domingo, 4 de junho de 2017

O prazer em troca de uma vida


Série: Ética no Uso de animais e Bem-Estar Animal

Por Francielly Ferreira dos Santos

Acadêmica do curso de Conservação da Natureza e Educação Ambiental






Em julho de 2015, a Revista Exame publicou em seu site uma notícia sobre um assunto polêmico que dominou os telejornais em todo o mundo e mobilizou milhares de pessoas a respeito da caça de um leão, realizada na África. Um caçador americano, Walter Palmer, foi responsável pela morte do Leão Cecil, que vivia no Parque Nacional de Hwange (Zimbábue). Por treze anos ele vinha sendo monitorado por estudantes da faculdade de Oxford para um estudo sobre a conservação de leões na África. O caçador atraiu o leão para fora do parque, através de um animal morto que ele amarrou atrás do carro com a ajuda de mais dois homens, cerca de meio quilômetro de distância e com uma arma de flechas disparou contra o animal. Por 40 horas, o leão ficou agonizando e finalmente foi morto com uma arma de fogo. Foi encontrado sem a cabeça e a pele. O caçador já havia caçado grandes animais e sempre exibia suas cabeças e carcaças. Depois de julgado, o caçador foi absolvido por falta de provas e dois representantes do parque alegaram ter recebido pela caça do Cecil, tornando, assim, a caça legalizada.

Criada como uma atividade de subsistência, a caça era utilizada na pré-história como ferramenta única em busca de alimentos. O homem caçava com armas primitivas como pedras e flechas, para consumo imediato e não para abastecimento do mercado global. O avanço do comércio atingiu diretamente os animais, pois estes foram transformados em moeda de troca, baseados nos itens que possuíam: chifres, pele, barbatanas, óleo, entre outros. Com o desenvolvimento da agricultura, da pecuária e da vida urbana, a prática da caça também se tornou uma atividade de lazer, conhecida como caça esportiva. Essa atividade é praticada em diversos lugares da América do Norte e na Europa e geralmente é administrada pelo governo. Na África, há reservas próprias para a caça, e segundo dados estatísticos, esta prática desembolsa mais de 200 milhões de dólares pelas licenças que os caçadores pagam pelos animais.

Os defensores da caça esportiva alegam que ela é importante para a conservação da espécie, visto que um pequeno número de indivíduos é caçado e normalmente estes não são férteis ou saudáveis, dessa maneira a caça contribui para o controle da população. Os críticos dizem que tal prática causa a extinção de espécies e supri apenas a necessidade do homem e não do animal. Levando em consideração que o animal não escolhe morrer.

A ética entra no momento em que discutimos o ato de dar valor a uma vida, seja ela humana ou animal. Os humanos rotulam-se superiores e racionais, e fazem o que julgam necessário para conquistar o que desejam. A caça esportiva é destinada para pessoas que gostam de caçar, possuem muito dinheiro para comprar a vida desses animais e o governo disponibiliza esses lugares legalizados em busca do retorno financeiro que movimenta a economia. O maior prejudicado disso tudo é sem dúvida o animal, que paga com a vida. Por não falarem, e suas expressões não serem suficientes, os animais ainda não são capazes de exigirem seus direitos. São a todo tempo manipulados por nós humanos e dependem das pessoas que defendem seu lado para serem tratados com o mínimo de respeito.

Eu, como futura conservacionista e educadora ambiental acredito que a caça esportiva não irá acabar a curto ou médio prazo. Principalmente pelo retorno financeiro que esta atividade traz para a economia mundial. Já que é julgada necessária, é importante que haja um controle, disponibilizando armamento que não cause dor e sofrimento ao animal. A educação ambiental pode ser uma ferramenta essencial nessas reservas que apoiam a caça, através da instrução aos caçadores profissionais sobre a importância das espécies da fauna local. Essa educação pode ser dada através de trilhas monitoradas em que os caçadores possam observar os animais no cativeiro e entenderem a necessidade de respeita-los. É necessária uma conscientização pessoal para que esta prática não se torne um vício, mas que o dinheiro arrecadado através da licença para caçar seja voltado para as espécies e contribua para a conservação da natureza. Além disso, a correta aplicação de uma gestão ambiental através da regulamentação e fiscalização pelos órgãos públicos, a caça pode contribuir para o desenvolvimento sustentável de reservas ambientais e controlar a população de diversas espécies de animais.
A caça fotográfica é uma alternativa à caça esportiva, que ao invés de utilizar de armamentos e causar danos ao animal, o caçador captura belas imagens de fauna com o auxílio de uma câmara fotográfica. Esta prática exige bom senso e preocupação ética, servindo como um incentivo às pessoas que gostam de estar em contato com a natureza e que se preocupam em diminuir o impacto que a natureza vem sofrendo com as ações antrópicas.


Esse ensaio foi elaborado para a disciplina de Ética no uso de animais e Bem-Estar animal tendo como base as obras:

Disponível em: . Acesso em 18 de maio de 2017.

Disponível em: Acesso em: 18 de maio de 2017 às 10:53.

Referência da imagem do leão: . Acesso em 18 de maio de 2017 às 13:42.

Disponível em: . Acesso em 18 de maio de 2017 às 13:47.

Disponível em: < http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/northamerica/usa/11806856/walter-palmer-cecil-the-lion-killer-first-pictures.html>. Acesso em 18 de maio de 2017 às 14:09.

Disponível em: . Acesso em 19 de maio de 2017 às 08:14.

Disponível em: http://www.cairu.org/esportes/caca-esportiva-e-uma-atividade-nobre/>. Acesso em 19 de maio de 2017 às 08:22.

Disponível em: . Acesso em 01 de junho de 2017 às 14:52.

Disponível em: . Acesso em 24 de maio de 2017 às 22:33.

Disponível em: . Acesso em 24 de maio de 2017 às 22:39.

Disponível em: . Acesso em 24 de maio de 2017 às 22:48.

Disponível em: . Acesso em 02 de junho de 2017 às 14:32.

Disponível em: <https://www.google.com.br/amp/super.abril.com.br/ciencia/cacar-para-proteger/amp/>. Acesso em 03 de junho de 2017 às 02:39.

Disponível em: . Acesso em 03 de junho de junho de 2017 às 02:57.

Disponível em: . Acesso em 03 de junho de 2017 às 02:59.




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