sábado, 19 de setembro de 2015

A BioÉtica ConVida suas crianças a percorrerem o Caminho do Diálogo

No dia 14 de Setembro de 2015 - durante o CI Congresso Brasileiro de Biologia - ocorreu a primeira versão do Caminho do Diálogo.



O Caminho do diálogo foi uma oportunidade do estudante reviver o processo de ensino-aprendizagem adotado pelo filósofo grego Aristóteles denominado de “Peripatético” cujos conhecimentos eram compartilhados com seus estudantes por “preleções” realizadas durante passeios pelos jardins de Atenas. Considerando que na atualidade ainda buscamos meios para substituirmos as cansativas aulas expositivas em ambientes fechados, podemos considerar a metodologia de Aristóteles um tanto inovadora e revolucionária.
O Caminho do Diálogo da PUCPR foi composto por 12 células de onde emergiam as Árvores da Vida. A terminologia tradicionalmente incorpora em seu conceito significações utilizadas por religiões como o Cristianismo e a Cabala, pela ciência por representar a evolução dos seres vivos e pela cultura por denominar filmes e álbuns musicais. No contexto Ecológico a Árvore representa a base, o fundamento e os pilares dos ecossistemas, é o meio de promoção dos ciclos de nutrientes, dos ciclos biológicos, sazonais e anuais. Para nós no contexto Bioético, a Árvore da Vida é a ponte entre o conhecimento (a base) e a transformação deste (ciclagem) em atitudes justas e éticas que respeitem o valor de todas as formas de vida que compõe nosso planeta. As árvores da vida possuem frutos, esses frutos são as atitudes, crenças, valores, significações que alimentam as sociedades num contexto atemporal e sem barreiras geográficas. Assim inúmeros fatores culturais, biológicos, psicológicos e sociais contribuem para composição dos frutos que podem ser benéficos para uns e não para outros, gerando vulnerabilidades. Por isso a ponte, o diálogo, a reflexão, o olhar para outro, vem com a proposta de construirmos meios para que as árvores se fortaleçam.
O caminho do Diálogo foi estruturado para crianças e pré-adolescentes de 9 a 14 anos, estudantes do Ensino Fundamental de escolas da rede pública e privada.  A ação foi amplamente divulgada nas redes sociais (foi criado um evento no FB e grupo no whatsup) intencionando gerar um movimento que estimulasse que responsáveis por crianças dessa faixa etária trouxessem-nas para participar, independente da iniciativa da escola, tivemos poucos, mas tivemos visitantes. As escolas foram contatadas diretamente através de banco da própria universidade e contatos diretos com ex-alunos e colegas e compartilhamento do convite por e-mail e FB. Todos deveriam sua inscrição on line.  Nossa primeira versão contou com a participação de 3 escolas da rede pública, sendo uma de Curitiba e duas da região metropolitana, Pinhas e São José dos Pinhas - totalizando cerca de 350 crianças distribuídas nos períodos manhã e tarde.
A ação foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da PUCPR, os pais assinaram o TCLE e os Alunos o Termo de Assentimento.
O caminho do diálogo foi norteado pelo caminho coberto pelo toldo branco que percorre todo o campus. O ponto de partida e de chegada foi a Concha Acústica – uma estrutura histórica originária da Tribuna do Hipódromo do Guabirotuba, inaugurado em 1899 categorizado como UIP - Unidade de Interesse Patrimonial –
Inicialmente foi apresentada a proposta, ressaltando o papel da bioética na promoção do diálogo para resolução de conflitos e principalmente a importância dos valores utilizados na tomada de decisões e que estes devem ser bons não apenas para um indivíduo, mas para todos. E para sabermos o que é bom para outro, devemos ouvi-lo, conhecê-lo, e caso haja uma discordância devemos encontrar uma solução consensual e justa.
Após a explicação da proposta e do termo de assentimento e que eles fariam parte de uma pesquisa, os alunos foram divididos em grupos de forma que percorressem todo caminho e participassem de três árvores. Ao percorrer o caminho esteve em contato com frases, imagens, instalações com intuito de despertar a sua percepção para questões abordadas pela Bioética.
As árvores eram compostas por mediadores, mestrandos em Bioética – tivemos a excelente participação de 28 de nossos alunos e de 10 professores do programa que contribuíram tanto na orientação quanto na própria ação. Os mediadores lançavam uma pergunta relacionada com desigualdades e o tema da árvore e utilizando frutos confeccionados brilhantemente com garrafa pet – doadas pelo grupo – e produzidas pela mãe artesã de uma de nossas mestrandas. Esses frutos continham argumentos pró- e contra, então, as crianças eram estimuladas a refletiram sobre o certo ou o errado, o justo e o injusto e posicionar os frutos nos respectivos lados da árvore que era uma planta do jardim. Os mediadores foram auxiliados por monitores, alunos da graduação da PUCPR de diferentes cursos, como Biologia, Psicologia, Nutrição, Teologia, Direito, Turismo, Filosofia, contamos com a excelente participação de 73 acadêmicos. Que além de anotarem, ajudavam na orientação e na condução das crianças. Além de terem aproveitado muito das discussões para sua própria formação profissional e pessoal. Todos os mediadores e monitores estavam identificados com roupas pretas e camiseta do congresso. 

