Série
Ensaios: Ética Animal
Por: Debora de Freitas
Barbosa
Acadêmica
do Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental
“Cecy Passos, 40, é dona e empresária da gata Nikole. A bichana de 10 anos tem uma
carreira de colocar inveja. Assina linha de produtos felinos, abre desfiles de
moda, tem site e seguidores no Twitter e é comparada a Gisele Bündchen do mundo felino”.
Cada vez
mais as famílias dão destaque aos seus cães e gatos. O tratamento que antes os
limitava a animais
de estimação agora sobe para um patamar de membro integrante da família e não
é apenas o título, tudo está mudando. A alimentação
antes limitada à rações convencionais está sendo complementada com uma gama de
cores, sabores, vegetarianas e até light
para o controle do peso. O seu guarda-roupa está repleto de trajes, adereços,
perfumes, cosméticos e sapatinhos. Segundo dados
da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS)
divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de cachorros em 2013 nos domicílios
brasileiros superou em mais de duas vezes a de gatos. Há 52,2
milhões de cães e 22,1 milhões de gatos. Os
habitantes da Região Sul são os que mais criam cachorros no país, com 58,6% dos
domicílios tendo ao menos um animal. O Paraná com 60,1% é o estado que lidera o
ranking de domicílios com cachorros. Já em 2014 a ABINPET (2014)
divulgou que o Brasil possui cerca de 100 milhões de pets. Vendo isso como
oportunidade, o segmento pet e veterinário faturaram cerca de 16 bilhões de
reais só no ano passado. Basta uma rápida pesquisa para encontrar diversos
estabelecimentos que oferecem tratamento diferenciado aos pets, como por
exemplo: sessões de massagem, hidratação do pelo, banho de ofurô relaxante, petiscos
diferenciados, academia para perda de peso, entre outros. Algumas pessoas
podem se perguntar: Há algum mal nisso?
Existem
diversas implicações éticas por detrás desse cuidado excessivo com os animais
de estimação que englobam as diversas “nuances” da biofilia. Dentro desse
excesso de tratos com os animais, podemos observar desde a humanização até
casos de zoofilia. O próprio ser humano sofre uma perda quando passa a
idealizar uma relação de amor com os animais e espera que eles se comportem
como seres humanos. O contato com animais de estimação certamente supre
carências afetivas e emocionais, mas essa alegria não deve substituir as
relações humanas na vida das pessoas. Os
animais estão sofrendo um processo denominado antropomorfização,
ou seja, graças ao tratamento e cuidado exagerado que os animais recebem, eles
estão assumindo características restritas aos seres humanos. As pessoas estão
atribuindo características e sentimentos ao animal que lentamente perde sua
identidade e apresenta comportamento agressivo e antissocial quando próximo a
outros animais, dependência, carência, ciúmes, além de diversas doenças antes restritas aos seres
humanos.
Eu como bióloga acredito que
o problema não está em chamar os animais de filho ou dar algumas regalias, mas
sim em projetar ao cão a imagem e semelhança do ser humano. Podemos observar
que os animais estão exibindo cada dia mais problemas de saúde idênticos aos
que os seres humanos apresentam como neuroses, depressão, ansiedade e obesidade
e isso é algo totalmente diferente a natureza deles. Para que o animal viva
feliz e saudável precisamos apenas proporcionar uma boa alimentação, atividades
físicas, um ambiente saudável e visitas ao veterinário, e companheirismo. O
animal não necessita de roupas caras, perfumes, ir a desfiles de moda e pratos
gourmet, o animal necessita apenas ser amado.
O
Presente Ensaio foi elaborado para disciplina de Ética no uso de Animais e
Bem-estar animal, tendo como base as seguintes referências:
Borges, F. F.
(2015) Os perigos das humanização de animais. Reportagem disponível em: http://jornalismocontemporaneofernandafb.blogspot.com.br/2015/04/humanizacao-de-animais-ate-onde-vamos.htmlCavalcante, J. C. S. (2013) A humanização dos animais. Reportagem disponível em: http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/a-humanizacao-dos-animais/269110
Domingues, A. (2013) “Humanização” dos animais deve ser evitada. Reportagem disponível em: http://www.petrede.com.br/2013/animais/humanização-dos-animais-deve-ser-evitada/
Lisboa, V. (2015) IBGE: Para cada gato doméstico, brasileiros têm dois cachorros de estimação. Reportagem disponível em: http://www.brasilpost.com.br/2015/06/02/ibge-pets_n_7493290.html
Oliveira, K. M. (2009) Os perigos da humanização de animais. Reportagem disponível em: http://www.fiamfaam.br/momento/?pg=leitura&id=1558&cat=1
Sacchi, T. (2013) A humanização dos animais de estimação. Reportagem disponível em: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2013/03/cbn_vitoria/comentaristas/tatia
na_sacchi/1417740-a-humanizacao-dos-animais-de-estimacao.html
Vines, J. (2010) Especialistas alertam sobre tratamento humanizado aos animais de estimação. Reportagem disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/bichos/810119-especialistas-alertam-sobre-tratamento-humanizado-aos-animais-de-estimacao.shtml
Vou falar do cão poi é o animal que me é mais próximo. O contacto sexual vulgo, zoofilia é tido como imoral e suscetivel de causar sofrimento ao animal.
ResponderExcluirFico baralhada e, não sei o que causará mais dano ao cão. Se o uso de sapatilhas que apenas evitam que ele sinta o chão e consiga sentir a terra nas sua unhas. Se um par de óculos escuros que apenas evitam que ele observe o mundo com as suas cores naturais e o consiga identificar. Se um par de agasalhos ou adreços que mais não fazem do que causar um calor excessivo ao animal- Se um perfume de fama que lhe vai distorcer o olfato tornando-o, a prazo, um cão incapaz de identificar uma cadela no cio. Ou se pelo contrário apenas permitir que ele faça uma coisa para a qual foi mandatado pela Natureza, cobrir uma fêmea em que ele sinta o odor apelativo para a procriação. Esse sim é um cão feliz.