Ensaios:
Sociobiologia
Por Alfrania Aparecida Mendes; Amanda Battaglin Cranciainov;
Gabriela Stocco Renisz;
Gabriel Eduardo Dias; Herick Oliveira Camargo; Isadora Barbosa Magalhães
Mendes; Maria Augustta Pacheco de Carvalho Guarenghi; Rafaela Claro de Farias;
Rafael Valério de Almeida
Estudantes de Psicologia
Conforme relatório das Nações Unidas, em
2013, o número de imigrantes no mundo superou os 230 milhões, locais como Estados
Unidos, Europa Ocidental e Estados do Golfo Pérsico são os mais procurados. No
entanto, o Departamento de Economia e Assuntos Sociais da ONU
afirma que os registros de imigração em países pobres não tem tido um grande
acréscimo. No relatório consta que cerca de 90% dos refugiados que existem no
mundo estão nas nações mais pobres, o que demonstra que os imigrantes de maior
necessidade estão sendo direcionados a países com menor estrutura e condições
para receber a população carente. Com isso, há também um aumento da propagação
de ideologias que pregam que imigrantes deixem o país, apoiados pela população
de países como França, na Espanha e nos Estados Unidos. Essa crise de imigração
faz com que os países mais ricos, os quais tem maior fluxo de imigrantes,
proponham e pratiquem leis mais rígidas contra a entrada de estrangeiros no
país e a liberação de dupla cidadania para eles.
Conforme
o aspecto biológico é evidente que o
animal, no caso o ser humano, busque estar em um ambiente que dê condições de
sobrevivência favoráveis às suas necessidades básicas, buscando um ambiente que
proporcione saúde física e psíquica em relação a tratamentos de doenças,
alimento em quantidade abundante e disponível para seu consumo, segurança tanto
em relação a um ambiente seguro e protegido de catástrofes naturais quanto à
integridade física em relação às diversas formas de violência praticadas dentro
de uma sociedade, um local que dê oportunidade de um desenvolvimento saudável
para seus descendentes e para o período de gestação da mulher, pois estas são
necessidades fisiológicas que precisam ser supridas para o bom funcionamento do
corpo animal e para sua sobrevivência.
Pela
perspectiva etológica e evolutiva
percebemos que as sociedades
primitivas eram nômades e deslocam-se para procurar melhores
condições de vida, pois os recursos locais eram limitados e ainda não havia a
agricultura para fixar em um local a produção de alimentos, eram sociedades
onde não havia expressividade de desigualdades sociais, pois não acumulavam
coisas já que adquiriam apenas aquilo que era necessitar para sua
sobrevivência. Muitos animais se deslocam para procriar ou para encontrar
alimentos, alguns, como os ursos, migram para hibernar,
já as aves
de rapina migram durante o inverno para buscar novas fontes de
alimento, outros devido a condições do ambiente, como calor, frio, excesso de
chuvas ou secas, é uma característica comum em várias sociedades de animais e
que inclusive já foi estudada
por biólogos e etólogos. A imigração sempre foi um processo natural
na busca por boas condições de vida. Os seres humanos não agem de forma
exclusivamente biológica em relação a recursos escassos, como ocorre em outros
animais como os ratos,
por exemplo, cujo aumento populacional tende a diminuir os recursos disponíveis.
O ser humano possui uma inata capacidade criativa empreendedora, então, o
aumento no número de pessoas não causa efetivamente efeitos diretos em sua
sobrevivência, permitindo, em um ambiente dinâmico, um crescimento das
descobertas e da exploração de novas oportunidades capazes de melhorar o padrão
de vida de todos os indivíduos em todos os aspectos.
Nos
dias atuais, essa busca por melhores condições tem tomado proporções
gigantescas na questão da imigração, percebemos uma forte influência da questão
social e psicológica que aborda o “status”
e a divulgação constante de informações privilegiando países
Europeus e da América do Norte afeta diretamente na desvalorização
do país de origem e na supervalorização destas culturas de países mais ricos,
dando a impressão de que tentar uma vida fora é muito mais valoroso do que
superar os empecilhos dos desequilíbrios econômicos e sociais do próprio país. Crises
econômicas como a vivida de 2014 a 2017 no Brasil agravam ainda mais
esta visão de que tentar uma nova nacionalidade é algo favorável. Porém, o fato
de uma grande parcela de imigrantes em países ricos serem imigrantes
voluntários e não refugiados que foram obrigados a sair de seus países pode
estar prejudicando aqueles que precisam deste auxílio. Ao buscar uma nova
nacionalidade em um país mais rico, o indivíduo que está se deslocando por
questões de busca por maiores rendas e por morar em uma localidade mais rica e
bem falada está tirando o lugar de um imigrante que pede refúgio no país. As
leis tem se intensificado cada vez mais e distanciado países de acordos internacionais
em favor da imigração, como a saída do Reino
Unido da União Europeia e a lei de “tolerância
zero” concretizada pelo governo do presidente Trump, nos Estados
Unidos no ano de 2018.
