quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Agressividade: Sinais de Defesa, frustração ou Imposição?

Série Ensaios: Sociobiologia
Por: Lohana Neves de Souza

Acadêmica do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas

 

No dia 26 deagostode 2015, o repórter Vester Lee Flanagan, conhecido como Bryce Williams assassinou dois colegas de trabalho durante uma transmissão ao vivo. Flanagan, não aceitava a demissão da emissora WDBJ 7 que alegaram a impossibilidade do trabalho em grupo por já ter apresentado diversos episódios de descontrole comportamental, gerando desconforto perante aos colegas. No entanto, Flanagan acusava a emissora de racismo e perseguições sexuais.



O ato comportamental seria um reflexo de sentimentos como respostas fisiológicas e biológicas. E uma delas reconhecida através da reportagem é a agressividade.  A expressão de agressão é um fator limitante da necessidade de manter relações benéficas que com o passar da evolução se reproduziu através de lutas, como ocorrências de negociação, ou atos antissociais em desequilíbrio natural, segundo Frans B. M, 2000.
Os sentimentos comuns como amor, ciúmes, posse, egoísmo e outros também podem desencadear atos comportamentais agressivos, caso alguns destes o traga frustrações ou discordância para a pessoa resultando em resposta aos estímulos.
            Questões corriqueiras de descontrole podem ser vistas por inúmeras maneiras. Em várias situações, sempre há alguém atribuindo ao ‘criminoso’ traços delinquentes, psicopatológicos, distúrbios inerentes ou perturbações psicológicas ao comportamental. Atualmente, apesar de a ciência estudar estes ‘surtos’ agressivos em abordagens isoladas, podem ser tratadas no modelo usual bio-psico-social, na tentativa de compreender os comportamentos e seus influenciadores. Destes três comportamentos (biológico, psicológico e comportamental), o biológico é o mais criticado por considerar a personalidade da pessoaque combate a crença popular “ele já nasceu assim” e analisam tendências pelas quais o diferenciam dos demais.
         
   Os fatores genéticos, bioquímicos, neurológicos e psicofisiológicos teoricamente podem ser agrupados no modelo biológico. Os fatores genéticos perante a agressividade mostram que gêmeos univitelínicos são mais propensos a possuírem o mesmo comportamento, diferentes dos bivitelínos, que apesar de serem gêmeos possuem comportamentos distintos. Estudos mostram o fator genético da agressividade em crianças adotadas, eles podem desencadear comportamentos ‘delinquentes’ se os pais biológicos possuírem registros, porém o ambiente em que vivem pode alterar ou amenizar estes comportamentos agressivos. Alguns autores citam que essa transmissão genética está associada ao cromossomo X provindos da mãe. Já os fatores bioquímicos mostram que a agressividade pode estar relacionada na correlação entre o colesterol, a glicose, hormônios como a testosterona, a serotonina e alguns neurotransmissores. Atos de agressividade podem ser relacionados ao alcoolismo que além de alterar ao funcionamento do organismo, reduz a taxa de glicose no organismo e segundo estudos podendo gerar o descontrole comportamental. Bioquimicamente falando, as baixas taxas de serotonina em casos de alterações na concentração nas amígdalas, nos lobos temporais e outros o ácido fenilacético e a norepinefrina, também estão associadas aos comportamentos agressivos.
            O comportamento violento da sociedade humana faz parte de comportamentos dirigidos à adaptação do homem no ambiente. O que diferenciou nossa espécie das demais foi o desenvolvimento de uma parte do componente do cérebro a parte “racional”, que também está presente nos mamíferos superiores como os primatas. Os humanos são considerados os seres mais agressivos dos animais, e essa agressividade foi o que nos garantiu a perpetuação dos genes através de comportamentos territoriais, mecanismos de agressão e defesa, competição e até genocídios.
Na sociedade animal, é importante a presença do comportamento agressivo, para que haja organização social hierárquica, como por exemplo, disputa entre machos por territórios, alimentos,fêmeas ou bandos.
            A diferente agressividade encontrada nos homens e nas mulheres está fortemente relacionada a quantidade dos hormônios masculinos (testosterona). E até medicamentos como por exemplo o uso de estatinas direcionadas redução de colesterol, seu efeito em mulheres apresentaram diferenças comportamentais relacionadas a irritabilidade e a agressividade o contrário dos homens que exibem uma resposta diferente. O comportamento agressivo pode ser percebido de inúmeras maneiras, fúria, ira, agressão verbal ou física, ciúmes, antipatia entre outros aspectos, cada pessoa os demonstra de formas diferentes. Embasamentos genéticos e bioquímicos explicam boa parte dessas respostas, mas a questão biológica de personalidade não pode ser deixada de lado, pois o indivíduo sofre um ‘bombardeio’ de sentimentos que vêm à tona a todo instante.
            A agressividade pode ser vista como algo ruim, porém para os etólogos e psicólogos, a agressividade se bem canalizada pode ser ‘moldada’ ou conveniente.  A agressividade às vezes é necessária, se imposta no momento certo e de maneira correta.  Esse sentimento é instintivo. Lorenz aprendeu com seus gansos cinzentos que a agressividade pode se transformar em fontes benéficas para a sociedade. Mostrados através do instinto de sobrevivência ou seu antes grito de guerra, agora o ruidoso prelúdio de procriação.  Para a etologia, a agressividade seria uma forma de autoproteção das espécies, sendo assim com os recursos limitados da natureza, cada um determina seu território e o defende dos inimigos e se o mesmo for da mesma espécie dificilmente acabará em morte. Estes sentimentos de agressividade são momentâneos e úteis, porém esse espírito de agressividade só toma forma quando a espécie se sente ameaçada.
            Eu como formanda em biologia entendo a agressividade como uma ferramenta necessáriapara o caminhar da sociedade. Demonstra ser um reflexo comportamental necessário para que haja limite, regras e organização, além do que foi a mesma que nos proporcionou a adaptação no meio ambiente. Além do mais, a agressividade não precisa ser vista como um delito maldoso ou apenas atos criminais, uma simples palavra mal direcionada pode ser interpretada mal tanto quanto um ato corriqueiro.
O presente ensaio foi elaborado para a disciplina de Etologia II baseando-se nas seguintes obras:

O presente ensaio foi elaborado para Disciplina de Etolgoia, baseando-se nas obras:




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