Série Ensaios: Ética Animal
Por Renata Lumi Iwamoto
Acadêmica do Curso de pós-graduação em Conservação
da Natureza e Educação Ambiental
Uma notícia publicada no site da UFPE em agosto de 2011, mostrou
como o ecoturismo vem prejudicando a fauna marinha dos recifes de Porto de
Galinhas-PE. Cerca de 800 mil turistas viajam para conhecer os famosos recifes,
caminhar sobre as formações calcárias e mergulhar em meio a peixes coloridos e
cavalos-marinhos. Atividades que resultaram em uma redução de 55% na quantidade
de animais que vivem em meio às algas incluindo a diminuição de 11% entre as
espécies de microcrustáceos, que servem de
alimentos para os peixes dos recifes.
No Brasil, o ecoturismo foi
introduzido na década de 1980, devido à tendência mundial de valorização do
meio ambiente, porém esse tipo de turismo ganhou visibilidade apenas com a Rio 92. O Brasil como sendo um dos países com
maior biodiversidade pela riqueza de seus biomas e seus diversos ecossistemas,
apresenta um cenário rico para esse segmento. Esse
tipo de turismo vem crescendo mundialmente devido ao estresse causado pela vida
no espaço urbano. Cada vez mais as pessoas sentem a necessidade de se afastar
das cidades, pois estão exaustas do barulho, da poluição, da violência e dessa
forma, busca lugares onde o ar é puro, o barulho é unicamente da natureza e
encontre paraísos ecológicos.
Um dos marcos para o
desenvolvimento responsável e sustentável do turismo mundial foi a criação do Código Mundial de Ética do Turismo,
estabelecido pela Organização Mundial do Turismo (OMT), criado para minimizar
os efeitos negativos do turismo para o meio ambiente e para o patrimônio
cultural. Este código determina que a infraestrutura deve ser planejada e as
atividades turísticas programadas de forma a proteger o patrimônio natural,
constituído pelo ecossistema e pela biodiversidade, além de preservar as
espécies ameaçadas da fauna e da flora selvagens. Porém, o turismo ecológico
deve ser visto como uma tipologia turística que requer muito cuidado em sua
aplicação, pois por mais que o visitante possua alguma preocupação ecológica,
querendo ou não, sempre haverá impactos, por isso, deve ser cuidadosamente
trabalhado, para que todos saiam ganhando, pois quando bem aplicado, promove a
proteção da natureza e atrai a atenção dos visitantes.
Atualmente o ecoturismo é utilizado em
vários projetos como fonte de preservação de espécies ameaçadas. O Projeto
Onçafari,
por exemplo, tem o objetivo de estimular o ecoturismo no pantanal como fonte de
renda alternativa aos proprietários de terra para que preservem o ecossistema e
as espécies que nele vivem. O projeto consiste na habituação de onças pintadas
a veículos, fazendo com que elas aceitem ser avistadas por pessoas nos
veículos, sem deixarem de ser selvagens. Outro projeto bastante conhecido é o Tamar, onde as
tartarugas marinhas tornam-se atrativos importantes para o ecoturismo. Este projeto mantém seus Centros de Visitantes, em
áreas anexas às bases de pesquisa e conservação, contribuindo diretamente para
diversificar e enriquecer os atrativos e ampliar os fluxos turísticos gerados
pelo carisma das tartarugas marinhas.
Com o objetivo das
práticas sustentáveis, as atividades do ecoturismo deveriam causar impactos
mínimos ao meio ambiente, porém muitas vezes não é o que acontece. Os ambientes
naturais são modificados drasticamente para a construção de melhor
infraestrutura e melhores equipamentos turísticos, consequentemente os recursos
naturais estão sendo escasseados para atender às demandas dos turistas. Dessa
maneira, os animais que habitam essas florestas acabam sendo prejudicados, pois
eles dependem integralmente da natureza para sua sobrevivência.
Outro problema causado
pelo ecoturismo é a alimentação artificial para atrair os animais, causando não
só problemas para saúde, como também alterações no comportamento,
desequilíbrios populacionais e geração de dependência. Foi o que aconteceu com
as arraias nas Ilhas Cayman.
Foi realizada uma pesquisa
afirmando que a visita de mais de um milhão de turistas por ano fez com que os
animais se tornassem letárgicos, agressivos durante o período de reprodução e
dispostos a estarem perto de outras arraias, ao contrário do que acontece com
as arraias selvagens, são solitárias e com hábitos noturnos. Elas buscam
alimentos durante a noite, percorrendo grandes distâncias até acharem comida, e
raramente encontram outras arraias em seu percurso.
Eu como bióloga, acredito que o ecoturismo é válido, mas
apenas na teoria, pois a ideia de conservação e preservação da natureza através
da educação ambiental é a melhor maneira para sensibilizar as pessoas a
respeito do meio ambiente. Porém muitas vezes esta prática está mais
relacionada com a rentabilidade e o status do que a conscientização e a
natureza em si. Os animais são muito prejudicados e muitas vezes são utilizados
como entretenimento, sofrem, contraem doenças, apenas para entreter as pessoas;
Deixando de lado o termo “Eco”, podendo ser substituído pelo termo “Antropo”.
O
presente ensaio foi elaborado para a disciplina de Ética no uso de animais
baseando-se nas seguintes referências:
http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna-brasileira/projetos-de-conservacao.html
http://www.turismo.gov.br/export/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloads_publicacoes/Ecoturismo_Versxo_Final_IMPRESSxO_.pdf
http://www.estig.ipbeja.pt/~ac_direito/2004_NiceiaRodriguesAlencastro.pdf
http://w3.ufsm.br/gpet/engrup/iiiengrup/15.pdf
http://www.wconservation.com/
https://www.ufpe.br/agencia/index.php?option=com_content&view=article&id=40964:pesquisa--ecoturismo-prejudica-fauna-marinha-dos-recifes-de-porto-de-galinhas-pe&catid=9&Itemid=73
http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/desenvolvimento_sustentavel/
http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/antropocentrismo-x-ecocentrismo-na-ci%C3%AAncia-jur%C3%ADdica
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/conferencia-onu-meio-ambiente-rio-92-691856.shtml
https://www.youtube.com/watch?v=ovu_pVcTJkw
Nenhum comentário:
Postar um comentário