Série Ensaios: Sociobiologia
Por
Amanda Barbosa, Amanda P. Agostinho,
Eliane Camargo, Jacqueline O. Negretti, Marina Kobai e Talita Moreira
Acadêmicas
do Curso de Biologia
No Estado do Mato Grosso, um caso de
transexualidade chamou a atenção de todo o país ao receber cobertura em
diversos canais televisivos: um menino de nove anos de idade que recebeu
autorização da justiça para ter seu gênero alterado em seus documentos, de
masculino para feminino e criado, por sua mãe, como uma menina, até que atinja
idade suficiente para realização dos procedimentos de mudança de sexo (veja
aqui). No mundo das celebridades um caso parecido e que ganhou repercussão
foi o caso da filha de Angelina Jolie
com Brad Pitt que se identifica com um menino.
Esse caso chamou a atenção para questões
que veem hoje sendo debatidas com extremo furor por grupos da sociedade, tanto
aqueles que defendem, quanto aqueles que se posicionam contra: a homossexualidadee a transexualidade. A primeira
sendo, basicamente, uma situação em que o indivíduo sente atração por
indivíduos do mesmo sexo, ao contrário da heterossexualidade; e a segunda, classificada
comoTranstorno de
identidade de gênero (TIG) ou Disforia de gênero, uma situação em
que o indivíduo sente desconforto com seu gênero biológico e se identifica como
alguém do gênero oposto, e sendo que tal situação ocorre, na maioria dos casos,
ainda na infância. Tais indivíduos podem ser de orientação heterossexual,
homossexual ou bissexual.
A homossexualidade e a transexualidade remontam
a diversos períodos
históricos,
porém a transexualidade foi diagnosticada pela medicina apenas recentemente, a partir
dos anos 20, quando apareceram os primeiros casos de cirurgia de mudança de sexo
relacionado
ao hermafroditismo como forma de se adequar ao “sexo verdadeiro”(Dias
&Zenevich,2014).
Atualmente os transexuais sofrem inúmeros desconfortos em relação a sua
condição quando não expressadas como tais e estas trazem a eles diversas
dificuldades em se adaptar a uma sociedade ainda de visão fechada sobre a
diversidade biológica que acomete os seres humanos. É nítida a dificuldade de
adaptação dos transexuais a sociedade moderna que impõe normas e regras
padronizadas ao sexo de uma pessoa, considerando que deva ser masculino ou
feminino, porém com os avanços na área da psicologia a
identificação
de um transgênero pode ser identificada já na infância a fim de minimizar o
sofrimento futuro desta pessoa.
A infância é um momento em
que a criança deve estar livre de preocupações cujos principais direitos são de
brincar, aprender, ler e se divertir, porém quando abordada, a transexualidade
se torna algo delicado e que muitas vezes é encoberta devido à falta de preparo
e informação dos próprios pais (Rodrigues
&Barros, 2016).
No caso da criança transexual citada os pais devem analisar com muita
delicadeza, pois uma decisão na infância pode gerar conflitos desconhecidos e
até perturbadores na adolescência e vida adulta.Também deve-se levar em
consideração nesta discussão, as preocupantes taxas de suicídio e tentativas de
suicídio entre os transexuais. Apenas no Brasil, 85% dos homens transgênero já
tentaram suicídio, enquanto nos Estados Unidos 41% das pessoas transexuais já
tentaram tirar sua própria vida.
A ciência busca explicações para o que
possivelmente levaria um indivíduo a expressar um comportamento homossexual ou
transexual. Uma das explicações está fundamentada na epigenética, na qual foram identificados
genes que estariam ligados
à sensibilidade hormonal à testosterona. Estes marcadores
podem ser ativados ou desativados, e isto ocorreria ainda nos gametas (óvulo,
espermatozoide), de modo que a maior ou menor sensibilidade à testosterona é
herdada, criando situações em que haja meninas com uma maior sensibilidade a
testosterona e, consequentemente, possuem um cérebro mais masculinizado.
Enquanto que em situações em que meninos possuam uma menor sensibilidade a
testosterona, levaria ao desenvolvimento de um cérebro mais afeminado. Isso,
consequentemente, resultaria em tais indivíduos à atração homossexual ou a
identificação como um transgênero. Há também casos de homossexualidade e
transexualidade ligados a violência sexual, principalmente por abuso sexual infantil.Portanto, é
delicado falar sobre homossexualidade, quando há fatores biológicos e
psicológicos envolvidos.
No reino animal não é difícil identificar
espécies de animais que possuem diferenças dentro de um mesmo sexo, estas podem
ser vistas como estratégias para combate
populacional quando uma população de uma espécie esta sobrecarregada fazendo
assim que seus membros de mesmo sexo se relacionem entre si para evitar um
aumento maior da população. Existem estratégias que favorecem o status do animal como no caso dos
primatas Bonobos que se relacionam
entre machos, e existem também fêmeas de albatrozes que se unem para
cuidar de um ovo e garantir comida para ambas.
Dentro destas varias espécies
que praticam a homossexualidade temos um caso de carneiros domesticados que
se relacionam entre machos mesmo tendo fêmeas disponíveis para o acasalamento.
Esse caso está sendo estudado pelos cientistas como um dos casos mais puros de
homossexualismo no reino animal. Os pesquisadores descobriram quer existem
diferenças em tamanhos de uma área do hipotálamo chamada de área preóptica destes
animais entre os considerados heterossexuais que copulam só com fêmeas que
possuem um tamanho maior e os homossexuais que copulam com outros machos
possuindo um cérebro menor. Esta diferença comportamental vista nesses
carneiros são de extrema importância para o controle populacional da espécie
favorecendo assim um número controlado de indivíduos e garantindo uma melhor disposição
de alimento para todos.
Nós como formandasde Biologia acreditamos
que não há apenas um modo de expressar sentimentos, preferências e modo de ser.
Há toda uma gama de formas de se viver, e devemos ao menos respeitá-las, tendo sempre
em mente a importância dessas diferenças em nossa formação como grupo, pois
padrões comportamentais diferenciados nos garantem papéis diferentes exercidos
em sociedade, o que, consequentemente, garantiu toda a nossa sobrevivência como
espécie. Porém, temos sempre que ter certo cuidado ao lidar com casos
delicados, como a transexualidade, para evitar atitudes precipitadas e
consequências futuras.
O presente ensaio
foi elaborado para a disciplina de Etologia, tomando como base as seguintes
fontes:
http://ponto-t-transexualidade.blogspot.com.br/2012/07/transexualidade-disforia-de-genero.html
http://www.news-medical.net/health/Symptoms-of-Gender-Dysphoria-(Portuguese).aspx
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/o-que-e-epigenetica/53171
http://www.oncoguia.org.br/conteudo/o-que-sao-genes/8159/73/
https://www.natue.com.br/natuelife/o-que-e-testosterona.html
http://www.cesumar.br/prppge/pesquisa/epcc2011/anais/camila_cortellete_pereira_silva.pdf
https://noticias.uol.com.br/inter/reuters/2002/11/04/ult27u28226.jhtm
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/02/150211_vert_earth_animais_homossexuais_ml
http://hypescience.com/10-animais-que-praticam-a-homossexualidade/
http://observador.pt/especiais/criancas-transgenero-manual-de-instrucoes-para-pais-confusos/
http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ged/article/view/20049
https://periodicos.ufrn.br/bagoas/article/view/11456/8066
http://www.nlucon.com/2016/04/suicidio-entre-populacao-trans-e-tema.html
https://ipco.org.br/ipco/o-alto-indice-de-suicidio-entre-os-transexuais/#.WS9VXpLyu1s
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