quarta-feira, 27 de maio de 2015

Animais exóticos introduzidos na selva de pedra



Série Ensaios: Ética Animal

Por Bruno Madalozzo Body
Acadêmico do Curso de Ciências Biológicas

Em Portugal, José Pereira iria despejar seu lixo mais uma vez, como em outro dia qualquer, quando de repente encontra uma surpresa ao abrir o depósito de lixo. Uma píton albina de 2 metros se encontrava em meio às sacolas.


     Um caso entre milhares que ocorrem diariamente ao redor do mundo. As pessoas compram animais diferentes, às vezes pelo gosto, às vezes pelo status, e então, quando eles atingem tamanhos inesperados para os donos, ou os mesmos se entediam, são abandonados.
O tema abordado no
artigo “A invasão dos pets exóticos”, publicado no blog Biodevaneios, explora uma questão muito importante e de cunho científico, pouca difundida nos meios de divulgação científica: a introdução de espécies exóticas no ambiente urbano.
O abandono de animais exóticos pode ocasionar diversos problemas relacionados à saúde pública, ao bem estar dos próprios animais e ainda ao bem estar de animais nativos. A maior causa do abandono de animais como Python bivittatus e Python regius é o tamanho que o bicho alcança, podendo facilmente chegar aos 6 metros (as pessoas esquecem que eles crescem) e o tédio por ter um animal específico por tanto tempo (répteis podem viver muito!) – e então os soltam nas ruas, estradas, ou matas nativas. Por esse motivo animais exóticos têm tomado conta de ambientes urbanos, como é o caso da província de Colúmbia Britânica, localizada no Canadá.
     Mesmo algumas pessoas deixando seus animais em instituições como a SPCA, o veterinário Adrian Walton mantém sua opinião quanto essa atitude: as pessoas precisam pensar mais antes de adquirirem animais exóticos como serpentes ou lagartos, e se o fizerem, devem cuidar apropriadamente dos bichos.   Porém, o maior impacto que pode ser causado pelo abandono de espécies exóticas é o desequilíbrio em nichos que já estão bem ajustados. Nos  Everglades, regiões pantanosas dos Estados Unidos, o Sylvilagus palustres, ou Coelho-do-brejo, está sofrendo uma diminuição drástica de suas populações. Isso é sabido, pois há o constante monitoramento dos animais por pesquisadores locais, e 77% dos coelhos monitorados foram predados por pítons birmaneses, as quais estão tomando conta do ecossistema estudado. Por isso, o maior problema de se abandonar tais animais é comprometer o bem estar dos próprios animais abandonados e de nativos.
  
   No Brasil temos casos da Trachemys dorbign, ou tigre d’água, animal comprado para se ter como pet e que, quando atinge o tamanho adulto acaba assustando os donos, que os abandonam, bem como peixes ornamentais exóticos. 
No entanto, algumas iniciativas têm se mostrado eficientes ou, no mínimo, alternativas menos impactantes para as pessoas darem destinos corretos aos seus animais. Os santuários ecológicos apareceram na década de1990, e aceitam animais de todos os tipos, desde leões, onças, araras, papagaios, até cães e gatos. Animais provenientes de circos, resgate de fauna, tráfico ilegal, e, inclusive, animais exóticos domésticos que precisem de uma destinação apropriada.
Portanto, eu como futuro biólogo também acredito que é bom pensarmos muito bem antes de adquirirmos um animal exótico. Um detalhado estudo sobre a espécie, suas necessidades e cuidados, se faz necessário para mantermos o bem estar dos animais e da fauna local.

O presente ensaio foi elaborado para a disciplina de Etologia baseando-se nas seguintes fontes:









Nenhum comentário:

Postar um comentário