Nós tivemos 12 árvores

1.    Árvore da vida Espiritualidade


 
2.    Árvore da vida Qualidade De Vida
3.    Árvore da vida Segurança Alimentar
4.    Árvore da vida Recursos Naturais
5.    









Árvore da vida Biotecnologia
6.    Árvore da vida Cuidados Saúde
7.    Árvore da vida Vulneráveis

8.    Árvore da vida Ética Animal
9.    Árvore da vida etica em Pesquisa Com Humanos
1Árvore da vida Biodireito

Árvore da vida Educação

1 Árvore da Vida Família


No final das três árvores, os alunos foram recepcionados com um lanche com frutas e um brinde que era um copo telescópio, incentivando atitudes sustentáveis.
No final foi elaborado um questionário para todos os envolvidos avaliarem o processo o qual pretende-se publicar em breve
Ainda não tenho todos os relatos, mas do que já chegou até mim a ação – como é de se esperar de tudo que vem da Bioética – mexeu com estruturas racionais e emocionais de todos. Ouvi relatos emocionados de professores, que se sentiram renovados ou colocar todo seu conhecimento acadêmico em uma linguagem diferente atingindo aqueles que são nossas esperanças em resolver todas essas questões.
Mestrandos me passaram relatos como esse “quando ingressei no mestrado em bioética pensei que minha vida mudaria após 2 anos. Com certeza mudei como profissional e como pessoa e cada dia que passa tenho mais certeza que encontrei meu caminho. E neste caminho pessoas especais estão sempre pensando num mundo melhor. Esta ação nos deixa de ensinamento que podemos sim transformar o mundo, basta ter vontade”. 
Um relato de um acadêmico “adorei a experiência e achei muito válida. A mudança começa com as crianças e adolescentes sem dúvida e eu achei muito legal participar dessa construção”.
Relato dos professores do ensino Fundamental: “meus alunos adoraram, a experiência foi muito boa e bacana até a equipe que foi junto me auxiliar no cuidado com as crianças ficou muito envolvida e admirada com trabalho proposto”. E do outro professor: “Efetivamente a atividade foi um diferencial na vida de muitas crianças e que seja o primeiro de muitos eventos como esse. Com certeza devemos continuar investindo neste diálogo da universidade com as crianças ainda nas fases iniciais de escolarização, esse parece ser o caminho para o desenvolvimento dos princípios não apenas relacionados à bioética, mas a universidade do conhecimento”.

Eu estou extremamente emocionada com os resultados dessa ideia do Dr. Gerson que eu gestei, o mais bacana foi ver o envolvimento de todos, como os diferentes níveis - professores doutores, mestrandos, acadêmicos, crianças -  em um mesmo lugar do espaço - igualados na discussão a respeito de questões que ainda nos atormentam. O resultado dessa ação só confirma minha visão - segundo alguns, extremamente romântica e sonhadora - que percorrer o caminho da bioética é uma missão de vida, um estilo de vida, que congrega pessoas que querem fazer algo efetivo pela vida. Me senti muito honrada em poder proporcionar esse turbilhão de experiências - ainda não totalmente digeridas -  para o Congresso Brasileiro de Bioética, para nosso Curso de Mestrado em Bioética da PUCPR– para a Sociedade Brasileira de Bioética, pois esse era um sonho antigo, uma semente que começa a germinar e acena para novos rumos da Bioética Brasileira. 

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