Série
Ensaios: Sociobiologia
Por
Ana Carolina
Gadotti, Camilla Soto, Franciele Santos, Juliana Padilha e Maria Eduarda Garcia
Graduandos do curso de Biologia
Recentemente, foi noticiado
na mídia que a justiça do Mato Grosso autorizou a mudança do sexo masculino
para o feminino de uma criança de 9 anos, com o diagnóstico médico de
transexualismo, sob a justificativa de que o fato de ser reconhecida e tratada
como menino estava fazendo com que a mesma sofresse. Dessa forma, com a
alteração dos documentos, ela é oficialmente reconhecida como menina e, mais
tarde, a partir da adolescência seu corpo poderá passar pela mudança de sexo.
O comportamento
social é caracterizado pela interação
entre o organismo e o ambiente. Pode ser interpretado de duas formas,
considerando o comportamento de grupos de pessoas ou o comportamento de
indivíduos em contato com outras pessoas. Entre os comportamentos sociais, a formação
de grupos é um dos mais evidentes, seja por objetivos e interesses comuns
ou por sentimentos de identidade grupal desenvolvidos através do contato
contínuo. Apesar de muitos animais viverem isolados durante a maior parte da
sua vida, o comportamento social é importante durante os curtos períodos de
reprodução ou da criação do filhote. Já os animais que vivem em sociedade
possuem vantagens em relação a encontrar comida, pescar, afastar os predadores,
cuidar dos filhotes, e tendo como desvantagens atrair a atenção de predadores,
em períodos de estiagem a falta de comida para todos os indivíduos, a
disseminação de doenças, entre outras.
A homossexualidade refere-se, de
forma direta, à situação na qual o interesse e o desejo sexual dirigem-se a
pessoas do mesmo sexo. Boa parte do modo como os povos da Antiguidade
encaravam o amor entre pessoas do mesmo sexo, pode ser explicada ao se levar em
conta as suas crenças.
Na Grécia e na Roma
da Antiguidade, era absolutamente normal um homem mais velho ter relações
sexuais com um mais jovem. Tal prática, fazia parte da educação dos jovens
atenienses, pois dessa forma, eles absorveriam virtudes e conhecimentos. Mas
com a popularização do cristianismo,
a ideia de que o sexo entre iguais seria pecado, se disseminou pelo mundo.
Teorias, como a lobotomia
cerebral, foram declaradas como uma solução cirúrgica para quem
quisesse se “livrar” do hábito, no século XIX. Atualmente, 22 países
legalizaram o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a luta ainda segue contra
a discriminação (homofobia)
em razão a orientação sexual, que no Brasil é considerada crime prevista por
lei em diversos estados. Em 78 países, a prática homossexual é considerada crime
e em 5 deles (Arábia Saudita, Irã, Iêmen, Mauritânia e Sudão, além de regiões
da Nigéria e da Somália) é aplicada a pena de morte.
Mesmo com tantos exemplos do
quão natural tal comportamento é, na sociedade atual grandes problemas existem
no que diz respeito à sua aceitação por ele fugir do padrão esperado, que hoje se
tornou uma condição natural do ser humano: punir ou rejeitar aqueles que se
mostram diferentes, ao invés de aceitar como algo natural.
Há muito tempo a ciência procura
as origens biológicas para o comportamento homossexual, principalmente na
espécie humana. Hoje, especialistas propõem 3 principais explicações para tal.
A primeira está relacionada com o cérebro, pois sabe-se que o cérebro tanto de
homossexuais quanto de transexuais, funcionam de maneira semelhante ao cérebro
de uma pessoa do sexo oposto. Assim, a área relacionada às emoções, a amígdala,
é ativada da mesma forma nas mulheres e nos homens gays e transexuais. Além
disso, há também um padrão encontrado no tamanho dos hemisférios
cerebrais, em que mais uma vez homens gays e transexuais possuem as
duas metades simétricas, assim como nas mulheres heterossexuais. O cérebro não
possui uma plasticidade tão grande para que essas propriedades só aparecessem
na vida adulta, dessa forma, crianças já podem exibir esse comportamento. A
segunda explicação diz respeito à testosterona.
