Série Ensaios: Sociobiologia
Por: Felipe Camarão Grott, João Henrique Rech, Larissa
Kelity Santos, Paola Scremin, Tarsila Ruiz, Vanessa Obrzut.
Atualmente o planeta vive o drama dos
refugiados, os quais diante de situações precárias de vida se engajam em
jornadas para buscar ambiente mais favorável. Realmente não existe outra saída
para estas pessoas que moram em regiões vulneráveis do nosso planeta, a não ser
a movimentação em busca da sobrevivência. Um exemplo dessa situação é a crise
econômica que atinge Honduras
e juntamente com os altos índices de violência obrigam as pessoas a buscar condições
melhores de vida.
Você já imaginou viajar
sozinho na busca incessante por condições mais humanas e favoráveis a sua
sobrevivência? Este é o caso do menino hondurenho chamado Mario.
Com apenas 12 anos e sem ninguém de sua família junto, ele se desloca de
Honduras para o México, numa jornada de aproximadamente dois mil quilômetros
juntamente com um grupo de outras quatro mil pessoas. Este comportamento humano
e com traços primitivos também pode ser encontrado em alguns animais, que se
deslocam em busca de condições melhores de vida. Um exemplo são os gnus
que todos os anos entre julho e agosto, meses de extrema seca, fazem a
travessia entre Tanzânia e o Quênia, em busca de local seguro e favorável a sua
sobrevivência, procurando restabelecer o seu estado de equilíbrio, a homeostase.
Enfrentam nesta jornada rios infestados de crocodilo. Observando pelo viés
etológico, o comportamento deste grupo de pessoas é próprio de quem está se
sentindo ameaçado em sua sobrevivência, e procura fugir de uma situação, que
claramente não é confortável. Esta busca
é uma forma de adaptar-se ao contexto externo e foi necessária devido à
deterioração das condições econômicas e de segurança de seu país. Da mesma
forma como algumas espécies de animais, os seres humanos tendem a formar grupos
para potencializar suas chances de sobrevivência, quando pressentem que
enfrentarão situações de perigo e com altas chances de mortalidade. Se Mario
resolvesse empreender nesta jornada sozinho, com certeza suas chances seriam
mínimas.
Entre os desafios
enfrentados pelos hondurenhos na jornada até o México podemos encontrar situações
de pânico, fome, exaustão e violência. Não há respeito quanto às regras
mínimas de sobrevivência, uma
vez que falta os mais básicos dos suprimentos tais como comida e água. Assim como os gnus,
estas pessoas ficam vulneráveis a
qualquer espécie de ameaça. Todas estas instabilidades de não saber ao certo
quando irá retornar ao seu estado de equilíbrio natural fomenta o grau de
exaustão psíquica, física e emocional.
Sentir medo
devido aos altos índices de violência provoca sensações que induzem os
hondurenhos a buscar outros ares. Este ambiente desfavorável que os faz ficar
exposto à violência e a precariedade provoca em seu organismo o impulso de
busca por um ambiente mais confortável e seguro.
A motivação para deixar
seu país de origem é justamente à busca de uma qualidade de vida melhor, com
menos violência e outros fatores de ameaça durante a travessia, o que eles
estão procurando evitar é potencializado em razão da insegurança,
desestabilidade, e de nenhuma garantia de que vão conseguir chegar ao seu
destino. Experiências vividas em
Honduras, que os fizeram fugir, e as enfrentadas durante a travessia podem gerar
constantes sensações ruins que acabam por manter a sua motivação e resiliência
para continuar a jornada.
Como condicionante
biológico pode destacar a liberação de adrenalina no sangue. Esse hormônio age
sempre que o ser humano precisa realizar uma tarefa fora do comum, que exige
mais rapidez, velocidade, reflexo, etc. No caso de Mario, esse hormônio agiu
quando ele precisou se deslocar de seu habitat natural para ir à busca de
melhores condições de vida.
Como condicionante etológico
podemos destacar a semelhança entre o comportamento humano e o comportamento
animal quando precisam fugir de um estado de perigo que ameaça sua existência.
A história mostra como nossos ancestrais adquiriram técnicas de sobrevivência
em que sempre que uma situação ameaçasse sua sobrevivência, ele iria à busca de
melhores condições de vida em outro lugar, assim como Mario fez e como os gnus
fazem entre julho e agosto, meses de extrema seca.
Como condicionante
psicológico podemos destacar que pelo que as condições de seu país estavam
indicando, seria necessário que ele fosse embora. Ele provavelmente deve ter
percebido essa mesma reação em outras pessoas, o que fez com que ele agisse da
mesma forma.
Nós, como futuros
psicólogos acreditamos que, nas condições etológicas e biológicas nas quais as
pessoas se encontram presentes na imigração em massa para o México, tendo como
objetivo buscar melhores condições, suprindo necessidades básicas como
alimentação e proteção, também se encaixando na analise psicológica, como a
necessidade da liberação saudável do sentimento de medo no cotidiano.
Como conseqüência da
crise dos refugiados, a atitude tomada por Donald Trump de oferecer tropas para
a proteção da fronteira do México se assemelha ao comportamento do Carcharodon carcharias Lineu, o qual é conhecido por
seus hábitos territorialistas usando de sua agressividade para preservar seu
habitat .
O presente ensaio foi elaborado para disciplina
de Etologia baseando nas obras:
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