Biólogo e aluno do curso de especialização em Conservação da
Natureza e Educação Ambiental
A destruição do meio ambiente é uma das maiores preocupações dos ambientalistas a anos,
tendo em vista a quantidade de espécies, tanto de fauna quanto flora, perdidas
anualmente no Brasil e no mundo. É fato consumado que muitas espécies sequer
chegam a ser catalogadas, pois são extintas em atividades antrópicas em busca de recursos antes mesmo
de serem descritas e tal fato tem se tornado um problema cada vez maior, à
medida que diariamente perdemos mais e mais áreas de mata nativa. O desmatamento
é um dos maiores problemas enfrentados atualmente no Brasil, com cada vez mais hectares de mata sendo devastados a
torto e a direito, o habitat de diversos animais também é perdido, animais que
quase sempre dependem de habitats específicos para sua sobrevivência. Outra
grande ameaça é o tráfico de animais, uma das atividades ilícitas mais lucrativas que chega a
movimentar 19 bilhões de dólares anualmente no mundo, visa retirar animais de seus habitats
naturais para serem comercializados como reles mercadorias para um público que,
muitas vezes sequer sabe da procedência do animal.
Grande é o número de animais que
necessitam de ajuda, muitos são apreendidos anualmente com
a prisão de traficantes, alguns já mortos e outros bastante debilitados e estes
necessitam de cuidados para conseguirem sobreviver. Outros acabam sendo vitimas
de atropelamentos ou acabam
adentrando em áreas residenciais para procurar
alimentos, pois seu habitat fora tão devastado que não há alternativa. Embora
pareça irônico, se faz necessária a intervenção do homem para que animais
nessas condições possam viver novamente em paz e os santuários desempenham um
papel crucial para a preservação desses
animais.
No Brasil existem alguns santuários que
proporcionam a animais resgatados uma segunda chance para sobreviver com dignidade,
como o projeto GAP que abriga diversos animais, em sua grande maioria primatas
e o Rancho dos Gnomos que abriga principalmente grandes felinos oriundos do
tráfico e de circos. Muitos são levados a esses locais feridos, subnutridos,
com indícios de maus tratos e necessitando de cuidados para conseguir
sobreviver. Diferente dos zoológicos, os santuários não são abertos à visitação
pública e acabam proporcionando uma qualidade de vida melhor, já que os animais
não são utilizados como atrações ou coisas do tipo e podem viver com o mínimo
contato possível com o homem (veterinários, biólogos etc.). Os santuários em
sua grande maioria são oriundos da iniciativa privada e precisam de
doações para manter-se em funcionamento já os zoológicos são propriedade do
estado e cabe a ele propiciar a verba adequada para a manutenção, alimentação
dos animais e outras despesas.
É sabido que zoológicos e santuários trocam acusações há tempos,
ambos usando argumentos na tentativa
de denegrir a imagem do outro, como por exemplo, a ex-presidente da Sociedade
de Zoológicos e Aquários do Brasil, Dra. Yara de Melo Barros que publicou um texto intitulado “Zoos
x Santuários: uma disputa sem futuro e sem utilidade” no qual expõe sua ideia
de que, não importa se um animal está num zoo ou num santuário, ele está em
cativeiro e não há diferença alguma, ainda diz que santuários estão fora do
campo de visão dos mais minuciosos fiscais: o público. A Dra. Yara ainda acusa
santuários de negligencias na alimentação dos animais: “os animais são
alimentados com guloseimas variadas, que vão de feijoada a maionese, passando
por marshmallow”.
Como biólogo, devo concordar com Sérgio
e acredito que os santuários são a melhor opção para animais em estado de risco
qualquer e que o trabalho realizado por tais locais é deveras valioso para a
fauna tanto Brasileira, quanto exótica, porém, tais santuários muitas vezes são
especializados em tipos específicos de animais e tal característica deve ser
levada a risca. Há também a questão da fiscalização que deve ser rigorosa tanto
quanto é nos zoológicos para determinar se as condições de vida dos animais
estão de acordo. Faz-se necessária uma ação em conjunto de zoológicos e
santuários para que o potencial de ambos seja alcançado, mas infelizmente, enquanto
zoológicos e santuários continuarem trocando acusações ao invés de trabalhar em
conjunto pelo bem dos animais, continuaremos a ver casos absurdos como os cerca
de 100 animais mortos no zoo
de São Paulo, que depois de 11 anos beira o esquecimento e a impunidade.
Este Ensaio foi elaborado para a disciplina
ética no uso de animais e bem estar animal, tendo como base as obras:
Gostaria q durante minha graduação tivesse tido uma professora como vc, parabéns pelo trabalho seus alunos são muito sortudos. Debora Quizi
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