Animais Militares



Por Eloize Cristine Batista dos Santos
Graduada em Ciências Biológicas e discente do curso de especialização Conservação da Natureza e Educação Ambiental

No dia 24 de abril de 2016 o site Agencia de Notícia de Direitos Animais (ANDA) publicou uma reportagem sobre o Dayko, cachorro da raça labrador do Corpo de Bombeiros da cidade do norte do Equador de Ibarra Fogo. Dayko ajudou os soldados a resgatar sobreviventes do terremoto que atingiu o Chile, salvando 7 vítimas em escombros. O cão teve vários  ferimentos e  devidas as exaustivas atividades de resgate, que segundo uma nota emitida pelos bombeiros equatorianos, o cão apresentou fadiga extrema e desidratação que teve como consequência uma parada cardíaca, o que levou o labrador a óbito.


A necessidade humana levou  Dayko  ao  falecimento  e  uma  geração inteira de animais alterados geneticamente pela domesticação. Os cães são pertencentes ao grupo dos canídeos, possuem ancestralidade com os lobos, comprovado a partir de evidências arqueogicas, morfológicas, comportamentais, vocalização e aspectos moleculares (Silva, 2011). Com isso percebeu-se que os lobos e cães se distinguiram, tais mudanças que condicionam os animais a desempenhar atividades de acordo com a necessidade humana.
A domesticação dos cães levou-os a utilização para fins militares na Primeira Guerra Mundial, no qual a Bélgica e Alemanha foram as pioneiras em utiliza-los como cães de guarda. no século XVIII a polícia europeia os utilizava como cães farejadores. A prática estendeu-se até a Segunda Guerra Mundial e foi disseminada em ambos os lados. A partir disso os programas de animais para fins militares passaram a ser utilizados com maior frequência. Em alguns lugares seu uso tornou-se tradição e hoje possuem atribuições importantes dentro de uma organização militar (Miranda, 2011).   Além dos cães, outros animais foram cruelmente selecionados a executar atividades nas quais o homem é incapaz de executar.
Na guerra do oriente médio utilizam-se IED- Dispositivo explosivo improvisado, segundo Journal of Military and Veterans são explosivos com pequenos fragmentos metálicos que causam fraturas profundas nos membros e no dorso, causando hemorragia. No campo de batalha é uma das principais causas de morte. Médicos militares utilizam um método conhecido como “treinamento de traumas e tecido vivo” (ou treinamento de cirurgia em combate) em que usam, geralmente, cabras e porcos com o propósito de aumentar a experiência, rapidez e eficácia desses dispositivos.
De acordo com o site Hype Science, o uso dos animais são ainda mais diversos, como as bombas de morcego utilizadas na Segunda Guerra Mundial a fim de usá-los para atirar bombas incendiárias contra exército do Japão; cavalarias de camelo usavam o cheiro dos mesmos para espantar cavalarias dos inimigos, mas só eram úteis no ambiente natural dos camelos; abelhas zangadas eram utilizadas para deter tropas nas quais jogavam colmeias em direção ao inimigo afim de que elas os atacassem e hoje ainda são usadas para detectar minas terrestres; patrulha de leões marinhos, tem uma visão excelente com pouca luz, além de ouvirem muito bem debaixo da agua e nadam quilômetros de distâncias, são treinados para localizarem e marcarem minas e carregam cintos com  câmeras  para  observação  ao  vivo  do  fundo  do  mar;  pombos correio tiverem grande participação principalmente nas guerras mundiais entregando mensagens de posto de comando ao outro chegando a salvar até batalhões inteiros devido ao conteúdo das mensagens; golfinhos da marinha seu sistema sonar funciona  para detectar  minas pelo mecanismo  de  resposta  “sim”  ou “não”, foram muito utilizados na Guerra do Golfo e do Iraque; elefantes de guerra usaram de seu tamanho e força para atropelar, perfurar e lançar cavalos e humanos pelos gregos, romanos, cartaginenses e persas, hoje substituído por canhões; mulas militares carregam suprimentos para tropas mais afastadas principalmente na região do Oriente Médio; cachorros de guerra eram equipados com coleira perfurante e armaduras, hoje em dia sendo usado como farejadores e detectores e os cavalos são as mais antigas armas de guerra ainda utilizadas nos dias de hoje, desenvolvendo papéis como transporte de tropas, suprimentos, ataques.
Eu como bióloga vejo que é necessário rever os direitos dos animais tanto na constituição, quanto nos conselhos de ética. Além disso, é preciso analisar a real necessidade da utilização dos animais, principalmente para fins militares, visto que é uma atividade criada estritamente para o homem em seu benefício próprio além de desrespeitar e violar os direitos dos animais em prol de bens comuns, da intolerância cultural e do egoísmo.


Este ensaio foi elaborado para disciplina de ética no uso de animais e bem estar animal, tendo como base as obras:

ANDA- Agência de notícia de direitos dos animais. Cachorro morre de exaustão após ajudar a socorrer vítimas de terremoto no Equador. Disponível em: <http://www.anda.jor.br/24/04/2016/cachorro-morre-de- exaustao-apos-ajudar-a-socorrer-vitimas-de-terremoto-no-equador>.   Acesso em 20 de julho de 2016.

BRITANNICA ESCOLA CAPES. Oriente Médio. . Acesso em 12 de agosto de 2016.

ESTADAO. O conflito que mudou o mundo. Disponível em: < http://infograficos.estadao.com.br/especiais/100-anos-primeira-guerra-mundial/>. Acesso em 11 de agosto de 2016.

ESTUDO PRÁTICO. Guerra do Golfo. Disponível em: Acesso 11 de agosto de 2016.

ÉTICA ANIMAL. Uso militar de animais. Disponível em: <http://www.animal- ethics.org/uso-militar-de-animais/>. Acesso em 21 de julho de 2016.

HYPE  SCIENCE.  10  animais  recrutados  para  guerra.  Disponível  em:


JOURNAL  OF  MILITARY  AND  VETERANS HEALTH. Military  live  tissue trauma training’ using animals in the US its purpose, importance and commentary  on  military  medical  research  and  the  debate  on  use  of animals in military training. Disponível em <http://jmvh.org/article/military-live- tissue-trauma-training-using-animals-in-the-us-its-purpose-importance-and- commentary-on-military-medcal-research-and-the-debate-on-use-of-animals-in- military-training>. Acesso em 22 de julho de 2016.

MIRANDA, J. J. T. O emprego do o de polícia e o uso seletivo da força,

2011.                 Biblioteca                 policial.                 Disponível                 em:

2016.

SUA PESQUISA. Iraque. Disponível em: . Acesso em 12 de agosto de 2016.

SIL VA,  D.   P.   Canis   familiaris:   Aspecto   da   domesticação   (origem, conceitos, hipotéses). Faculdade de agronomia e veteriria. Brasília, 2011. Disponível em: <http://bdm.unb.br/bitstream/10483/3053/1/2011_DaniloPereiradaSilva.pdf>. Acesso em 22 de julho de 2016.