Espiritualidade e cura, você crê?

Por: Arthur Ishikawa, Felipe Giese, Kathleen Cardoso, Marielle Cerqueira e Priscila Komirchuk
Acadêmicos do Curso de Ciências Biológicas

Recentemente tivemos a notícia de um garoto que caiu de uma janela de 6,5 metros do chão e teve perda de massa encefálica assim como traumas severos no cérebro. O prognóstico era devastador: poucas chances de sobrevivência e, caso escapasse da morte, uma vida com deficiências mentais ou até mesmo em estado vegetativo. Baptista pai do menino contou que ele, sua esposa e freiras carmelitas brasileiras rezaram aos Pastorinhos de Fátima e, seis dias depois, os médicos removeram os tubos de seu filho. Em consequência disso os Pastorinhos de Fátima foram canonizados na igreja Católica pelo Papa Francisco.
Para falar de espiritualidade primeiro precisamos entender alguns outros conceitos importantes. Comportamento social são estruturas de comunicação que ocorrem em indivíduos da mesma espécie, isso desencadeia atos como agressão e altruísmo. Em seres humanos o comportamento social é muito desenvolvido, o que desencadeou em ramificações criando subgrupos, isso ajudou no desenvolvimento e complexidade na comunicação verbal e escrita, importante ressaltar que faz parte de uma estratégia de sobrevivência, logo depende das demandas ambientais. A Formação de grupos é definido como sistema de relações sociais e interações recorrentes entre seus participantes. A formação de grupos geralmente ocorre com o fim de juntar pessoas cujo objetivo é o mesmo ou a necessidade de sobrevivência. No entanto para se fazer parte de um grupo é necessário seguir regras e muitas vezes reconhecer uma ordem hierarquica na qual o indíviduo deve seguir para se permanecer no grupo e com ele desfrutar das vantagens da vida em grupo.

A espiritualidade é muito antiga na história da evolução, é instintiva e ocorre desde o surgimento da nossa espécie, Homo sapiens. É dita instintiva não por ser algo inconsciente, mas sim por ser determinada geneticamente, entretanto também é influenciada pelo ambiente social e cultural, e historicamente. Porque embora a espiritualidade faça parte dos seres humanos, está nos nossos genes, ela ainda é aprendida em certo grau em algumas fases de nossas vidas, e nem sempre está ligada a religião ou a uma divindade.
A transcendência é a tentativas de ultrapassar limites e barreiras, sejam esses limites físicos ou apenas simbólicos, espiritualmente está ligada aquilo que está além do natural, algo fora dos limites que o corpo impõe: “uma força espiritual poderosa que faz você sair de si mesmo”. Pode estar ligada a busca de deus através de orações e/ou meditação.
O Homem de Neandertal que embora possuísse um físico forte e inteligência, não possuíam espiritualidade e não conseguiam enfrentar barreiras perigosas, não se dispersavam e preferiam ficar onde estavam, aos poucos desaparecendo. Já os Homo sapiens, quando um grupo ou apenas um indivíduo precisava de coragem, por exemplo, entrava em uma caverna para conversar com um Deus que poderia dar-lhe forças e fazer perder o medo da morte, fazendo-o seguir em frente e não desistir, influenciando positivamente na continuação da espécie.
Segundo Koenig (2001) que conceitua espiritualidade como uma busca pessoal de respostas sobre o significado da vida, o relacionamento com o sagrado e/ou transcendente e religião como um sistema organizado de crenças, práticas, rituais e símbolos projetados para auxiliar a proximidade do indivíduo com o sagrado e/ou transcendente. É necessário entender que os termos “espiritualidade” e “religião” estão relacionados, mas, apesar de muitas vezes serem utilizados como sinônimos, esses conceitos não apresentam as mesmas características. A espiritualidade é mais ampla e pessoal, está relacionada a um conjunto de valores íntimos, completude interior, harmonia, conexão com os outros; estimula um interesse pelos outros e por si; uma unidade com a vida, a natureza e o universo. É aquilo que dá sentido à vida, independentemente de sua religião, e, dessa maneira, produz capacidade de suportar sentimentos debilitantes de culpa, raiva e ansiedade; além disso, os aspectos espiritualistas podem mobilizar energias positivas e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Hoje se desenvolvem atividades no trabalho, ou em locais como em hospitais que estimulam seus pacientes a praticarem atividades que desenvolvam seu lado espiritual pois, fazendo isso, vem ajudando no tratamento por ser um grande alivio para o estresse. Para alcançar o espiritual, uma pessoa não necessita pertencer a uma religião, ou seja, a um sistema de crenças organizado e compartilhado por um grupo e que inclui a existência de uma força divina ou um ser superior, com propostas de normas, ideias e práticas (rituais).
Hoje em dia já se é mais comum pessoas que acreditam em um Deus entrarem no meio cientifico e viver bem com a sociedade, isso já foi um grande avanço para a cura através da espiritualidade na medicina. Assim como médicos que acreditam em remédios naturais, a espiritualidade vem entrando com grande força no meio.  Exemplo disso é a notícia de que a USP e a Unifesp teriam comprovado a cura através do Reiki (energia liberada pelas mãos), Ricardo Monezi apresentou uma dissertação de Mestrado na Universidade de São Paulo sobre um estudo feito por ele a respeito de técnicas de imposição de mãos (reiki) em camundongos que, de acordo com esse seu estudo, tiveram um aumento na resistência imunológica e chegando a dobrar a sua capacidade de reconhecer e destruir células cancerígenas. Porém são relatadas falhas na metodologia de Monezi e por isso essa cura nunca ficou comprovada.
Nós como futuros biólogos acreditamos que falar de espiritualidade é falar de algo muito pessoal podendo gerar muito conflito, porque a maioria das pessoas tendem a relacionar espiritualidade com a sua religião, além de acrescentar a sua perspectiva sobre ela. Apesar disso, a espiritualidade é algo muito importante, por gerar a fé, não somente a religiosa, mas aquela que faz com que as pessoas acreditem em um objetivo e insistam nele, desde que não seja prejudicial é um sentimento que motiva as pessoas, podendo gerar coisas como o bem-estar pessoal.



O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia tendo como base as obras:

Koenig, H. - Handbook of religion and health: a century of research reviewed. University Press, Oxford, 2001.
PERES, Julio Fernando Prieto; SIMÃO, Manoel José Pereira; NASELLO, Antonia Gladys. Espiritualidade, religiosidade e psicoterapia. Revista de Psiquiatria Clínica, v. 34, n. 1, p. 136-145, 2007.
Sampaio, Angelo A. S.; Andery, Maria A. P. A. Comportamento social, produção agregada e prática cultural: uma Análise Comportamental de fenômenos sociais. Psic.: Teor. e Pesq. vol.26 no.1 Brasília. 2010.

Guerrero, Gisele P. et al. Relação entre espiritualidade e câncer: visão do paciente. Revista Brasileira de Enfermagem, v.64, n.1, p.53-59, 2011.
Sem autor. Formação de Grupos.
Disponível em: < http://www.nuted.ufrgs.br/oa/socioava/formGrups.html# > acesso em: maio, 2017.
Sem autor. A USP comprovou mesmo a cura com a energia das mãos?.
Ansa. Milagre dos ‘pastorinhos’ de Fátima foi em menino brasileiro.