Série Ensaios: Aplicação da
Etologia
Por
Fabio Kardauke, João Carlos
Fontana e Nathalia Celli
Acadêmicos
do curso de Ciências Biológicas da PUCPR
Diversos
comportamentos animais e humanos são analisados como instintivos,
que possuem influências genéticas, ou aprendidos,
que se adquirem através da interação com o meio em que o individuo vive. A psicologia
reforçou durante muito tempo, sobre a influência do ambiente no comportamento,
deixando de lado fatores importantes como a genética. O surgimento da genética
comportamental não visa alterar o pensamento em que os
todos os comportamentos sejam influenciados por fatores genéticos, mas sim por
influências ambientais também, acredita-se que atualmente, todo comportamento é
influenciado por algum fator genético ou ambiental, seja ele de maior ou menor
grau. Iniciado oficialmente em 1990,
O Projeto Genoma Humano (PGH) foi coordenado pelo Departamento de Energia do
Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. O projeto originalmente foi
planejado para ser completado em 15 anos e orçamento de 3 bilhões de dólares,
mas no dia 14 de abril de 2003 foi anunciado como completo, dois anos antes do
prazo estabelecido e 400 milhões de dólares a baixo do orçamento inicial. Seu
principal objetivo foi gerar uma sequência de DNA de boa qualidade para os cerca
de 3 bilhões de pares de bases e identificar todos os genes humanos, incluindo
a promessa de identificar até mesmo os genes de comportamento complexos que são
influenciados por múltiplos genes e também por fatores ambientais.Com o
avanço da tecnologia temos a capacidade de obter sequencias completas de genes de
quaisquer seres vivos do planeta. Com o mapa genético em
mãos, podemos estudar separadamente diversos aspectos comportamentais
relacionados a expressão ou inibição de genes específicos.
A
expressão do gene PaX-6
está diretamente ligada ao desenvolvimento e evolução de olhos em animais. De
acordo com DAN-E. NILSSON em seu artigo “Eyeevolutionand its
functionalbasis” os olhos evoluíram devido à necessidade de comportamentos
visualmente orientados e ao acumulo de comportamentos cada vez mais exigentes
como a caça, proteção contra predação e reprodução. Com o desenvolvimento de
olhos mais complexos vem a necessidade de desenvolvimento de neurônios mais
complexos, como os fotorreceptores
formados pelas opsinas.
Estudos revelaram que o acumulo de matrizes de fotorreceptores foram
responsáveis pelo surgimento das retinas mais primitivas e do desenvolvimento
de ótica para focar a luz. O emprego do gene Pax- 6 para controlar o
desenvolvimento nos olhos, tem sido tomado como evidência de que os animais só
evoluíram uma vez. Sistemas Visuais evoluíram através da aquisição sequencial
de tarefas novas e gradualmente mais exigentes para novos comportamentos. A opsina
evoluiu uma vez, e sua tarefa original era de monitoramento não direcional de
luz. Isto foi seguido por alguns exemplos independentes de transição para
fotorrecepção direcional, e de lá, inúmeras transições para a visão de baixa
resolução e, finalmente, um menor número de transições para a visão de alta
resolução. Evolução do olho é uma parte integrante da evolução animal, e o
desenvolvimento da visão em conjunto com locomoção podem ter sido os únicos
processos mais importantes na evolução dos animais e de níveis
tróficos macroscópicos mais elevados em sistemas ecológicos
Um
outro exemplo, foi o trabalho de Ito & Guzzo (2002), que verificaram as
características de comportamentos
predominantes e diferenças entre sexo e faixa etária, e a importância da
genética na determinação de características de comportamento. O trabalho de
(BEITCHMAN et al., 2006) mostrou a ação da expressão
gênica dos transportadores de serotonina
no comportamento impulsivo-agressivo para assim analisar uma associação de polimorfismos
de genes transportadores de serotonina e a agressividade durante a infância e
adolescência. Os
cães são exemplos marcantes, pois ilustram a extensão dos efeitos genéticos
sobre o comportamento. Eles foram selecionados durantes séculos tanto pelo seu
comportamento quanto pela sua aparência, e em 1576, o primeiro livro em inglês
sobre cães classificava as raças primariamente com base no comportamento. Esta
classificação é ainda usada atualmente, por exemplo: cães pastores, de caça, farejadores,
perdigueiros e cães de guarda. E entre as raças também diferem tanto na
inteligência como nos traços de temperamento, como emotividade e agressividade.
Na França, por exemplo, os cães são usados para trabalho em fazendas e na
Inglaterra os cães foram produzidos para caça. O processo de seleção pode ser
muito apurado e embora os cães sejam singulares na medida em que as diferenças
foram selecionadas intencionalmente para acentuar as diferenças genéticas do
comportamento. Em 1965 J. Paul Scott e John Fuller conduziram um extenso
programa de pesquisa genética comportamental e desenvolvimento das raças puras
e híbridas
(Fox
Terrier, Cocker Spaniel, Basenji, Pastor de Shatland e Beagle); sendo todas
mais ou menos no mesmo tamanho, mas com diferentes formas marcantes de
comportamento. Assim, Scott e Fuller encontram diferenças comportamentais nas
raças em todos os aspectos examinados, assim como relação
social, emotividade, treinabilidade e entre outros.
Nós formandos em Biologia acreditamos que a compreensão do comportamento não se limita apenas em compreender sua ocorrência, também envolve o conhecimento de sua “origem” e significado. Portanto através destes estudos da genética do comportamento, temos que os nossos genes têm o papel de conduzir o comportamento, respondendo a estímulos tanto externos quanto internos sendo significativos para a vida e adaptação do animal.
Nós formandos em Biologia acreditamos que a compreensão do comportamento não se limita apenas em compreender sua ocorrência, também envolve o conhecimento de sua “origem” e significado. Portanto através destes estudos da genética do comportamento, temos que os nossos genes têm o papel de conduzir o comportamento, respondendo a estímulos tanto externos quanto internos sendo significativos para a vida e adaptação do animal.
O presente ensaio foi
elaborado para disciplina de Etologia, baseando-se nas obras:
BEITCHMAN
JH, BALDASSARRA L, MIK H, DE LUCA V, King N, BENDEr D, EHTESHAM S, KENNEDY JL. Serotonin
transporter polymorphisms and persistent, pervasive childhood aggression. Am
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Ebbinghaus, H. (1908). Psychology: An elementary text-book. DC Heath.
FEITOSA IB, SANTANA PM, TELES CBG. Genética do comportamento
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ITO, Patrícia do Carmo Pereira e GUZZO, Raquel Souza Lobo. Temperamento: características
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Projeto genoma humano e ética. São Paulo em Perspectiva, 14(3),
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