sábado, 25 de junho de 2016

Corrupção Policial... Chama a Polícia?


Série Ensaios: Sociobiologia



Por Bruna Carolina Linhares; Patrícia Cristina da Costa Ferreira; Paulo Vaccari Neto; Publio Bonin Junior; Rafael Xavier Weiss

Acadêmicos do curso de Ciências Biológicas



“A megainvestigação do Ministério Público sobre a facção que atua dentro e fora dos presídios flagrou 18 casos de corrupção envolvendo policiais civis e militares. O secretário da Segurança Pública, Fernando Grella, determinou nesta quarta-feira (16) a apuração das suspeitas de cobrança de propina para favorecer ladrões e traficantes de drogas.

Dois volumes da investigação detalham conversas telefônicas entre criminosos e duas ligações entre policiais e bandidos. Mais de 30 policiais são citados nas gravações cobrando propina e extorquindo dinheiro de criminosos. Os 18 casos envolvem seis policiais militares e 12 policiais civis.”

A reportagem supracitada é apenas um exemplo de casos de corrupção envolvendo policiais. A corrupção policial é um fenômeno de crescente visibilidade em todo o Brasil. As condutas indevidas são uma ameaça permanente e latente na polícia. Os policiais cotidianamente a diferentes situações que geral decisões rápidas, onde o profissionalismo e os valores são colocados a prova.

Todos sabemos que a polícia brasileira nem sempre desempenha adequadamente sua função de proteger o cidadão. Aliás, de uns tempos pra cá, os casos de policiais envolvidos em crimes tem aumentado. A situação é tão grave que, em algumas comunidades, as pessoas confiam mais nos bandidos que na força policial.

É disso que trata o filme Tropa de elite, lançado por José Padilha* em outubro deste ano. A película mostra a guerra entre o Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) e os traficantes que dominam as favelas cariocas. A história é sobre as dificuldades enfrentadas por dois policiais novatos e bem-intencionados que fazem parte de um grupo consumido pelo estresse do dia-a-dia do trabalho policial, pelo descaso à vida do outro e pelo envolvimento de vários de seus membros em crimes que deveriam combater.

Para Marcos Bretas, historiador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que estuda o funcionamento da polícia no Brasil há mais de 20 anos, é preciso lembrar que há dois tipos de corrupção policial: um deles é a prática do suborno, feita por muita gente, que dá um "presentinho" ao policial quando comete uma infração de trânsito ou algo parecido. O outro modo de corromper é realizado quando alguém paga para poder continuar cometendo um crime, como nos casos em que os policiais recebem dinheiro para acobertar ou mesmo participar de esquemas envolvendo jogo ilegal, pirataria, tráfico de drogas, entre outros. O historiador avalia que "o primeiro tipo é muito ruim. Mas o segundo é terrível. Ambos vêm de muito tempo, e o triste é que as pessoas se acostumaram a isso. Tudo serve como desculpa para a prática da corrupção, inclusive o baixo salário dos policiais."

Para especialistas, o maior problema é que a tolerância dentro das corporações – e da própria sociedade – alimenta a corrupção. "A tendência é considerar a corrupção como parte natural das coisas, como um custo que temos de pagar se quisermos ter melhor prestação de serviços. Claro que isso é um erro grave", diz Luís Antônio Francisco de Souza, coordenador do Observatório de Segurança Pública da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

A corrupção pode ser vista como  uma forma de parasitismo social, combinado com a predação. Corruptores e corrompidos colaboram entre si como os parasitas/predadores; o hospedeiro/presa do qual se alimentam é a sociedade. O corruptores para não serem descobertos; se disfarçam, camuflam, enganam, dissimulam e aplicam estratagemas e táticas de ação engenhosas e às vezes criativas (Ribeiro, M.A.)

Segundo o psicólogo Dan Ariely, da Universidade Duke, autor de pesquisas sobre desonestidade, a motivação para a corrupção vem da crença de que "todas as outras pessoas estão sendo corruptas" e da aceitação deste comportamento como "a forma como as coisas são feitas".

"Se você for a um restaurante e sair sem pagar a conta, você vai se sentir mal com isso. Mas, quando você se envolve com corrupção, você fala 'isso é só como as coisas são'. A corrupção é muito corrosiva, muito perigosa", diz.

Segundo Ariely, a única forma de cortar a motivação para a corrupção é adotar uma mudança coletiva.

Durante o debate realizado em sala, demonstramos que a corrupção faz parte também das corporações policiais, organização que deveria nos proteger, por isso, como formandos de biologia acreditamos que não deve-se ter um pré-conceito acreditando que através da identificação de uma farda uma pessoa seja considerada de bom caráter. Também, que não devemos compactuar sendo corruptos em situações que envolvam pagamento de propina a policiais, ou até mesmo no simples ato de não devolver o troco a mais, ou deixar de pagar a conta no restaurante. A corrupção começa em casa, e é possível combatê-la, educando e fazendo diferente.





O presente ensaio foi elaborado para a disciplina de Etologia tendo como base as obras:

BARBOSA, B. Por que a corrupção é tão tolerada? Disponível em: < http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2016/04/25/por-que-a-corrupcao-e-tao-tolerada.htm>

RIBEIRO, M.A. Ecologia, corrupção e ética. Disponível em: < http://www.filosofiaesoterica.com/ler.php?id=1263#.V2q7JfkrLIU>



DE OLIVEIRA, Ricardo Monezi Julião. Avaliação de efeitos da prática de impostação de mãos sobre os sistemas hematológico e imunológico de camundongos machos. 2003. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.



DO NASCIMENTO, Andréa Ana. A corrupção policial e seus aspectos morais no contexto do Rio de Janeiro. SEGURANÇA PÚBLICA, p. 70.

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