Série
Ensaios: Sociobiologia
Por: Kaleandra
Krama
Acadêmica
do curso de Ciências Biológicas PUCPR
No dia 13 de junho de
2015, ocorreu um fato que chocou o país. Um estudante de 14 anos conhecido como
Rafael Melo, morador de Espirito Santo foi morto a pedradas, e o motivo segundo
o relato da mãe Wanderléia Barbosa, de 33 anos foi a homofobia. “Muitas pessoas implicavam com ele,
caçoavam e o xingavam. Implicavam com o jeito dele andar e por ele fazer
roupas. Ele sofria muito, por isso meu filho era uma pessoa de poucos amigos e
muito fechado”, descreve a mãe de Rafael.
Muito mais do que as pessoas imaginam o homossexualismo que é definido como o relacionamento
envolvendo duas pessoas do mesmo sexo já existe a muito tempo, desde a época da
bíblia, porem o termo só foi conhecido por volta de 1869 (SIMPSON et al, 2007).
A homossexualidade era conhecida como sodomia desde a Antiguidade Clássica até
o Colonialismo português na América (COULOMB, 2010), e sempre foi considerada
pecado, porém não tratava apenas de homossexualismo mas também certas formas
sexuais (masturbação, zoofilia etc....). Na sociedade grega as relações sexuais
com o mesmo sexo eram bem comuns, porém não era aceita perante a sociedade. No
início da Idade Média, a pena para quem praticasse atos sexuais com alguém do
mesmo sexo era a penitência, Essas comunidades foram crescendo e incomodando a
Igreja e o Estado. Na Alta Idade Média, período de auge do poderio da Igreja,
as comunidades urbanas e a nobreza criaram uma série de normas, cada vez mais
rígidas, para combater a homossexualidade. No século XIII, diversos manuais
surgiram para os confessores, eram chamados de Summae (COULOMB, 2010). E
no ano de 1591 houve os primeiros julgamentos de homossexualismo feminino, e
por volta do século XVI os culpados do crime de homossexualismo eram
penalizados com a morte na fogueira, seus bens eram confiscados e os filhos
considerados infames, e no século xx grupos começaram a lutar pelos direitos e
discriminação e assim surgiu o movimento LGBT. Nos dias atuais os homossexuais
estão conseguindo um espaço cada vez maior no mundo, no Brasil já a algumas
leis que beneficiam esses casais homo afetivos como a união estável, orientação
sexual, etc.
Longe
de ser um comportamento ligado somente a humanos, o homossexualismo também está
muito presente no reino animal fazendo parte do seu dia-a-dia. Os
cientistas já observaram comportamento homossexual em mais de 1 500 espécies de
animais, incluindo mamíferos, aves, répteis, peixes, anfíbios, insetos e até
vermes nematoides (Lopes & Manuel, 2011). Segundo (Lima, 2015) os animais
tem esse tipo de comportamento por motivos diferentes, por exemplo, macacos
japoneses e outros grupos de macacos usam esses tipos de interações para reconciliação,
ou seja como um pedido de desculpas, femêas de albatrozes podem se unir para
cuidar de filhotes tendo mais sucesso na criação da prole, moscas como a
drosophila praticam o cortejo com o mesmo sexo, golfinhos nariz de garrafa tem
essa interação para formar alianças e evitar conflitos, bisões tem como
objetivo reforçar a hierarquia, e também
há animais que usam o homossexualismo quando a população é muito grande, e
desta forma evita a reprodução. Existem ainda muitos outros exemplos de animais
que usam esse comportamento que não está relacionado somente ao prazer, e sim a
forma como muitos animais adotam como estratégias de sobrevivência para o grupo.
Muitas
explicações estão surgindo sobre o homossexualismo e de acordo com uma hipótese
recém lançada, o homossexualismo pode não estar
no próprio DNA, isto é, pode não ser uma herança genética. Em vez disso, com o
desenvolvimento do embrião, genes relacionados ao sexo são ligados e desligados
em resposta à flutuação dos níveis hormonais no útero, produzidos pela mãe e
pela futura criança. Isso beneficia o feto, no entanto, se essas mudanças
epigenéticas persistirem uma vez a criança nascida, e este tiver seus próprios
filhos, alguns destes descendentes, a terceira geração ou os netos, poderão ser
homossexuais (Nanocell News 2014). Um outro estudo relata que esse comportamento
pode ter relação com os hormônios, pesquisas foram feitas com a progesterona,
que é um hormônio presente em nosso corpo que está relacionado com o cheiro e
as relações sociais. No estudo verificou que mulheres com altos níveis de
progesterona são mais susceptíveis à ideia de fazer sexo com outras mulheres.
Porém ainda não há uma explicação biológica correta para este comportamento.
A homofobia definida como atitude de hostilidade
para com os homossexuais (BORRILLO, 2001), e ainda está bem longe de acabar. No
mundo atual ainda há casos de muitos crimes e violência por discriminação
sexual relatados na mídia, tendo na maioria das vezes um final trágico. A lei
contra a homofobia ainda está em planejamento e a
Constituição Federal brasileira não cita a homofobia diretamente como um crime,
porém, define como “objetivo fundamental da República” (art. 3º, IV) o de
“promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade,
ou quaisquer outras formas de discriminação”. É essencial ter consciência
de que a homofobia está inclusa no item “outras formas de discriminação” sendo
considerada crime de ódio e passível de punição Através da Lei
Estadual 10.948/2001 estabelecida por São Paulo (DECRADI). O homossexualismo é tratado como um assunto
muito polêmico, principalmente dentro das igrejas e as pessoas ao se falar em homofobia, fala-se da
visão distorcida que se tem sobre o modo de ser de algumas pessoas que foge do
padrão que muitos consideram “normal”. É algo que já existe há muito tempo
porém é preciso mudar pois as diferenças existem e são uma realidade que todos
deveriam aceitar.
O
presente estudo foi elaborado para disciplina de Etologia e teve como base as
fontes:
A homossexualidade pode ser desenvolvida no útero devido as
mudanças epigenéticas. em:
http://www.institutonanocell.org.br/a-homossexualidade-pode-ser-desenvolvida-no-utero-devido-as-mudancas-epigeneticas/> Acesso em: 26 ago. 2015.
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