terça-feira, 22 de setembro de 2015

A Homossexualidade não é uma doença

Série Ensaios: Sociobiologia
Por: Kaleandra Krama
Acadêmica do curso de Ciências Biológicas PUCPR


No dia 13 de junho de 2015, ocorreu um fato que chocou o país. Um estudante de 14 anos conhecido como Rafael Melo, morador de Espirito Santo foi morto a pedradas, e o motivo segundo o relato da mãe Wanderléia Barbosa, de 33 anos foi a homofobia. “Muitas pessoas implicavam com ele, caçoavam e o xingavam. Implicavam com o jeito dele andar e por ele fazer roupas. Ele sofria muito, por isso meu filho era uma pessoa de poucos amigos e muito fechado”, descreve a mãe de Rafael.

 Muito mais do que as pessoas imaginam o homossexualismo que é definido como o relacionamento envolvendo duas pessoas do mesmo sexo já existe a muito tempo, desde a época da bíblia, porem o termo só foi conhecido por volta de 1869 (SIMPSON et al, 2007). A homossexualidade era conhecida como sodomia desde a Antiguidade Clássica até o Colonialismo português na América (COULOMB, 2010), e sempre foi considerada pecado, porém não tratava apenas de homossexualismo mas também certas formas sexuais (masturbação, zoofilia etc....). Na sociedade grega as relações sexuais com o mesmo sexo eram bem comuns, porém não era aceita perante a sociedade. No início da Idade Média, a pena para quem praticasse atos sexuais com alguém do mesmo sexo era a penitência, Essas comunidades foram crescendo e incomodando a Igreja e o Estado. Na Alta Idade Média, período de auge do poderio da Igreja, as comunidades urbanas e a nobreza criaram uma série de normas, cada vez mais rígidas, para combater a homossexualidade. No século XIII, diversos manuais surgiram para os confessores, eram chamados de Summae (COULOMB, 2010). E no ano de 1591 houve os primeiros julgamentos de homossexualismo feminino, e por volta do século XVI os culpados do crime de homossexualismo eram penalizados com a morte na fogueira, seus bens eram confiscados e os filhos considerados infames, e no século xx grupos começaram a lutar pelos direitos e discriminação e assim surgiu o movimento LGBT. Nos dias atuais os homossexuais estão conseguindo um espaço cada vez maior no mundo, no Brasil já a algumas leis que beneficiam esses casais homo afetivos como a união estável, orientação sexual, etc.
Longe de ser um comportamento ligado somente a humanos, o homossexualismo também está muito presente no reino animal fazendo parte do seu dia-a-dia. Os cientistas já observaram comportamento homossexual em mais de 1 500 espécies de animais, incluindo mamíferos, aves, répteis, peixes, anfíbios, insetos e até vermes nematoides (Lopes & Manuel, 2011). Segundo (Lima, 2015) os animais tem esse tipo de comportamento por motivos diferentes, por exemplo, macacos japoneses e outros grupos de macacos usam esses tipos de interações para reconciliação, ou seja como um pedido de desculpas, femêas de albatrozes podem se unir para cuidar de filhotes tendo mais sucesso na criação da prole, moscas como a drosophila praticam o cortejo com o mesmo sexo, golfinhos nariz de garrafa tem essa interação para formar alianças e evitar conflitos, bisões tem como objetivo reforçar a hierarquia,  e também há animais que usam o homossexualismo quando a população é muito grande, e desta forma evita a reprodução. Existem ainda muitos outros exemplos de animais que usam esse comportamento que não está relacionado somente ao prazer, e sim a forma como muitos animais adotam como estratégias de sobrevivência para o grupo.
Muitas explicações estão surgindo sobre o homossexualismo e de acordo com uma hipótese recém lançada, o homossexualismo pode não estar no próprio DNA, isto é, pode não ser uma herança genética. Em vez disso, com o desenvolvimento do embrião, genes relacionados ao sexo são ligados e desligados em resposta à flutuação dos níveis hormonais no útero, produzidos pela mãe e pela futura criança. Isso beneficia o feto, no entanto, se essas mudanças epigenéticas persistirem uma vez a criança nascida, e este tiver seus próprios filhos, alguns destes descendentes, a terceira geração ou os netos, poderão ser homossexuais (Nanocell News 2014). Um outro estudo relata que esse comportamento pode ter relação com os hormônios, pesquisas foram feitas com a progesterona, que é um hormônio presente em nosso corpo que está relacionado com o cheiro e as relações sociais. No estudo verificou que mulheres com altos níveis de progesterona são mais susceptíveis à ideia de fazer sexo com outras mulheres. Porém ainda não há uma explicação biológica correta para este comportamento.
A homofobia definida como atitude de hostilidade para com os homossexuais (BORRILLO, 2001), e ainda está bem longe de acabar. No mundo atual ainda há casos de muitos crimes e violência por discriminação sexual relatados na mídia, tendo na maioria das vezes um final trágico. A lei contra a homofobia ainda está em planejamento e a Constituição Federal brasileira não cita a homofobia diretamente como um crime, porém, define como “objetivo fundamental da República” (art. 3º, IV) o de “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, ou quaisquer outras formas de discriminação”.  É essencial ter consciência de que a homofobia está inclusa no item “outras formas de discriminação” sendo considerada crime de ódio e passível de punição Através da Lei Estadual 10.948/2001 estabelecida por São Paulo (DECRADI).  O homossexualismo é tratado como um assunto muito polêmico, principalmente dentro das igrejas e as pessoas ao se falar em homofobia, fala-se da visão distorcida que se tem sobre o modo de ser de algumas pessoas que foge do padrão que muitos consideram “normal”. É algo que já existe há muito tempo porém é preciso mudar pois as diferenças existem e são uma realidade que todos deveriam aceitar.

