Série Ensaios: Ética no uso de animais e bem estar animal
Por André Petick Dias
Pós-graduando em Conservação da Natureza e Educação
Ambiental
O
estudo da ética
animal considera que os animais têm sentimentos, ou seja, senciência
– capacidade de sofrer ou sentir prazer. Partindo deste princípio, surge a preocupação
com o bem-estar animal que é o estado no qual determinado animal encontra-se,
sempre priorizando uma melhor qualidade de vida para o mesmo (Broom & Molento,
2004).
Historicamente
a relação do ser humano com animais, em quase todos os casos acaba por resultar
em algum tipo de estresse,
sofrimento
e/ou alteração no estado
emocional do ser vivo manipulado, seja para a utilização como força animal
para o trabalho, alimento, diversão ou companhia (Singer,
2004). Em se tratando de coleções
biológicas, temos registros da primeira coleção datada em torno de 3.000
a.C., no Egito, onde acreditava-se que a finalidade destas coleções era
basicamente uma crença religiosa onde os animais selvagens significavam status para seus proprietários. Coleções
biológicas são grupos organizados de espécies e indivíduos utilizados para
diversas finalidades, como a classificação, comparação/verificação,
comprovações históricas e de pesquisas tombadas, intercâmbios e trocas de
informações em geral. Logo, estas coleções propiciavam a comprovação de
diversas pesquisas já realizadas, concretizando assim o fazer científico.
Nos dias
de hoje a formação de coleções biológicas para fins didáticos é
evidente e perceptível em quase todas as instituições de ensino (principalmente
as de ensino superior). Temos também como um dos principais desafios para os
professores de Ciências Biológicas a integração de conteúdos científicos
aprofundados com uma concepção humana do que subsidiará seu papel de formador
do papel ético de seus alunos[1]. Neste sentido o que se
espera de um professor desta área, está contido na Lei de Diretrizes e
Bases (LDB) (BRASIL,1996), os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN) (BRASIL, 1999), e as Orientações Curriculares
para o Ensino Médio de Ciências e Biologia (OCEM) (BRASIL, 2006). Evidentemente, também se espera do professor uma postura
ética e responsável perante os recursos naturais utilizados como ferramenta
didática, no ensino e na prática educacional das ciências naturais,
principalmente relacionados ao ensino de elementos faunísticos.A aproximação dos
alunos com o tema que o educador está abordando, pode ser perfeitamente
realizada através da visualização de uma coleção didática organizada,
oferecendo facilidades para “inventariar”
e classificar diversas espécies.
Outra utilização significativa para
coleções biológicas que, podem ser consideradas utilizações educativas, é
através da disponibilização de coleções em museus e exposições
temáticas. Na minha opinião como turismólogo, podem ser utilizados animais
que sofreram algum tipo de problema que terão que ser sacrificados em coleções
para formarem acervos de museus e exposições. A visitação destes espaços por
turistas, e também por moradores locais, favorece o acesso à informação e a
sensibilização ambiental das pessoas a respeito de interações destes com as
coleções. Porém, como já observamos em Museus do Brasil, faltam estratégias de
uma melhor divulgação das coleções e exposições, e também na minha opinião
falta interatividade e tecnologia em alguns casos, que poderiam ter por exemplo
painéis que estimulem os sentidos e sensibilidades em geral.
O
presente ensaio foi elaborado para a disciplina de Ética e Bem Estar Animal
baseado nas seguintes obras.
BRASIL,
Ministério da Educação / Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros
Curriculares Nacionais PCN: Ensino Médio. Brasília: MEC, (1999). Disponível em www.mec.gov.br/seb/index.php
BRASIL,
OCEM (Orientações Curriculares para o Ensino Médio): ciências da natureza,
matemática e suas tecnologias, Brasília: MEC, (2006). Disponível em www.mec.gov.br/seb/index.php
BRASIL,
PCN Ensino Médio: Orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares
Nacionais, Brasília: MEC, 2002. Disponível em www.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/CienciasNatureza
BROOM, D. M.; MOLENTO, C.F.M. Animal welfare: concept and related issues
– Review. Archives of Veterinary Science, v. 9, n. 2, p. 1-11, 2004.
SINGER, P. (2004) Libertação animal. Tradução
Marly Winckler. São Paulo: Lugano.
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