Série Debates
por Marta Fischer
Nesta quinta (22/5) ocorreu um
debate no sétimo período de Biologia a respeito da ética animal. Começamos
definindo emoções e sentimentos e pontuando a diferença básica entre eles.
Enquanto as emoções, são mais físicas, instantâneas, intuitivas e rápidas, os
sentimentos são processos mentais mais interiorizados, demorados e reflexivos.
É óbvio para nós biólogos que todos os animais precisam das emoções para
guiarem suas condutas, direcionando seus comportamentos para resolverem
problemas diretamente relacionados com a sobrevivência imediata, logo
necessário pra qualquer ser-vivo. Os sentimentos, tem uma conotação mais de
relação social e demanda a existência de tipos mais complexos de consciência.
A
consciência pode ser definida como a descoberta ou reconhecimento de algo, pode
ser fenomenal ou de acesso e diferente em complexidade ao longo da escala
evolutiva. O manifesto de Cambridge endossa a existência de consciência em
mamíferos, aves, peixes e invertebrados como o povo, ao aceitarem que não
ocorre necessariamente no córtex, utilizando outras estruturas cerebrais
presentes em outros animais. Logo, a
informação e aceitação desse fato nos leva à reflexão se é certo usarmos os
animais para saciar nossos desejos.
A questão ética da produção não está no
consumo de carne, pois a mesma tem um contexto biológico e físico, o problema
está na forma como criamos, abatemos, desperdiçamos e desrespeitamos esses
animais. Dentre todos os temas discutidos o que prevaleceu foi a carne artificial. Se em
um primeiro momento ela vem como uma alternativa para saciar a fome do mundo
com menores custos ambientais, de desiguales sociais e de sofrimento animal sem
tirar a comodidade e o prazer do humano desfrutar da carne. Nos surpreende a
capacidade criativa dos humanos, contudo os biólogos ainda são muito descrentes
desse feito. O conhecimento da rotina do cultivo celular, a necessidade de
utilizar plasma bovino para manutenção das culturas, as taxas de mortalidade
das células, a possibilidade de gerar subprodutos que podem ser tóxicos e
principalmente os relatos de que não possuem sabor parecido, e nem da
possibilidade de driblas esse problema com a adoção de odores artificiais. O grupo parece compartilhar a ideia de que a
solução é muito mais simples. A redução do consumo e a valorização de carne e
alimentos orgânicos, adquiridos em sistemas de agricultura familiar, e um valor
maior ao alimento, poderiam ser o suficiente para melhores infinitamente essa
situação. O uso de animais para vestimenta surge no cenário evolutivo como uma
estratégia de sobrevivência hoje é sinal de status social. É imoral pensar em
investir em roupas adquiridas com o custo do sofrimento animal, quando se tem
alternativas. Por outro lado, não dá para esquecer que materiais sintéticos
geram problemas ambientais em série e virtualmente impossíveis de serem
remediados. Talvez aqui repensar no que se consome e se precisa mesmo de tantas
roupas poderia ajudar.
O uso de serviços e entretenimento também parece muito
cruel, principalmente diante de alternativas. Nos serviços discutimos sobre
cães policiais e equinos de tração em centros urbanos, e as justificativas mas
válidas e a afirmação de não se usar de maus-tratos, não cabem no que
percebemos. O grupo acredita que a informação é fundamental para que a sociedade
possa repensar suas condutas e decisões, contudo questiono se a sociedade está
disposta a pensar, rever, ponderar, refletir e mudar de comportamentos já
consolidados culturalmente e mediado pelo sistema econômico através do
marketing. Com relação aos zoológicos existem iniciativas particulares que
procuram primar pelo bem-estar do animal e ao mesmo tempo propiciar às pessoas
momentos de lazer e de proximidade com animais selvagens, como o zoo de Gramado
e San Diego. Na televisão, parece que também possível substituir, a novela
pedacinho de chão usa animais de brinquedo para representar os verdadeiros, e
de uma forma lúdica, divertida e criativa repassa valores importantes para
sociedade.
Também foi questionado os motivos torpes que leva o homem a modificar
raças, humanizar animais, retirar animais selvagens da natureza em nome do
estabelecimento de uma amizade. Será que temos o direito de impor uma
convivência, será que temos direito de modificar a forma do corpo do animal
para nos conferir status? A sociedade acredita que faz por amor e que seus
motivos são nobres, e atrás de dados científicos que provam que os animais
fazem bem para as pessoas, elas se apoiam que a recíproca é verdadeira. Temos que repensar o que estamos fazendo com
os animais. É lógico que discutir esse tema entre biólogos é apaixonante, pois
estamos do mesmo lado. Contudo, motivações economias e egoístas movem as
escolhas das pessoas, sendo muito difícil abrir mão de suas crenças e
necessidades por alguém que acredita que seja inferior. Essa é uma luta, que eu
acredito que possamos fazer algo. Acredito que uma sementinha foi plantada e
que aos poucos chegaremos a uma sociedade diferente que volta à natureza para
buscar satisfazer suas necessidades naturais e cultivar o respeito por todas
outras formas de vida.
Obrigada Prof Marta e parabéns à nossa turma! Muito bom *-*
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