Série Ensaios: Sociobiologia
Por Aline de Oliveira da Rosa, Gabriela Gelinski Feola, Katia Cristina
Kuczuvei, Raissa Visentin Rosa e Sara Soares Tozoni.
Acadêmicas
do Curso de Ciências Biológicas
O Jogo "Baleia
Azul" supostamente surgiu em meados 2013 na Rússia, porém apenas em
2015 relatou-se a primeira fatalidade em sua decorrência, e, segundo o jornal TN Online, subiu rapidamente para mais de 130 casos de suicídio
entre final de 2015 e o início de 2016. Em 2017 o assunto propagou-se pelo
mundo todo, e popularizando-se, afetando principalmente adolescentes.
A “Baleia Azul” trata-se de um jogo de desafios onde
um "curador" convida um jogador a participar e o envia mensagens
diárias induzindo-o a cumprir 50 desafios, dentre eles assistir filmes de
terror, ficar doente, mentir, ficar isolado e até mesmo automutilação. Para
provar que está concluindo os desafios, o jogador deve fornecer fotos e vídeos
da realização do desafio e caso a tarefa não seja cumprida ou o jogador tente
sair do jogo, o curador o ameaça dizendo que enviaria seus dados para a
"baleia", um suposto líder do jogo que poderá até encontrá-lo e
matá-lo. Quando chega a quinquagésima tarefa, o curador desafia o jogador a
tirar sua própria vida. Diversos locais
têm demonstrado repúdio ao jogo e no Brasil foram criadas iniciativas como a ‘Baleia Rosa’ e a ‘Capivara
Amarela’, buscando valorizar a vida através de desafios
pacíficos e de incentivos a boas ações no mundo.
Neste contexto, é importante ressaltar que o
suicídio humano tem grande índice
de incidência em mulheres e adolescentes e que muitas vezes seus sinais são
ignorados pelos companheiros ao redor e hoje é retratado por filmes, novelas e seriados. Essa
informação está solta, não seria legal colocar com novos estudos que mostram estatísticas
de suicídio no Brasil e no mundo?
Um dos causadores da indução ao suicídio em humanos é o rancor,
insatisfação interna e o ódio, acarretando a agressividade,
que por sua vez é a tendência de responder a estímulos de forma violenta. A
Agressividade é um comportamento biológico que está relacionado à sexualidade
(como em casos de disputa pela fêmea) e com defesa de território. Na psicologia,
a agressividade é tratada como uma reação ou impulso e, muitas vezes, ocorre
devido à frustração. Tal comportamento pode se manifestar em diferentes
intensidades e reações, podendo se manifestar diversas formas, dentre elas:
direta (violenta)
ou indireta (como forma de sabotagem ou vingança). A agressividade pode ser
acarretada por dependência
tóxica (drogas, remédios, álcool e afins), por mudanças hormonais e de humor,
por neuroses e transtornos como depressão, assim como influências do meio
externo e predisposição genética.
De certa forma
a agressividade apresenta importância na formação de sociedades de animais gregários
no que diz respeito a hierarquia e funcionamento social.
A autoagressão é definida pela intenção de fazer mal a sí próprio,
demonstrado pelo suicídio. Já a agressão inibida é quando a agressão não se
dirige ao outro e se manifesta em si, demonstrado pelo rancor. Apesar do
repúdio que a agressividade causa, tal é de extrema importância para adaptações
e sobrevivência do organismo. “Sustentação da vida pela oposição que oferecem à
agressividade e autodestrutividade primária postulada por Freud” (BOCCA, 2012).
Entretanto, tais atitudes são características humanas também compartilhadas por
demais animais? A grande questão é que, na verdade, em comportamento de animais
não-humanos a agressividade se dá por resposta ao instinto.
O potencial biológico agressivo existe nos humanos, mas com a evolução
e a mudança de habitat do homem fez com que esse potencial sofresse alterações.
Para níveis de comparação, em um confronto entre lobos,
o perdedor oferece seu pescoço ao vencedor, fazendo com que com apenas este
gesto, ocorram reações fisiológicas que são suficientes para conter a ira do
vencedor, assim como gestos de medo e submissão são capazes de provocar este
mesmo efeito, diferentemente dos humanos, onde notam-se a perca dessa
capacidade, já que como sabemos, em uma briga são capazes de matar sem se
abalar com a suplica do perdedor (GUIMARÃES et al., 2010).
Animais
que apresentem comportamentos agressivos ou autodestrutivos, geralmente são
alvo de grande estresse, tais como aqueles que vivem em circos e são forçados a
praticar comportamentos não naturais a si. Também ocorre com animais de companhia, que são
deixados presos e recebem pouca atenção: em alguns casos ficam se mordendo ou
roendo o próprio pêlo, realizando movimentos repetitivos
e machucando seus filhotes ou companheiros.
No mundo
animal não existe consenso sobre o suicídio; alguns acreditam que são, na
verdade, estratégias
de sobrevivência para perpetuação da espécie e de cuidados com o grupo,
como por exemplo quando pulgões vão ser predados, ativam um mecanismo interno e
“se explodem”, tendo a chance de matar também seus predadores. Entretanto
algumas pessoas acreditam que há aqueles animais que provoquem situações que
causem sua morte de forma
voluntária, como teoricamente pode ocorrer em cachorros. É importante
ressaltar que algumas situações ocorrem como acidentes, não intencionalmente,
como é o caso com baleias
encalhadas.
Apesar da conduta etológica do suicídio, como ocorre em casos de
predação ou para salvar o bando, tal comportamento, em animais humanos, se
constrói também pela influência do meio (em questões financeiras e climáticas)
e da sociedade (como aceitação ou rejeição do grupo e grande carga de cobrança,
gerando estresse). Neste sentido faz-se necessário o entendimento de sinais não
verbais demonstrados pelos afetados e o acompanhamento psicológico e empático
de demais pessoas ao redor. Neste sentido faz-se necessário cuidados psíquicos
e com o bem-estar dos animais, assim como manutenção e conservação do ambiente,
para que situações como estresse e depressão não os afete, muito menos em casos
extremos, que podem causar o desejo do suicídio.
Nós, como futuras
biólogas, percebemos a necessidade de um entendimento mais afundo das causas de
tais comportamentos para possibilitar ajuda a tais animais, empregando a
necessidade de ambiente tranquilo e ideal para o animal, sendo necessário mais
estudos na área.
O presente
ensaio foi elaborado para disciplina de etologia tendo como base as obras:
BOCCA, F. V.
et al.; “Do que depende a vida em sociedade?”
Trans/Form/Ação 35 (3):113-132. Disponível em
, acessado no dia 24.05.2017
GUIMARÃES,
F. S. ; ZANGROSSI
JR, H. ; DEL-BEN, C. M. ; Graeff, F. G. . Serotonin in panic and anxiety
disorders. In: MULLER CP; JACOBS BL. (Org.). The Behavioural Neurobiology of
Serotonin. 1ed.New York: Academic Press, 2010, v. , p. 667-685.
MONTEIRO, M.M.
et al.; (2009) “Ser Humano” – Segunda parte – Psicologia B, Editora Porto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário