fugir de uma situação, que claramente não é confortável.  Esta busca é uma forma de adaptar-se ao contexto externo e foi necessária devido à deterioração das condições econômicas e de segurança de seu país. Da mesma forma como algumas espécies de animais, os seres humanos tendem a formar grupos para potencializar suas chances de sobrevivência, quando pressentem que enfrentarão situações de perigo e com altas chances de mortalidade. Se Mario resolvesse empreender nesta jornada sozinho, com certeza suas chances seriam mínimas.
Entre os desafios enfrentados pelos hondurenhos na jornada até o México podemos encontrar situações de pânico, fome, exaustão e violência. Não há respeito quanto às regras mínimas de sobrevivência,  uma vez que falta os mais básicos dos suprimentos tais como comida e água.  Assim como os gnus, estas pessoas ficam vulneráveis a qualquer espécie de ameaça. Todas estas instabilidades de não saber ao certo quando irá retornar ao seu estado de equilíbrio natural fomenta o grau de exaustão psíquica, física e emocional.
Sentir medo devido aos altos índices de violência provoca sensações que induzem os hondurenhos a buscar outros ares. Este ambiente desfavorável que os faz ficar exposto à violência e a precariedade provoca em seu organismo o impulso de busca por um ambiente mais confortável e seguro.
A motivação para deixar seu país de origem é justamente à busca de uma qualidade de vida melhor, com menos violência e outros fatores de ameaça durante a travessia, o que eles estão procurando evitar é potencializado em razão da insegurança, desestabilidade, e de nenhuma garantia de que vão conseguir chegar ao seu destino.  Experiências vividas em Honduras, que os fizeram fugir, e as enfrentadas durante a travessia podem gerar constantes sensações ruins que acabam por manter a sua motivação e resiliência para continuar a jornada.
Como condicionante biológico pode destacar a liberação de adrenalina no sangue. Esse hormônio age sempre que o ser humano precisa realizar uma tarefa fora do comum, que exige mais rapidez, velocidade, reflexo, etc. No caso de Mario, esse hormônio agiu quando ele precisou se deslocar de seu habitat natural para ir à busca de melhores condições de vida.
Como condicionante etológico podemos destacar a semelhança entre o comportamento humano e o comportamento animal quando precisam fugir de um estado de perigo que ameaça sua existência. A história mostra como nossos ancestrais adquiriram técnicas de sobrevivência em que sempre que uma situação ameaçasse sua sobrevivência, ele iria à busca de melhores condições de vida em outro lugar, assim como Mario fez e como os gnus fazem entre julho e agosto, meses de extrema seca.
Como condicionante psicológico podemos destacar que pelo que as condições de seu país estavam indicando, seria necessário que ele fosse embora. Ele provavelmente deve ter percebido essa mesma reação em outras pessoas, o que fez com que ele agisse da mesma forma.
Nós, como futuros psicólogos acreditamos que, nas condições etológicas e biológicas nas quais as pessoas se encontram presentes na imigração em massa para o México, tendo como objetivo buscar melhores condições, suprindo necessidades básicas como alimentação e proteção, também se encaixando na analise psicológica, como a necessidade da liberação saudável do sentimento de medo no cotidiano.
Como conseqüência da crise dos refugiados, a atitude tomada por Donald Trump de oferecer tropas para a proteção da fronteira do México se assemelha ao comportamento do Carcharodon carcharias Lineu, o qual é conhecido por seus hábitos territorialistas usando de sua agressividade para preservar seu habitat .

O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia baseando nas obras:

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