O presente estudo foi elaborado para disciplina de Etologia e teve como base as fontes:

A homossexualidade pode ser desenvolvida no útero devido as mudanças epigenéticas. em: http://www.institutonanocell.org.br/a-homossexualidade-pode-ser-desenvolvida-no-utero-devido-as-mudancas-epigeneticas/> Acesso em: 26 ago. 2015.

BORILLO, D. A homofobia. 2001. https://ab410ee4-a-62cb3a1a-s-sites.googlegroups.com/site/concursonigs/referencia-da-semana/ahomofobiaumtextodedanielborrillo/homofobia_borrillo_pt.pdf?attachauth=ANoY7cpXt8mJp7NfxglWwJXxnjgZDICPcr6RVPng3xaQ_7R552pwgToQMW2MxiilVYWYxwuUSYbqsrfrNMhD2zjb0e45DaxY-FegHy4kJaLxXF1DIOmQjOBdga2sDPib7GJmNKoA1Srmfmgh7nH132B2BEEOUGFGhxryppT14KFD67NsDSv2_d1bEuYEU49qz4N6VOPtE5PI2b0GQndWekK2bkVwjK4ygOrKWD4AtITlYxIvCzzCxivVeH2s8jFziJpMkU762vu2SuDKByRI23tJVnUI420fUwH_e2vvZfO7TwG87aXS6VQ%3D&attredirects=0

BOUER, J. Homossexualidade foi essencial para a evolução humana, sugere estudo. 2014. http://doutorjairo.blogosfera.uol.com.br/2014/11/26/homossexualidade-foi-essencial-para-a-evolucao-humana-sugere-estudo/> Acesso em: 26 ago. 2015.

Estudante do ES é morto à pedradas e mãe crê em homofobia.


FORASTIERI, Valter. Orientações sexuais, evolução e genética.Candombá–Revista Virtual, v. 2, n. 1, p. 50-60, 2006.http://revistas.unijorge.edu.br/candomba/2006-v2n1/pdfs/ValterForastieri2006v2n1.pdf> Acesso em: 26 ago. 2015.

GWERCMAN, S. O Brasil e os homossexuais. Super interessante. 2014. http://super.abril.com.br/comportamento/o-brasil-e-os-homossexuais-sim> Acesso em: 26 ago. 2015.

KRUGER, F.M. O projeto de lei federal sobre a homofobia. Disponivél em <http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8228> Acesso em: 26 ago. 2015.


LIMA, D. A homossexualidade no reino animal é natural.< Acesso em: http://www.conscienciacomciencia.com.br/2010/07/22/a-homossexualidade-no-reino-animal-e-natural/> Acesso em: 26 ago. 2015.

LOPEZ, R.J ; MANUEL, M. Não somos a única espécie gay. Revista Super interessante. Ed 289. 2011. . Acesso em: 26 ago. 2015.



Simpson, C. A., de Miranda, F. A. N., de Azevedo, D. M., & dos Santos Mundo, M. M. (2008). Trajetória de vida de um homossexual: entre o silêncio e a opressão. Ciência, Cuidado e Saúde, 6(4), 424- 432.http://eduem.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/3669/2679>.Acesso em: 26 ago. 2015.

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