Segundo a epigenética,
há um marcador responsável por regular a sensibilidade à esse hormônio nos
embriões ainda no útero e que é transmitido hereditariamente. Nos homens
homossexuais, a epimarca que determina essa característica é passada de mãe
para filho, ao invés de vir do pai. Isso faz com que ao invés de uma sensibilidade
maior à testosterona, a criança passe a ser menos sensível, como em mulheres.
Esse traço também parece estar associado à versão mais longa do receptor
de andrógeno, em que sinais de testosterona menos eficientes podem
afetar o desenvolvimento sexual no feto, sub-masculinizando seu cérebro,
refletindo, então, na sua identidade sexual. E por fim, há a determinação genética para o
comportamento, a qual ainda é muito incerta para os pesquisadores e necessita
de mais estudos, já que não foi encontrado, de fato, um gene responsável pela
homossexualidade. No entanto, há indícios que na transexualidade, o gene que
parece estar ligado ao comportamento é a versão mais longa do gente receptor de
andrógeno.
Dentro das experiências humanas, os indivíduos
que possuem uma forte identificação com o gênero oposto, desconforto com seu
próprio sexo e com os papéis sociais por ele impostos são diagnosticados com Transtorno de identidade de gênero (TIG)
ou Disforia de gênero.
O TIG é identificado na maioria dos casos logo na infância,
e como nesta idade a criança não sente atração erótica por outro indivíduo, o
transtorno não é diretamente ligado à homossexualidade. Do ponto de vista psicológico,
o indivíduo com TIG, sentindo-se desprezado pela sociedade por não se comportar
como o esperado, vê como solução "transitar" de um gênero para outro,
buscando assim a aceitação coletiva.
Nós,
formandas de biologia, acreditamos que existem inúmeras variações na forma do
ser humano expressar seus pensamentos, e é injusto querer classificar estes
comportamentos como adequados somente para meninas ou para meninos. A
existência de homens e mulheres que fogem aos estereótipos de gênero não
deveria ser vista como um problema pela sociedade, pois a diversidade sempre
foi a chave para a sobrevivência de todos os seres vivos e, dessa forma, há a
necessidade de um olhar mais amplo para a fuga dos padrões e a completa
aceitação de algo tão natural.
O presente ensaio foi elaborado
para disciplina de Etologia, baseando-se nas obras:
http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2014/09/hospital-do-rs-estuda-transtorno-de-identidade-de-genero-em-criancas.html
https://www.abcdasaude.com.br/psiquiatria/transtornos-de-identidade-e-genero-transexualismo
http://www.psiqweb.med.br/site/DefaultLimpo.aspx?area=ES/VerClassificacoes&idZClassificacoes=202
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI6300-15224,00.html
http://veja.abril.com.br/ciencia/homossexualidade-pode-ser-influenciada-pela-epigenetica/
http://www.livescience.com/50058-being-gay-not-a-choice.html
http://www.bbc.com/portuguese/reporterbbc/story/2008/10/081030_transsexual_gene_mv.shtml
http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/os-grupos-sociais.htm
http://criticacomportamental.blogspot.com.br/2011/04/o-que-e-isto-comportamento-social.html
http://historiadomundo.uol.com.br/idade-contemporanea/historiahomossexualidade.htm
http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/vale-tudo-homossexualidade-antiguidade-435906.shtml
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/06/veja-lista-de-paises-que-ja-legalizaram-o-casamento-gay.html
http://brasilescola.uol.com.br/psicologia/homossexualidade.htm
http://f5.folha.uol.com.br/estranho/1186591-ha-homossexualismo-em-450-especies-animais-aponta-exposicao.shtml
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/02/150211_vert_earth_animais_homossexuais_ml
http://hypescience.com/10-animais-que-praticam-a-homossexualidade/
http://www.brasil.discovery.uol.com.br/animal-planet/imagens/7-especies-que-praticam-homossexualidade-no-reino-animal/
http://super.abril.com.br/ciencia/macho-mas-por-pouco-tempo-os-peixes-mudam-de-sexo
http://www.batanga.com.br/599/5-animais-que-sao-transexuais-e-voce-nao-sabia
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