Por Bruna Fontana,
Thalita Tavares e Tuany Rodrigues
Acadêmicos do Curso de Bacharelado em Biologia –
PUCPR
Com o intuito de
sensibilizar a população e aumentar o número de adoções de cães, uma instituição na Nova Zelândia, junto a pesquisas relacionadas à neurociência, está ensinando animais rejeitados à dirigir.
A campanha da Sociedade para Prevenção da
Crueldade contra Animais (SPCA) do país iniciou o projeto com um
aprendizado básico, como sentar na posição para dirigir, apertar o acelerador e
mudar a posição de um câmbio de brinquedo, depois de algumas semanas os cães já
entendiam os comandos, progrediram para movimentos mais complexos, até chegar
ao objetivo.
O referido
estudo só foi possível devido ao avanço da neurociência que atua nas áreas de
comportamento, visão, memória, aprendizado, desenvolvimento, evolução,
fisiologia. Baseado nas áreas de estudo da neurociência há uma confusão
entre duas linhas de pesquisa: a distinção da fisiologia do sistema nervoso (neurofisiologia) e a fisiologia em si são quase que imperceptível, pois ambas
estudam o sistema nervoso mas com finalidades diferenciadas.
Antigamente o
comportamento animal era observado através de duas escolas: a Objetivista na qual era composta por Etólogos, que analisavam o instinto dos animais em seu habitat natural, e o Behaviorismo formado por psicólogos, que observavam animais em cativeiros ou laboratórios,
para compreender o comportamento de acordo com o aprendizado. A junção dessas duas escolas trouxe uma nova ciência com uma grande
importância para a sociedade, a neurociência, que a partir de então começou a
estudar o instinto e o aprendizado juntos. Hoje em dia essa neurociência é
estudada por biólogos, médicos, psicólogos, físicos, engenheiros, filósofos e
economistas. A Neurociência é, portanto uma ciência ampla e que está em
progressivo desenvolvimento na atualidade, como as pesquisas realizadas por Luongo e
colaboradores
no qual
mostra em ratos, o papel de dois anestésicos: diazepam e pentobarbital, em antagonizar os efeitos epileptogênicos do veneno de escorpião. Outro grupo de pesquisadores, avaliaram num estudo
de imagens, feito em voluntários humanos, a ativação da amígdala em indivíduos com depressão maior (não tratados) em relação a indivíduos.
Santiago Ramón, médico e histologista espanhol foi o primeiro cientista a identificar não somente a natureza
unitária do neurônio, mas também a transmissão de informação elétrica em uma única direção:
dos dendritos para a extremidade do axônio - e assim foi considerado fundador da neurociência moderna. No Brasil, o estudo experimental e sistemático da Fisiologia começou no
Rio de Janeiro com pesquisas neurofisiológicas. Thales Martins em parceria com Ribeiro do Valle ajudou a fundar a neuroendocrinologia. Vários fisiologistas dedicados ao estudo do sistema nervoso se
diferenciaram nos anos 1930 e 1940, direta ou indiretamente sob influência de
Miguel Ozório, destacando-se, além de Moussatché, Mario Ulysses Vianna Dias, Tito Cavalcanti e Carlos Chagas Filho.
Então, culminou que os Pesquisadores conseguiram pela
primeira vez, conectar diretamente o cérebro de dois animais de forma que eles
pudessem se comunicar apenas pelos circuitos neurais. A pesquisa, liderada pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, foi realizada
nos laboratórios de Natal (BR) e Durham (EUA). Os dois animais (Long Evan Rats) foram conectados diretamente
pelos sinais elétricos produzidos no cérebro. O rato situado em Natal, chamado
de “codificador” recebia estímulos simples (táteis ou visuais), para exercer
uma tarefa. O rato de Durham, “decodificador” recebia apenas os pulsos
elétricos do primeiro e conseguia executar a tarefa, mesmo sem receber os
estímulos externos diretamente. O cérebro do decodificador passou a sentir o
que as vibrissas (bigodes por onde os ratos tateiam), do codificador sentiam,
sem perder a sensibilidade do próprio corpo. Analisando o
estudo realizado com os cães motoristas, e as linhas de pesquisas que são paralelas,
mas que também estudam o sistema nervoso junto a neurociência, a comunidade
cientifica e a sociedade como um todo começam a dar a devida importância da
compreensão dessa ciência que estuda o cérebro, mesmo sendo futurista, pode
acarretar varias alternativas para solucionar diversos problemas que
enfrentamos hoje, desde sociais, que se aplica ao caso dos cachorros até mesmo
as patológicas, de interesse médico, e andando sempre com um auxilio bioético.
Nós como
formandas em Ciências Biológicas, entendemos o grau de importância do estudo do
cérebro, bem como o uso de animais para pesquisas científicas que podem trazer
sofrimento aos mesmos. Já existem estudos de técnicas alternativas, abolindo o
uso de cobaias, mas que nem sempre pode ser substituído. Alguns estudos não
trazem retorno significativo para a ciência, sendo importante o comitê ético
justo no momento de aprovação destes projetos. Também entendemos que alguns
estudos não são necessários, e que alguns entendimentos não precisam ser
entendidos. Mas como nem tudo é sofrimento, existem muitas pesquisas que beneficiam
eles próprios, mas será realmente que
cachorros dirigindo é uma iniciativa que traz à população a ideia de que
adotar é bom e os “vira-latas” que são inteligentes?
O Presente ensaio foi elaborado para
disciplina de Etologia, baseando-se nas seguintes obras:
LUONGO R., OLIVEIRA D.A., LEBRUN I., SANDOVAL
M.R. Diazepam and pentobarbital protect against scorpion venom toxin-induced epilepsy.
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