Os
países que recebem imigrantes argumentam que existe o medo de que possíveis
criminosos e terroristas
entrem no país e consigam a dupla cidadania, o que já ocorreu em
anos anteriores, também cita a escassez de empregos, já que o aumento da
população gera um aumento do fluxo de desempregados e a necessidade de aumentar
a infraestrutura no local para poder receber os indivíduos sob sua tutela sem
fazer com que eles se submetam a condições de subsistência. E pelo lado dos
imigrantes existem os argumentos de que os empregadores locais se beneficiariam
com a maior variedade de mão de obra disponível, que muitas vezes é uma mão de
obra qualificada com formação em outros países, também influenciam na
diminuição de preconceitos e contribuem com a diversificação
cultural ao trazer seus costumes de origem para o novo país. Em um pedido
de união e comprometimento aos Estados-Membros da ONU,
o plano de Desenvolvimento Sustentável prevê que a migração bem administrada beneficiará
migrantes, suas famílias e também os países de origem e destino, disse o
vice-secretário-geral das Nações Unidas, Jan Eliasson.
Como
futuros psicólogos temos a visão de que a imigração é uma força transformadora,
que produz mudanças profundas tanto na sociedade de origem quanto na de
acolhimento. Existem razões a argumentos de ambos os lados e, é muito
importante encontrar o meio termo para um bom funcionamento da sociedade como
um todo. É essencial entendermos as origens das obrigações e a forma de agir,
priorizando os que tem maiores necessidades, ou seja, analisar cada situação e
sua singularidade para agir corretamente de acordo com as condições que sejam mais
favoráveis a todos. Como diz o coordenador do Relatório de Desenvolvimento
Humano (Pnud)
de 2009, no Brasil, Flávio Comim, “A
motivação das pessoas não vai deixar de existir enquanto você tiver
diferenciais de qualidade de vida. A questão é que elas podem continuar se
movimentando em condições humanas ou subumanas.”.
O presente ensaio foi
elaborado para disciplina de Etologia tendo como base as obras:
PRESE, F. ONU: número de imigrantes atinge 232
milhões em 2013, um novo recorde, 2013. Disponível em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/09/onu-numero-de-imigrantes-atinge-232-milhoes-em-2013-um-novo-recorde.html
O GLOBO, sessão de
Economia. Migração para países ricos
traz melhorias de vida, mostra relatório da ONU, 2011. Disponível em: https://oglobo.globo.com/economia/migracao-para-paises-ricos-traz-melhorias-de-vida-mostra-relatorio-da-onu-3165716
SAÇASHIMA, E. Crise econômica leva a aumento de legislação
e manifestações anti-imigrantes na Europa, 2009. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2009/04/13/ult1859u830.jhtm
POLON, L. Nomadismo: Estes povos não acumulam bens
materiais para além daquilo que necessitam para sobreviver. Disponível em: https://www.estudopratico.com.br/nomadismo-o-que-e-historia-e-consequencias/
DIAS, S. e GONÇALVES,
A. “Migração e Saúde”, In: Revista
Migrações - Número Temático Imigração e Saúde, Setembro 2007, n.º 1,
Lisboa: ACIDI, p.15-26. Disponível em: http://www.uc.pt/fluc/gigs/GeoHealthS/doc_apoio/migracoes_e_saude.pdf
ONUBR, site das
Nações Unidas do Brasil. ONU:
‘Precisamos reconhecer que migrantes e refugiados contribuem para sociedades’,
2017. Disponível em: https://nacoesunidas.org/onu-precisamos-reconhecer-que-migrantes-e-refugiados-contribuem-sociedades/
DE SOTO, Jesús
Huerta. Uma teoria libertária sobre a
livre imigração. 2017. Disponível em: https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2183.
Parabens pelo Blog e pelo conteudo!
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