Série
Ensaios: Ética Animal
Por Renzzo
Henrique Lepinsk Lopes
Acadêmico
do curso de Ciências Biológicas da PUCPR
Will era um leão que foi resgato de um circo
que se apresentava no Rio de Janeiro. Viveu 13 enjaulado sem espaço e sem
liberdade até que foi resgatado pelo Rancho dos Gnomos, uma associação não
governamental que acolhe os tipos de espécie animal em situações de risco e
vítimas de crime ambiental, como tráfico, indústria da pele ou circo, que foi o
caso de Will.
O
Rancho dos Gnomos existe desde 1991 e oferece suporte aos órgãos
oficiais brasileiros (IBAMA, Polícia Militar Ambiental, Polícia Federal, Defesa
Civil, Secretarias do Meio Ambiente, entre outros), acolhendo animais 24 horas
por dia. Apesar
de já ter sido registado em 2006, o vídeo só
foi publicado recentemente pela organização como parte de uma campanha para
arrecadação de recursos para o Rancho que abriga cerca de 230 animais. No vídeo podemos ver a reação do leão, ao ser
solto em um espaço mais adequado, com terra, grama, árvores. Will
morreu em 2011. No entanto, pode aproveitar a liberdade dos
últimos cinco anos da sua vida. Segundo Marcos Pompeu, fundador da associação
brasileira, que acompanhou Will durante estes últimos anos, "ele
foi um leão feliz", garante.
António
Damásio, um dos maiores nomes da neurociência na atualidade,
explica a diferença entre emoção e sentimento em uma entrevista à
revista Veja: A emoção é um conjunto de
todas as respostas motoras que o cérebro faz aparecer no corpo em resposta a
algum evento. É um programa de movimentos como a aceleração ou desaceleração do
batimento do coração, tensão ou relaxamento dos músculos e assim por diante.
Existe um programa para o medo, um para a raiva, outro para a compaixão etc. Já
o sentimento é a forma como a mente vai interpretar todo esse conjunto de
movimentos. Ele é a experiência mental daquilo tudo. Alguns sentimentos não têm
a ver com a emoção, mas sempre têm a ver os movimentos do corpo. Por exemplo,
quando você sente fome, isso é uma interpretação da mente de que o nível de
glicose no sangue está baixando e você precisa se alimentar. As
emoções raramente aparecem em forma pura, isoladas das outras emoções. Nas
pessoas, raiva e medo, medo e amor, amor e vergonha, vergonha e mágoa sempre
convergem em situações particulares (MASSOM e MCCARTHY, 1998). O Dr. Jaak
Panksepp, neurocientista, chama os centros emocionais de “emoções
fundamentais” porque “geram sequências bem organizadas de comportamento que
podem ser evocadas por meio de estimação elétrica cerebral localizada”, ou
seja, quando os sistemas cerebrais de um ou mais centros de emoções básicas são
estimulados, o animal apresenta os comportamentos correspondentes (GRANDIN
& JOHNSON, 2010).
As
emoções fundamentais foram descritas pelo Dr. Jaak Panksepp da seguinte forma:
1. BUSCA: O
impulso básico para procurar, investigar e dar
sentido ao ambiente. Os gatos que vivem soltos não precisam de incentivos para
acionar o seu sistema busca. Eles podem caçar e explorar tudo quanto há. 2. RAIVA: O
Dr. Panksepp acredita que a emoção básica da raiva evoluiu da experiência de
ser capturado e imobilizado por um predador. Por exemplo, quando alguém
imobiliza os braços de um bebê humano junto ao corpo dele, o bebê fica furioso.
A frustração é uma forma amena da raiva, desencadeada por uma coibição mental quando você não pode realizar
alguma coisa que está tentando fazer. Por exemplo, um cão
que não pode pular uma cerca quando vê um esquilo do lado de fora, é uma forma
brande de raiva. 3. MEDO:
Animais e humanos sentem medo
quando sua sobrevivência é ameaçada de qualquer forma, desde o nível físico até
o mental e o social. Por exemplo: um cachorro com medo põe o rabo entre as
pernas e tenta fugir do que lhe causa medo. 4. PÂNICO: O
sistema pânico evoluiu provavelmente da dor física. Por exemplo, todos os
bebês, humanos e animais, choram
quando a mãe sai e um bebê isolado, cuja mãe não volta, tem probabilidade de
deprimir e morrer.
Eu
como formando em Biologia acredito que os animais possuem emoções. Vários
estudos vêm demonstrando resultados plausíveis desta capacidade. Hoje, a
maioria dos cientistas concorda que todos os animais vertebrados – mamíferos,
aves, répteis, anfíbios e peixes – são, em graus variados, sencientes.
Neurocientistas vêm trabalhando com estímulos nos diferentes sistemas
emocionais; quando essas partes são estimuladas no cérebro, tanto os humanos
quanto os animais manifestam as mesmas emoções. Sendo assim, compartilhamos os
mesmos centros de emoções básicas que os animais. Isto é muito importante para nós,
donos de animais, uma vez que sabemos dessa nossa inter-relação com nossos
queridos companheiros, temos a responsabilidade de cuidar do bem-estar e da
manutenção dos sentimentos desses seres que nos são tão amados.
O
presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia I se baseando nas
seguintes obras:
DARWIN,
C. A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais (LSL Garcia, Trad.). São
Paulo: Cia. Das Letras.(Trabalho original publicado em 1872), 2000.
GRANDIN,
Temple; JOHNSON, Catherine. O bem estar dos animais. Editora Rocca, 2009.
MASSON,
Jeffrey; MCCARTHY, Susan; CORTES, Paula. Quando os elefantes choram. A vida
emocional dos animais. São Paulo, Geração Editorial, 2001.
Links
dos vídeos:
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