sábado, 23 de maio de 2015

Nos deparando com a consciência de que eles também são conscientes!!




Série Ensaios: Ética Animal

Por Josiane Mann
Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas PUCPR

O vídeo “Macacos-prego da caatinga utilizam varetas como ferramentas” faz parte de um estudo do Departamento de psicologia Experimental do Instituto de Psicologia, no vídeo é relatado que no Parque Nacional da Serra da Capivara, no sul do Piauí, os grupos que estavam sendo observados utilizavam-se de pedras e varetas como ferramentas para conseguir alimento. Esses comportamentos relatados podem reforçar a ideia de que animais possuem consciência.

 
Desde o Meno de Platão a natureza da consciência foi objeto de intenso interesse filosófico. Entretanto, a especulação sobre as bases da consistência passou a se estabelecer na compreensão científica sobre como o cérebro funciona, somente nos últimos cem anos. Atualmente, existe um consenso de que a consciência é a propriedade de estar consciente de si mesmo e de seu lugar no ambiente (Damásio, 2011; Kandel,2003; Kolb & Whishaw, 2002). Cientistas concordam que a consciência não é um processo único, mas sim, uma coleção de vários processos, como os envolvidos à visão, à fala, ao pensamento, à emoção, entre outros (Kolb & Whishaw, 2002).  Com diferentes aspectos como nível generalizado de alerta, atenção, seleção do objeto da atenção baseada em objetivos, motivação e início da atividade motora e cognitiva, a consciência, está associada à atividade de neurotransmissores específicos produzidos pelos neurônios do tronco encefálico e transportados para o cérebro pelo sistema de ativação reticular. Os neurotransmissores são a serotonina, norepinefrina, acetilcolina, e dopamina (Lundy, 2008; Kolb & Whishaw, 2002).
            E porque somos conscientes? A resposta mais simples a esta questão é que ter consciência é o mesmo que ter mais vantagens adaptativas, pois ela amplia tanto nossa criação do mundo sensorial quanto nossa seleção do comportamento (Kolb & Whishaw, 2002). Na ausência dela, o nosso ponto de vista pessoal é excluído, deixando-nos sem referencial de nossa existência e se existem outras coisas. Rompe-se as ligações do meio externo com o interno, deixando de existir o self, que liga os inúmeros conteúdos, fazendo com que sejam sentidos e resultando em experiência únicas (Damásio, 2011).  
            Estudos indicam que quanto maior for o cérebro de uma espécie em relação ao seu tamanho corporal, mais conhecimento o cérebro criará. Levando em conta que a consciência amplia nossa criação do mundo sensorial, considerando a consciência visual como um exemplo, animais como os sapos agem como zumbis ao responderem a um estimulo visual. Os sapos produzem respostas visuais bem apuradas, abocanham os objetos pequenos e parecidos com presas e pulam em cima de objetos e vultos, esse tipo de comportamento pode ser explicado pelo reflexo do que pela consciência. Isso porque os sistemas reflexivos são suficientes quando o número de tais sistemas é limitado (Gazzaniga, 2006; Kolb & Whishaw, 2002). 
            A consciência não é sempre a mesma, pois ela tem flutuações podendo ser classificada através de critérios como a intensidade e também a abrangência. No nível de abrangência pode se considerar dois tipos de consciência: o primeiro é a de abrangência mínima denominado consciência central refere-se ao sentimento do aqui-agora, gira em torno de um self central possibilitando uma pessoalidade diferente de identidade. O segundo que é o de grande abrangência denominado como a consciência ampliada ou autobiográfica, essa é a consciência que se manifesta mais acentuadamente quando uma parte substancial da nossa vida está acontecendo, e tanto o passado vivenciado como o futuro esperado dominam a ação, possibilita a pessoalidade e uma identidade (Damásio, 2011).


Eu como formanda em Biologia acredito que a sociedade mudaria de atitude, e também criaria Leis para proteger os animais, do mesmo nível das que protegem os homens, se soubessem o quanto consciente são e que não são apenas objetos e alimentos. Pois, como se sentiriam sabendo da dor que eles sentem é a mesma da qual sentimos? E que assim como temos consciência que eles existem, eles também são conscientes de que existem e que nós o fazemos mal, privando-os de bem-estar e subestimando sua capacidade de sobrevivência.  A credito sim, que o homem deixaria de agir com violência tão escancarada, como é hoje. 



 
O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia, baseando-se nas fontes:

Damásio, A. R. (2011). E o cérebro criou o Homem. São Paulo: Companhia das Letras.
Gazzaniga, M. S. (2006). Neurociência cognitiva: a biologia da mente. 2ª Ed. Porto Alegre: Artmed.   
Kolb, B. & Whishaw,I. Q. (2002). Neurociência do Comportamento. Tamboré: Manole.
Kandel, E. R.; Schawartz, J. H. & Jessell, T. M. (2003). Princípios da Neurociência. 4ª Ed. Barueri: Manole.
Lundy- Ekman, L. (2008). Neurociências: fundamentos para reabilitação.  3ªEd. Rio de Janeiro: Elsevier.
Camelo, T. O humano consciente. Acesso em 21 de maio de 2015 ao site: http://cienciahoje.uol.com.br/resenhas/2012/02/o-humano-consciente.
Guia Básico de Neurociências. Acesso em 14 de maio de 2015, ao site: http://www.cerebronosso.bio.br/neurnios/         
Knapp, P.  Terapia Cognitivo-Comportamental na Prática Psiquiátrica. Acesso em 14 de maio de 2015 ao site: https://books.google.com.br/books?id=UWRyYGRaCRwC&pg=PA69&lpg=PA69&dq=consciencia+vantagens+adaptativas&source=bl&ots=U7k0wmrk8F&sig=yWdMu_RYP5H_M-20vantagens%20adaptativas&f=false 23UDhlgMlD8cE&hl=pt-BR&sa=X&ei=ohlVVZWYCIHbggSwyIDAAw&ved=0CDEQ6AEwAw#v=onepage&q=consciencia%
Nicolau, P. F. M. TER CONSCIÊNCIA          . Acesso em 14 de maio de 2015 ao site:
Sabbatini, R. M.E. A Evolução da Inteligência. Acesso em 21 de maio de 2015 ao site: http://www.cerebromente.org.br/n12/mente/evolution/evolution04_p.html
Santana, M. M. Consciência animal: para além dos vertebrados. Acesso em 14 de maio de 2015, ao site: http://jcienciascognitivas.home.sapo.pt/09-03_santana.html
Soares, D. T. (UFBA) ANAIS DO III ENCONTRO CIENTÍFICO NACIONAL DE PESQUISADORES EM DANÇA . Acesso em 14 de maio de 2015, ao site: http://www.portalanda.org.br/anaisarquivos/4-2013-02.pdf
Youtube.  Sapo ataca insetos virtuais e dedo. Acesso em 21 de maio de 2015 disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=iPwmXcMnrvY

Youtube.  Sapo amarelão come rato. Acesso em 21 de maio de 2015,disponível em: 

Youtube.  SBT Repórter - A emoção dos animais. Acesso em 21 de maio de 2015,disponível em:   https://www.youtube.com/watch?v=7GuUH2AKj6M

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