Série Ensaios: Sociobiologia
Por: Amanda Deconto Mileo
Acadêmica do Curso de Bacharelado em
Ciências Biológicas
Uma notícia que chocou o universo
ativista foi aquela em que um estuprador de cães foi absolvido pelo juiz que
considerou o animal um “simples vira-lata, o que é um verdadeiro absurdo!!!
Ativistas do direito dos animais levaram campanhas às redes sociais como forma
de protesto. Até quando existirá esse tratamento diferenciado para
desigualdade? O ser humano está atrasado, vivemos em uma era em que, se todos
não forem tratados de uma mesma maneira, nada irá para frente.
Será que conseguimos entender o
comportamento humano? E o comportamento animal? Há grande diferença entre eles?
Pois bem, muitos estudos estão tentando entender se há uma explicação biológica
atrás disso. Hauser faz uma analogia, que da mesma forma que
nossos cérebros são equipados com um “software” linguístico, isso nos habita a
aprender o que nos é exposto na infância. Nossa cabeça também já vem com uma
moral de fábrica, que nada mais é do que “um conjunto de princípios elementares,
comuns a toda a humanidade e maleáveis o bastante para comportar uma boa gama
de variações culturais” (Schwartsman, H, 2007). Tanto a razão
como as emoções estão presentes nas decisões morais que tomamos. A moral é um
instinto que opera entre a razão e a emoção, e é através dela que um grupo se
une, respeitando as mesmas regras, gostando das mesmas coisas ou tendo um
objetivo em comum. Se pararmos para pensar, essas características ocorrem da
mesma forma nos animais.
O comportamento social está diretamente
relacionado com as estratégias de sobrevivência a partir de uma base biológica,
podendo ser dividido em agregações, agrupamentos ou sociedades. A formação de
grupos surge dentro do comportamento social, onde fatores como gostos,
interações, desgostos, estímulos, criação e principalmente ambiente vão auxiliar
nessa formação.
A vida social surgiu com o intuito de se
viver em grupo e não mais solitário, abrindo mão da liberdade e suas regalias e
vivenciando um novo conceito chamado moral, que nada mais é
do que o conjunto de regras adquiridas através da cultura,
da educação, da tradição e do cotidiano, e que orientam o comportamento humano dentro
de uma sociedade.
Moral não é só para grupos da
espécie Homo sapiens, mas sim, para
toda diversidade animal. Conforme muitas notícias vêm mostrando, está cada vez
mais comprovado por cientistas que animais são seres sencientes e tem a capacidade de sentir dor. Uma
parcela da população mostra sua preocupação para com os animais e lutam cada
vez mais pelos seus direitos, definidos primeiramente pela UNESCO em
1978. Como destaque, o cachorro ganha grande parte da atenção por ser o melhor
amigo do homem, e demonstrar seus sentimentos tão bem quanto seres humanos.
Porém, são tratados conforme a grandeza de sua raça, seu porte, seu valor
comercial, entre outros.
A
sociobiologia é fascinante, porém um de seus problemas é ela querer explicar
todo o comportamento animal e humano. Falando de animais, e nesse ensaio em
especial os cachorros, como eles sabem o que é certo e o que é errado? Eles
seguem um código de conduta com o objetivo de ensinar aos filhotes as regras de
engajamento social permitindo a manutenção de sociedades bem-sucedidas.
Atitudes como altruísmo, tolerância, disponibilidade para o perdão e a
empatia, bem como a noção de justiça, ficam evidentes pela forma com que os
animais brincam entre si.
Enfim, nós, seres humanos, achamos que
somos muito mais espertos que os animais. Será que somos mesmo? Ou eles têm
estratégias de sobrevivência melhores organizadas do que as nossas? Precisamos
mal tratar um animal para dizermos que somos superiores a eles?
Eu como acadêmica de biologia acredito
ainda em um mundo melhor. Existem pessoas e pessoas. Se pessoas boas, que
pensam em fazer o bem não desistirem de transmitir suas ideias aos demais, a
maldade pode diminuir. Mas, e aqueles casos em que a maldade está sendo
estudada para comprovar que há uma interferência biológica? Há estudos mostrando que atos criminosos podem estar
ligados a genética. Tudo é uma questão de pesquisa, influência e família, ou
será moral? Instinto? Criação?
O presente ensaio foi elaborado para a
disciplina de Etologia I tendo como base as seguintes referências:
BOLSA PET: Lei
aumenta pena para quem praticar maus-tratos contra cães e gatos. Disponível
em: http://www.bolsademulher.com/pet/nova-lei-aumenta-pena-para-quem-praticar-maus-tratos-contra-caes-e-gatos
FOLHA, SCWARTSMAN, H: Animais morais. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/helioschwartsman/ult510u351566.shtml
GADOO, R7:
Estuprador de cão é absolvido por juiz que considerou animal um “simples
vira-lata” Disponível em: http://www.gadoo.com.br/noticias/estuprador-de-cao-e-absolvido-por-juiz-que-considerou-animal-um-simples-vira-lata/
G1: Homem é
multado em R$ 51 mil por maus-tratos contra cães e cavalos.
Disponível em: http://g1.globo.com/sao-paulo/sao-jose-do-rio-preto-aracatuba/noticia/2015/05/homem-e-multado-em-r-51-mil-por-maus-tratos-contra-caes-e-cavalos.html
PLANALTO: Lei Nº9605 de 12 de fevereiro de 1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9605.htm
MOLENTO, C. F: Senciência Animal. Disponível em: http://www.labea.ufpr.br/PUBLICACOES/Arquivos/Pginas%20Iniciais%202%20Senciencia.pdf
UOL Bichos, RENCTAS (Rede Nacional Contra
o tráfico de Animais Silvestres): Leis e
Proteção: Direito dos animais. Disponível em: http://noticias.uol.com.br/ultnot/bichos/leiseprotecao/direitos.jhtm
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