Série
Ensaios: Sociobiologia
por: Bruna Falavinha, Cátia Sant’Anna, Jonathan Jesus da Silva e Paola
Gyuliane.
Graduandos do curso
de Biologia
A corrupção consiste no desvio de
recursos dos orçamentos públicos da União, dos Estados e dos Municípios
destinados à melhoria de vida da população, que são desviados para financiar
campanhas eleitorais ou contas pessoais, principalmente no exterior. A
corrupção afeta diretamente o bem-estar dos cidadãos pois diminui a verba que
seria aplicada em investimentos públicos na saúde, na educação, em
infraestrutura, segurança, habitação, entre outros direitos essenciais à vida,
e fere criminalmente a Constituição. A corrupção está relacionada com a
mentira, trapaça e desonestidade.
A desonestidade pode parecer uma
característica exclusiva dos seres humanos, entretanto muitos zoólogos afirmam
que os animais usam muito mais linguagem
para dissimular e mentir do que para trocar informações “honestas”. A natureza
está repleta de bichos vigaristas, como por exemplo os drongos, pássaros pretos vigilantes que
emitem um som de alerta cada vez que avistam um predador. Suricatos, por exemplo, se
escondem quando ouvem o som do drongo, mas nem sempre o alarme é verdadeiro.
Quando os suricatos capturam insetos ou pequenos lagartos, os drongos emitem um
som de alarme para os suricatos fugirem, e então roubam sua comida. Outro
exemplo é das garças-verdes que depositam pequenas quantidades de alimento na
água, esperando que um peixe seja atraído por ele; assim que a vítima se
aproxima do alimento, a garça-verde ataca. Ninguém sabe explicar como elas
aprenderam a fazer isso. Alguns especialistas acreditam que a habilidade se
desenvolveu observando humanos.
Faz parte da natureza humana mentir,
muitas mentiras são contadas para facilitar o convívio na sociedade. Estima-se
que 60% dos humanos mentem em conversas durante o dia-a-dia e isto mostra como
a mentira é algo frequente na sociedade humana. Entretanto, a mentira é um
assunto constrangedor que envolve questões éticas e condenações morais.
Do ponto de vista psicológico, o ser
humano tem uma tendência natural a trapacear e mentir. Quando alguém se esta em
uma situação onde pode trapacear, a pessoa analisa os prós e os contras caso
seja pego trapaceando. Isso ocorre pois ha a necessidade de se parecer honesto
para si mesmo e para os outros. Devido a isso, estudiosos dizem que pessoas
comuns tendem a trapacear em 15% das oportunidades, fazendo com que se mantenha
uma imagem honesta de si mesmo sem desrespeitar os instintos trapaceiros. De
acordo com a pesquisa, cada pessoa é
desonesta num grau diferente, e quando se consegue convencer a si mesmo de que
se é honesto outras pessoas acreditam também. Existem fatores que nos fazem
trapacear mais, como quando as pessoas veem outros trapaceiros em ação e usam a
desculpa do “todo mundo faz”, ou quando querem se vingar. Quando nos sentimos
ofendidos por alguém, as chances de sermos honestos com essa pessoa diminuem. Um
exemplo disso são o de pessoas que estão
insatisfeitas com o seu governo e tendem a pagar menos impostos ou desrespeitar
as leis do trânsito. Outros exemplos são de que pessoas mais criativas
tendem a trapacear pois podem criar justificativas racionais para seus deslizes
e tem capacidade de inventar novas maneiras de quebrar as regras e de que essas
que trabalham em profissões estressantes tendem a ser mais desonesto, pois para
manter a honestidade, é preciso fazer o esforço para conter a tendência natural
e o cansaço mental enfraquece as defesas. Outro ponto é o de que quem já
trapaceou uma vez tem uma chance maior de repetir a mesma trapaça mais vezes.
Entretanto, para os estudiosos a busca por uma sociedade mais honesta é
possível desde que admita-se a tendência natural humana à trapaça e ao
autoengano e faça-se um exercício de autocontrole para evitar mentir e
trapacear. Porém, eliminar 100% a mentira não seria vantajoso do ponto de vista
social , já que o muitas vezes temos de mentir para seguir regras básicas de
convívio, apenas seria algo bom nos negócios e na política.
Já no ponto de vista biológico
pode-se observar uma diferença no cérebro dos mentirosos patológicos que apresentam
25% mais massa branca em seus lobos pré-frontais
quando comparados com o grupo controle, já com a massa cinzenta os mentirosos
patológicos tem cerca de 14% menos massa do que o grupo controle. Isto implica
que a grande quantidade de substância branca dá aos mentirosos a capacidade de
criar histórias muito rapidamente e lhes dá mais poder para avaliar as
respostas e reações das pessoas com quem estão falando, para ver se a mentira
está funcionando e fazer os ajustes necessários, portanto o aumento da massa
branca esta relacionado com a tendência a mentir. Estudos anteriores
demonstraram que as pessoas com autismo têm dificuldade em criar e dizer
mentiras, e parte da diferença em seus cérebros é justamente o crescimento lento
da massa branca. A massa cinzenta é o centro de moral das pessoas, e com a
matéria cinzenta reduzida, os mentirosos não veem nada moralmente errado em
suas mentiras constantes. Do ponto de vista genético, o gene APOE4 pode alterar a
atividade cerebral ao longo da vida e os pesquisadores sugerem que sua
expressão esta relacionada com a desonestidade e o risco de desenvolver Alzheimer.
A variação APOE4 pode ser encontrada em aproximadamente um quarto da população e
causa uma hiperatividade nas regiões do cérebro responsável pela memória,
conhecida como o hipocampo, e no córtex
pré-frontal relacionado com a mentira. A hiperatividade dessa região pode fazer
com que o individuo tenha uma tendência maior a mentir e ser desonesto.
Nossa opinião como futuros biólogos
é de que a mentira é um comportamento
utilizado por diversos animais como estratégia evolutiva para se livrar de
situações de risco ou conseguir melhores recursos, como o alimento. No entanto,
as mentiras e a desonestidade humana ultrapassam o nível de todas as outras
espécies. Uma explicação para tal observação, pode ser a complexidade do
cérebro humano e de nossa sociedade. A desigualdade social e o capitalismo, por
exemplo, favorecem as tentativas de burlar as regras e passar por cima de
outras pessoas pela dificuldade que esse sistema propicia na conquista de uma
qualidade de vida elevada.
O presente ensaio
foi elaborado para disciplina de Etologia, baseando-se nas obras:
Dawkins,
R. (1999) O Gene Egoísta, Ed. Oxford,
460 págs.
Adorei, essas gurias tem futuro, sem mentira.
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