Série Ensaios: Aplicação da Etologia
Acadêmicas do curso de Ciências
Biológicas
"No caso O bem que
fizeres a ti retornará que surpreendeu a mídia na última semana, foi
mostrado como a dor de perder alguém de estima não se é vista apenas em
humanos, os animais também sofrem quando um deles se vai. Nessa história, os
cães que sempre foram cuidados com muito carinho pela senhora Margarita Suarez
prestaram uma “homenagem” a ela, comparecendo ao seu funeral e apenas deixando
a cerimônia quando seu corpo foi cremado. Uma história que comove qualquer um
ao perceber que os animais também sentem a dor de perder um ente querido."
A
morte! A única certeza da vida? Como seres vivos, nos deparamos com as etapas
“nascer, crescer, reproduzir, envelhecer e morrer”. E nada mais natural do que esse
processo. A história humana, carregada de crenças e culturas, enfrenta este
ciclo de diferentes formas, principalmente quando tratamos da morte, mais
propriamente dito, o luto. Visões, valores e sentimentos são diversificados em
todo o mundo. Esse sentimento é único, repleto
de etapas. Afinal, o que é o luto? Por que o sentimos? E como sentimos?
O
luto caracteriza-se não só por apenas um sentimento, mas sim um conjunto
deles. Segundo
Freud, o luto é um trabalho psíquico que requer um tempo para elaboração da
perda e da transformação da realidade psíquica, desestruturada pela falta do
objeto perdido. Entretanto, Bowlby postula
que os animais nascem estruturalmente pré-programados para buscar a proximidade
do outro quem será o provedor de cuidados, sem o qual a sobrevivência não está
garantida. É de nossa natureza a necessidade
de atribuir significado às experiências.
Para entender esse sentimento, deve-se levar em conta as etapas e
seus aspectos emocionais, comportamentais e fisiológicos. Sabe-se que o luto não é
exclusivamente humano, os sentimentos são muitas vezes semelhantes em
outras espécies animais. Entre animais selvagens, as
cenas de luto e tristeza vão desde chimpanzés que observam em silêncio o
companheiro morto até elefantes que estendem as trombas a um filhote moribundo.
No caso de animais
domésticos, as ligações são ainda mais fortes.
A antropóloga americana Barbara King durante suas
pesquisas para o livro “How Animals Grieve” (Como os Animais Ficam de Luto)
ressalta que a ciência está longe de desvendar totalmente o grau de compreensão
dos animais sobre o fim da vida. “Nem toda a resposta à morte significa luto”.
Alguns bichos reagem com curiosidade, cutucando o cadáver. Outros parecem
indiferentes à perda de um companheiro e até praticam canibalismo.
Existe o grupo de apoio Association
for Pet Loss and Bereavement para pessoas que estão
em luto pelo pet que morreu. A associação abre espaço para as pessoas se expressem,
que discutam a vivência do seu luto, passo bastante importante, uma vez que a
vivência necessita ser verbalizada e trabalhada.
A primeira etapa do luto é o choque, quando tratamos de questões afetivas, os
sentimentos atribuídos a esse momento variam entre depressão, ansiedade, culpa,
raiva e hostilidade. E, em questões comportamentais manifestam-se em choro,
agitação, fadiga e falta de apetite. Aspectos estes que resultam-se de
alterações endógenas, fisiológicas e químicas em nosso organismo. Esse estresse
envolve o sistema nervoso central e autônomo, endócrino, cardiovascular,
gastrointestinal e imune. Os neurotransmissores mais afetados e
desequilibrados são: noradrenalina, serotonina e em menor proporção e a
dopamina. Estes estão ligados à regulação do humor, energia, sono e motivação.
Devido a esse quadro depressivo, o hipotálamo acaba por produzir o cortisol em excesso.
Diferentes neurotransmissores podem estar comprometidos em diferentes graus de
intensidade, o que pode explicar a variabilidade nas manifestações clínicas de
diferentes pacientes.
E
por quanto tempo vai levar-se esse sofrimento?
Há dois tempos: o tempo do relógio e o tempo interno de cada
um. Estes tempos nem sempre são coincidentes, pois cada um tem um tempo interno
com marcação diferente, no qual funciona pelas sensações e sentimentos de cada
um; por isso o tempo do luto é diferente para cada pessoa. Sem dúvida, o tempo
do relógio irá ajudar o enlutado a entrar novamente na realidade, com o difícil
encargo de aprender a conviver com o sofrimento.
Nós como futuras biólogas ressaltamos que acerca
dessas informações, é importante entender que o luto é um processo natural nos
seres vivos (mesmo que não muito bem compreendido). Cada uma das perdas
inevitáveis refletem e são acompanhadas por um sofrimento particular e
portanto, difícil de descrever. Pesquisas tem buscado a cada dia mais o
entendimento desse sentimento tão doloroso, que muitas vezes acarreta outras
doenças psicológicas. Tais investigações tem sido cruciais para o tratamento em
clínicas, tanto para os seres humanos, quanto para outros animais. A
experiência do luto é necessária para a superação da perda e para a
reorganização psíquica e social do enlutado, ainda que seja dolorosa e muitas
vezes dilacerante.
Este ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia, baseado nas seguintes referências:
Este ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia, baseado nas seguintes referências:
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