Série Ensaios:
Ética no Uso de Animais e Bem-estar Animal
Por Eduardo
Brandt
Curso de
Pós-graduação em Conservação da Natureza e Educação Ambiental da PUCPR.
Os
Espetáculos
circenses chegaram ao Brasil provavelmente trazido por ciganos que foram
expulsos da Europa no final do século XVIII. Em suas apresentações, estes
artistas já utilizam a doma de animais para animar grandes públicos (Martins, R.F.;
2009).
É sabido que todos os animais possuem sentimentos e instintos, sentem dor,
medo, prazer, estresse, angústia,
tristeza. Portanto, devem receber a mesma consideração que qualquer outro ser
vivo. Para que um animal seja obediente e se apresente de forma adequada
perante o público deve cumprir uma rotina pesada de treinamentos, passam por torturas e amarrados de
forma desumana. Animais
silvestres
são aqueles que vivem junto à natureza e são independentes do ser humano,
portanto, sua domesticação é algo
anti-natural e considerada maus tratos, e para que
isto ocorra, o animal precisará ser retirado de seu habitat natural,
modificando completamente sua vida, podendo leva-lo a morte. Mas, não é apenas
a retirada do animal de seu habitat que lhe trará malefícios, mas os hábitos de
vida que lhes serão impostos para que possam viver em harmonia com a nossa
sociedade.
Animais em circo sofrem uma vida inteira de maus
tratos. Estes não incluem apenas as formas desumanas de treinamento, mas também os espetáculos em
si, onde os animais, por sofrerem agressões para um suposto
aprendizado, se comportam como nunca se comportariam na natureza. Além disso, passam suas vidas
em espaços muito pequenos e em constante transporte,
circunstâncias que causam alto grau de estresse. E, para piorar a situação,
muitas vezes não têm à disposição alimento de qualidade ou em quantidade
suficiente. Atualmente, a apresentação de
animais em circos é uma atividade restrita e está contemplada na Lei de crimes
ambientais (Lei federal
9.605/98)
com a seguinte descrição.
“Art.
32 – Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou
mutilar
animais silvestres, domésticos ou domesticados,
nativos ou
exóticos.”
Neste sentido, devemos lembrar que a proteção dos nossos animais está
presente na legislação, sendo crime qualquer ato que prejudique um animal, seja
silvestre, exótico ou doméstico em apresentações circenses e que o objetivo
primordial do ser humano seja a preservação da vida. Até o momento, apenas os
estados de Alagoas,
Paraíba, Paraná, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do
Sul, Mato Grosso do
Sul e Espírito Santo
possuem legislação que proíbe o uso de animais em circo. Os estados de Santa
Catarina e Ceará ainda estão em processo de tramitação. Entretanto, o sindicato
dos artistas circenses está entrando com recursos para reavaliar a
utilização de animais em espetáculos.
O
Brasil possui um histórico lamentável sobre acidentes causados por animais de
circo envolvendo tratadores, os próprios animais, o público e até a população
local. Entre 2005 e 2008 casos como abandono, fuga, ataque ao tratador,
amputações, morte por desnutrição são comuns nos circos brasileiros. Mais
recentemente, em dezembro de 2007, na cidade de Mata de São João / BA, um
macaco em uma jaula improvisada com carrinho de supermercado arranca o dedo de
uma menina de 3 anos e no ano seguinte, na cidade de São José do Rio Preto /
SP, um leão foge e causa pânico na região. A legislação
brasileira deve atentar-se ao modelo atual de espetáculo circense excluindo
todos os animais não humanos e envolver apenas a figura humana. A utilização de
animais não humanos serve como uma suposta tentativa de atração ao público e
uma estratégia de marketing ineficiente, pois trata os animais como objetos.
Infelizmente, muitas pessoas ainda não entendem o sentido da não utilização de
animais em circo, apenas acham “bunitinho” e interessante ver e ter acesso a
alguns animais diferentes, portanto, qualquer trabalho informativo é de extrema
importância.
Enquanto Biólogo
acredito que substituir animais por arte seria uma prática válida. Cada
animal utilizado em circo significa menos geração de empregos, ou seja, pessoas
preparadas para tais atividades desempregadas, e um animal escravizado e
condenado a viver pelo resto da vida enjaulado e sendo obrigado a desempenhar
um papel completamente incompatível com sua natureza. Ao proibir o uso de
animais, mais oportunidades de empregos para artistas serão criadas, a diversão
continua garantida e a sociedade será mais justa, visto que o exemplo dado às
crianças será de compaixão, e não mais de exploração. Alguns dos melhores e
mais respeitados circos do mundo, como o nacional Circo Spacial
e o canadense Cirque
du Soleil, não utilizam animais em seus números, e são exemplos de que
a verdadeira arte vai muito além da imaginação. Com o objetivo
de incentivar ainda mais a proibição do uso de animais em circo, cabe também à
família boicotar circos ou qualquer tipo de espetáculo que contenha animais,
mostrando a cultura ao invés da exploração. Devem ensinar a seus filhos o
respeito à natureza e a qualquer tipo de ser vivo não esquecendo que o ser
humano compartilha com todos os outros animais o mesmo planeta e não pode ser
considerado um ser acima de qualquer outro.
https://www.almg.gov.br/atividade_parlamentar/tramitacao_projetos/interna.html?a=2013&n=4787&t=PL
http://www.wspabrasil.org/comoajudar/campanhas/Circo-Legal-Nao-Tem-Animal.aspx
http://www.pensataanimal.net/index.php?option=com_content&view=article&id=111:o-respeitavel-publico&catid=76:renatafmartins&Itemid=1
MARTINS, R.F.; 2009. O RESPEITÁVEL PÚBLICO NÃO QUER MAIS ANIMAIS EM CIRCOS.
O presente ensaio foi elaborado para a disciplina de Ética no uso de
animais e Bem-estar animal e baseado nas fontes citadas ao longo do texto, na
forma de hiperlinks, e nas seguintes obras:
https://www.almg.gov.br/atividade_parlamentar/tramitacao_projetos/interna.html?a=2013&n=4787&t=PL
http://www.wspabrasil.org/comoajudar/campanhas/Circo-Legal-Nao-Tem-Animal.aspx
http://www.pensataanimal.net/index.php?option=com_content&view=article&id=111:o-respeitavel-publico&catid=76:renatafmartins&Itemid=1
MARTINS, R.F.; 2009. O RESPEITÁVEL PÚBLICO NÃO QUER MAIS ANIMAIS EM CIRCOS.
Nenhum comentário:
Postar um comentário