Série Ensaios: Socibiologia
Por
Lislaine das Neves, Phamela Klimczak; Paula Ribeiro
Acadêmicas do curso de Ciências
Biológicas
A novela
Império conta com
quatro atores gays: “Téo Pereira
(Paulo Betti), o ator interpretará um jornalista gay de língua
afiada (...); Claudio
Bolgari (José Mayer),
que aos
olhos de todos apresenta uma família linda, com esposa e filhos, no entanto,
vive um dilema e não assume sua bissexualidade (...); Leonardo (Klebber
Toledo), viverá um intenso relacionamento com Claudio; Xana Summer (Ailton
Graça), o travesti é dono de um salão de. belezas e conselheiro dos amigos que
o rodeiam(...)”. O homossexualismo é um
assunto tão em evidência que está sendo constantemente abordado em novelas. Tão
polêmico e ao mesmo tempo repleto de tabus. A história é mais ou menos como se
jogasse sujeira embaixo do tapete, todos
sabem que existe, mas alguns ainda tentam esconder.
A organização em sociedades
surgiu pela necessidade de garantir a sobrevivência do indivíduo. A
sobrevivência pode ser garantida por proporcionar proteção dos indivíduos, mais
chances de encontrar um parceiro reprodutivo e alimento, além da divisão das
tarefas garantindo mais tempo para outros comportamentos de manutenção do
individuo. Por outro lado o comportamento social requer que regras sejam
estipuladas para manutenção desse convívio em grupos.
A formação
de grupos necessita de estímulos agregadores e segregadores. Os estímulos
agregadores levam a união do grupo e os estímulos segregadores impedem a
dispersão dos indivíduos do grupo, por meio da promoção do pré-conceito com os
outros grupos, criando conceitos ruins sobre os demais para evitar a perda de
indivíduos formadores. Por isso, tudo o que difere muito da gente (seja na
aparência ou no comportamento) é visto como ruim, como por exemplo, o
homossexualismo.
O termo homossexualismo
é derivado do grego, “homo”, que significa “semelhante” ou “igual”, e “sexual”
da palavra latina significa “sexo”, ou seja, “sexo com semelhante”. Alguns
tratam o homossexualismo como condição
outros como escolha, com base nesses questionamentos, esse ensaio explica
brevemente as bases biológicas da homossexualidade. Sabe-se que a moralidade
judeu-cristã baseia-se no velho
testamento, escrito pelos profetas de uma nação pastoril agressiva cujo
sucesso se baseava no crescimento populacional rápido e ordenado, intensificado
pelos repetidos episódios de conquista territorial, apenas o crescimento
populacional é valorizado, logo os homossexuais são considerados anormais por
não produzirem filhos (Wilson, 1981).
O comportamento sexual dos homossexuais do ponto de
vista da Sociobiologia
é explicado por três diferentes mecanismos. O primeiro mecanismo está baseado
na genética, os homossexuais se reproduzem menos (alguns se reproduzem e mantém
relações homossexuais - bissexuais), portanto necessitam da expressão dos dois
alelos para o homossexualismo, logo estes são homozigotos.
Por outro lado os heterossexuais são heterozigotos,
possuindo dois alelos diferentes. Os heterozigotos são portadores do alelo para
o homossexualismo, como eles se reproduzem mais esse alelo é mantido na
população em equilíbrio. Em outras palavras o homossexualismo é intrínseco a
existência da espécie. O segundo e o terceiro mecanismo são semelhantes,
envolvem o cuidado com os demais indivíduos do grupo. O segundo mecanismo
sugere que os genes que causam o homossexualismo influenciam no crescimento
populacional. Como os homossexuais não se reproduzem quanto mais homossexuais
em uma população menor será a prole gerada, ou menor será o crescimento
populacional desse grupo.O terceiro mecanismo abordando o fato dos homossexuais
não se reproduzirem, indica que eles podem participar do cuidado com os demais
indivíduos do grupo. Nesse caso sugere-se que esses homossexuais sejam
resultado da manipulação parental (Ruse, 1983), isto é, os pais manipulam
biologicamente alguns de seus filhos (sem saberem, inconscientemente) para que
apresentem comportamento homossexual e altruisticamente ajudem
no cuidado de seus irmãos. Na natureza, homossexuais desempenhariam uma função
análoga à de formigas
operárias (Soares, 2009). Ao deixarem de reproduzir, auxiliariam no cuidado
das crianças.
O homossexualismo seria então uma escolha do indivíduo? Ou
seria algo biológico? Estudos vêm apontando diferenças entre o cérebro de
homossexuais e heterossexuais, que possam influenciar na preferência
sexual. Outra explicação procura demonstrar que
as glândulas
endócrinas desempenham papel predominante na origem
das modificações patológicas da sexualidade humana. Existe ainda a situação dos
transexuais, que manifestam-se muito cedo, ainda enquanto crianças,
possivelmente elas têm mais influencia biológica do que a ambiental, como
observado em um estudo que apontou um
gene que interfere na ação do hormônio testosterona e o transexualismo
masculino.
Um estudo realizado por Bagemihl analisou 450 espécies com hábitos homossexuais no reino
animal, conclui que não pode ser tão categórico por não se saber se os animais
têm ou não sensação de prazer e como ele ocorre neles. Mas apontou que as
práticas de homossexualismo entre os animais ocorrem porque eles gostam e não por
falta de opção, submissão ou por não conseguir diferenciar machos e fêmeas, como afirmam outros cientistas. Os Bobonos (Pan paniscus) praticam sexo, seja para resolver brigas,
pedir desculpas, como recompensa, ou por prazer. Em machos e fêmeas há relações
homossexuais, mas as fêmeas passam o dia inteiro se estimulando com sexo oral. Bagemihl observou
em morsas, que os dominantes na realidade são montados pelos dominados. Dessa
forma é possível observar que os animais praticam o homossexualismo de maneira
natural, sem que hajam explicações morais de troca e recompensa. A
homossexualidade é um fenômeno comum e abundante no mundo animal.
Nós como biólogas acreditamos que
o homossexualismo tem uma base biológica, ou seja, está presente na natureza e
faz parte das relações que os indivíduos estabelecem entre si, seja de troca se
favores como entre os bonobos
ou por fatores ainda desconhecidos como entre os leões.
Por esse motivo não deve ser visto como anormalidade, mas sim como algo
natural.
O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia II
baseando-se nas obras:
Animal
planet. Disponível em:
Atração
entre iguais. Disponível em:
< http://super.abril.com.br/ciencia/atracao-iguais-446781.shtml>
As
saúvas, uma sociedade de formigas.
Disponível em:
Causas
da homossexualidade. Disponível em:
Esboçando
Ideias. Disponível em:
Homossexualismo. Disponível em:
O
que é altruísmo? Disponível em:
O
que é Sociobiologia. Disponível em:
Acesso 07-09-2014.
Portal
da Educação. Disponível em:
RUSE, Michael. (1983) Sociobiologia: senso ou contra-senso?.
Belo Horizonte: Itatiaia. Coleção o homem e a ciência. v. 13.
Sexualidade
animal. Disponível em:
< http://ciencia.hsw.uol.com.br/taturana-gay1.htm>
Sexualidade
e vida. Disponível em:
Acesso 07-09-2014.
SOARES, Alisson M. (2009) Sociologia e Sociobiologia: Autonomia vs.
(Sócio) Biologização da Sociologia. Dissertação (mestrado) – Universidade
Federal de Minas Gerais.
WILSON, Edward O. (1981) Da natureza humana. São Paulo: T. A.
Queiroz. Biblioteca de ciências naturais. v. 6
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