Série
Ensaios: Ética Animal
Por
Bruno Madalozzo Body
Acadêmico
do Curso de Ciências Biológicas
Em Portugal, José Pereira iria
despejar seu lixo mais uma vez, como em outro dia qualquer, quando de repente
encontra uma surpresa ao abrir o depósito de lixo. Uma píton albina de 2 metros
se encontrava em meio às sacolas.
Um caso entre milhares que ocorrem
diariamente ao redor do mundo. As pessoas compram animais diferentes, às vezes
pelo gosto, às vezes pelo status, e
então, quando eles atingem tamanhos inesperados para os donos, ou os mesmos se
entediam, são abandonados.
O tema abordado no artigo “A invasão dos pets exóticos”, publicado no blog Biodevaneios, explora uma questão muito importante e de cunho científico, pouca difundida nos meios de divulgação científica: a introdução de espécies exóticas no ambiente urbano.
O tema abordado no artigo “A invasão dos pets exóticos”, publicado no blog Biodevaneios, explora uma questão muito importante e de cunho científico, pouca difundida nos meios de divulgação científica: a introdução de espécies exóticas no ambiente urbano.
O abandono
de animais exóticos pode ocasionar diversos problemas relacionados à saúde
pública, ao bem estar dos próprios animais e ainda ao bem estar de animais
nativos. A maior causa do abandono de animais como Python
bivittatus e Python
regius é o
tamanho que o bicho alcança, podendo facilmente chegar aos 6 metros (as pessoas
esquecem que eles crescem) e o tédio por ter um animal específico por tanto
tempo (répteis podem viver muito!) – e então os soltam nas ruas, estradas, ou matas
nativas. Por esse motivo animais exóticos têm tomado conta de ambientes
urbanos, como é o caso da
província de Colúmbia Britânica, localizada no Canadá.
Mesmo algumas pessoas deixando seus
animais em instituições como a SPCA, o
veterinário Adrian Walton mantém sua opinião quanto essa atitude: as pessoas
precisam pensar mais antes de adquirirem animais exóticos como serpentes ou
lagartos, e se o fizerem, devem cuidar apropriadamente dos bichos. Porém,
o maior impacto que pode ser causado pelo abandono de espécies exóticas é o
desequilíbrio em nichos que já estão bem ajustados. Nos Everglades, regiões pantanosas dos Estados
Unidos, o Sylvilagus palustres, ou Coelho-do-brejo, está
sofrendo uma diminuição drástica de suas populações. Isso é sabido, pois há o
constante monitoramento dos animais por pesquisadores locais, e 77% dos coelhos
monitorados foram predados por pítons birmaneses, as quais estão tomando conta
do ecossistema estudado. Por isso, o maior problema de se
abandonar tais animais é comprometer o bem estar dos próprios animais
abandonados e de nativos.
No entanto, algumas
iniciativas têm se mostrado eficientes ou, no mínimo, alternativas menos
impactantes para as pessoas darem destinos corretos aos seus animais. Os santuários
ecológicos apareceram na década de1990, e aceitam animais de todos os
tipos, desde leões, onças, araras, papagaios, até cães e gatos. Animais
provenientes de circos, resgate de fauna, tráfico ilegal, e, inclusive, animais
exóticos domésticos que precisem de uma destinação apropriada.
Portanto, eu como futuro
biólogo também acredito que é bom pensarmos muito bem antes de adquirirmos um
animal exótico. Um detalhado estudo sobre a espécie, suas necessidades e
cuidados, se faz necessário para mantermos o bem estar dos animais e da fauna
local.
O presente ensaio foi
elaborado para a disciplina de Etologia baseando-se nas seguintes fontes:
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