Série Ensaios: Ética Animal
Por Victoria Stadler Tasca Ribeiro
Acadêmica do Curso de
Bacharelado em Ciências Biológicas
Recentemente foi noticiada a futura decisão
sobre o veto ou sanção ao Foie Gras do atual prefeito de São Paulo, Fernando
Haddad. Trata-se do projeto de lei 537/2013, que proíbe a produção e venda da iguaria na
cidade. Os principais motivos para a proibição é o cruel processo em que o
ganso ou pato é forçado a comer, tendo um tubo de 20 a 40 centímetros inserido
até o estômago, fazendo com que seu fígado atinja até 10 vezes mais o seu
tamanho natural e desenvolva uma doença chamada esteatose hepática.
Por serem aves migratórias, estes animais possuem
capacidade natural de acumular gordura. A economia em torno dessa façanha da
natureza é recorde de exportação na
França – cerca de 10 mil toneladas. O prato, comumente servido ao redor do
mundo, é de tradição antiga – há registros de que
egípcios e romanos já o produziam, alimentando as aves com figo durante seis
meses. Em nossa era, foi na França que o prato foi requintado – existem
diversas preparações para a iguaria, bem como para sua produção em larga escala
com a prática Gavage – ao pé da letra,
alimentação forçada.
Além disto, os animais
são confinados em pequenos espaços, aglomerados sob luzes artificiais, e na
hora da morte têm seus pescoços degolados. Nada disso respeita a natureza e
necessidades do animal confinado, o que torna este tipo de prática uma fuga
latente à ética animal. Já dizia o filósofo Peter Singer: “Matar animais para obter comida (exceto
quando estritamente necessário para a sobrevivência) nos faz pensar neles como
meros objetos, que podemos utilizar sem cerimônia para nossos próprios fins não
essenciais. Mesmo que, de fato, com a extinção das granjas industriais muitos
animais não nasceriam (não seriam fabricados), trazê-los à existência para uma
vida desse tipo não é beneficia-los, mas causar-lhes grande malefício”.
No Brasil, a prática
não é comum. Criadouros são encontrados em São Paulo e Santa Catarina, com pouca produção –
e mesmo assim, cruel. O Foie Gras
pode ser encontrado relativamente fácil em mercados-butiques e armazéns, para
quem está disposto a pagar até 400 reais o quilo.
Ainda existem saídas. É
o caso do Foie Gras ético – sem a
violação destes princípios, a fazenda Pateria Sousa, localizada ao Sul
da Espanha, extrai seu produto de gansos criados em liberdade e sem
superalimentação. As aves são criadas durante o outono e inverno, garantido que
elas acumulem naturalmente a gordura natural necessária. Este é um caso
raríssimo, reconhecido
pela ANPAE .
Como formanda em
Biologia acredito que apesar do Foie gras
estar ligado à culinária cultural e mundial, e ter grande apreço gustativo e
econômico, do ponto de vista biológico e ético, não justifica tamanha crueldade
para sua produção. É nosso dever criar estratégias e alternativas para que não
haja desrespeito com os animais, afinal, a ética pode ser harmonizada com as
nossas necessidades.
O presente Ensaio foi
Elaborado para Disciplina de Etologia, baseando-se nas fontes:
Nenhum comentário:
Postar um comentário