Série
Ensaios: Aplicação da Etologia
Por Claudia Carolina de Faria, João André Martinson
Salesbram & Marcelle Cirio Leite
Acadêmicos do Curso de
Biologia
A Bioacústica é o
estudo dos sons emitidos pelos animais (Vielliard;
Silva, 2006), o estudo desses sons são utilizados em diversos ramos da zoologia
como fisiologia, biofísica, ecologia, etologia que estudam como os animais
produzem e reagem aos sons e também como eles utilizam esse som para
comunicação entre eles e a interação dos sons com o meio ambiente (Pereira, 2011). O uso da vocalização no dia-a-dia é antigo, sendo
utilizando por caçadores na pré-história que imitavam o som
produzido por determinado animal para atraí-lo e então predá-lo, essa prática
ainda é mantida por tribos indígenas e caçadores da época atual (Vielliard;
Silva, 2006). Algumas tribos indígenas desenvolveram instrumentos para auxiliar
a reprodução do som de determinados animais(Sampaio et al. 2009).
Nos
seres humanos
a frequência audível varia entre 20Hz aos 20 kHz. Os sons produzidos pelos
animais podem estar acima ou abaixo da frequência humana. Animais como
baleias e elefantes
utilizam sons em uma frequência abaixo da frequência audível dos humanos, a
essa frequência dá-se o nome de infrassom,
que são ondas de longa distância. Animais como morcegos e golfinhos produzem sons acima da frequência de onda
perceptível aos humanos (20 kHz), essas ondas são chamadas de ultrassons (Pereira,
2011). Técnicas foram adaptadas para a reprodução dos sons dos animais. Os ornitólogos criaram guias de campo sobre os sons produzidos
pelas aves. No século XVII foi criado um método nomeado transcrição musical que depois
foi renomeado de “Zoophonia” por
Hercule
Florence (Vielliard;
Silva, 2006). Segundo Rose (2014) o estudo da bioacústica
avançou a partir da década de 1960 com o surgimento dos gravadores portáteis que
poderiam ser levados a campo. Recentemente o uso de software foi implantado
para a análise das vocalizações gravadas (Vielliard 2000), e também o uso de
hardware (Obrist et al. 2010). Os microfones e posteriormente os hidrofones
também evoluíram conforme a necessidade. Para se estudar a vocalização de uma
espécie ou determinado grupo é necessário a utilização de alguns aparelhos. O
som é captado por um microfone (cuja escolha
deste é fundamental pois determina as características da gravação como,
frequência alta ou baixa, campo, sensibilidade de captação, e fidelidade no
registro de variações temporais ou modulações) e armazenado em um gravador cuja
especificações técnicas devem ser compatíveis com a capacidade do microfone. Para
o registro de ultrassons é necessário um sistema que permite monitorar o sinal
e um microfone com sensibilidade especial. (Vielliard; Silva, 2006 ).
Os insetos mais estudados são os grilos, esperanças (família
Tettigoniidae), gafanhotos, cigarras. “Os insetos produzem sons
mais altos em torno do 3 aos 4 kHz e dos 6 aos 8 kHz, através de estridulação (grilos e
esperanças) ou por vibração de uma membrana rígida (cigarras)”
(Pereira, 2011). A comunicação sonora é importante na biologia reprodutiva e no
comportamento social de anuros. O
canto de anúncio é feito pelos machos e contém informações espectrais ou
temporais importantes para o reconhecimento específico dos indivíduos (Silva;
Martins; Rossa-Feres, 2008). Isto vale também para as aves,
cuja vocalização apresenta uma variabilidade individual baseada nas diferenças
de desenvolvimento comportamental e de maturação (Silva; Silva, 2013). Os cetáceos
possuem visão limitada devido ao seu habitat, para compensar essa limitação,
esses animais desenvolveram a comunicação acústica e canais auditivos altamente
especializados, para adquirirem as informações do meio através do som. A
vocalização pode ser em frequências muito baixas, no caso dos misticetos (
cetáceos com barbatanas) , ou em frequências muito altas, no caso dos
odontocetos (cetáceos com dentes) (Pereira, 2011). Em morcegos e
golfinhos um campo que vem ganhando destaque é o estudo da ecolocalização
apresentada por esses animais. A ecolocalização consiste na capacidade que
esses animais apresentam de identificar objetos no espaço através do som (Cunha
2011). Isso é possível pois eles são capazes de
gerar ondas sonoras de alta frequência (ultra-som), essas ondas se
deslocam no meio, atingindo o obstáculo frente ao animal e voltam para ele que
identifica a posição do obstáculo (Cunha, 2011).Segundo Cunha (2011) foi com
base na ecolocalização dos morcegos e dos golfinhos que foi criado o sonar, que
quer dizer navegação e mapeamento pelo som.
A bioacústica vem sendo muito utilizada para estudos
comportamentais, podendo citar como exemplo de estudos realizados com animais,
trabalhos que estão sendo realizados onde a frequência na comunicação dos cetáceos é medida na presença e na ausência de barcos
próximos e os pesquisadores estão avaliando a mudança que ocorre no
comportamento desses animais quando as embarcações estão próximas a eles e como
isso pode afeta-los. Muitos trabalhos são realizados com aves ,
onde o pesquisador analisa os diferentes tipos de vocalização da espécie,
dependendo do comportamento apresentado por ela. Ainda no caso de trabalhos com
aves, está sendo utilizada técnica de play-back. De
uma maneira geral estudos comportamentais envolvendo a bioacústica vem sendo
utilizados por pesquisadores de diversas espécies, sendo mais frequente nas
aves, cetáceos, anuros, primatas, morcegos. Uma novidade bem interessante no
campo da bioacústica é um aplicativo desenvolvido para celulares capaz de
identificar aves através do canto, um desses aplicativos foi elaborado pelo
Planeta Sustentável, da Editora Abril, com a colaboração da WWF Brasil
(WWF-Brasil, 2010). O aplicativo tem seu foco principal nas aves da Mata
Atlântica, e tem seu conteúdo baseado no livro Aves do Brasil, Uma Visão
Artística - do ornitólogo Tomás Sigrist
(WWF-BRASIL, 2010). Já nos humanos
vários avanços vem surgindo com o aprimoramento das técnicas biocústicas. Uma novidade nessa área é um chip criado por
pesquisadores do Instituto de Tecnologia de
Massachusetts com a colaboração da universidade de Harvard , o chip está sendo
testado em porquinhos da índia e obteve resultados satisfatórios, o chip
funciona utilizando a energia da cóclea (estrutura do ouvido) do próprio animal, porém necessita de
mais estudos até que possa ser utilizado em humanos (Rocha, 2012). Outra novidade
são pulseiras que pela frequência dos batimentos cardíacos do indivíduo
poderão ser utilizadas como senhas para carros, celulares entre outros
(Castelli, 2013). Essa pulseira se chama Nymi e está sendo desenvolvida por uma
empresa canadense, o funcionamento da pulseira consiste em o individuo
pressionar o dedo sobre o sensor da pulseira por dois minutos, assim sua
frequência cardíaca após esse tempo é identificada e gravada pela pulseira que
a partir daquele momento reconhecerá somente aquele individuo (Castelli, 2013).
No campo da Realidade
Virtual o usuário acessa no computador,
ambientes tridimensionais em tempo real e interage com ele. A experiência do
usuário pode ser enriquecida pela estimulação do tato e da audição por exemplo.
Esses estímulos são feitos por dispositivos específicos. Os equipamentos para
geração de sons nos sistemas de Realidade Virtual são caracterizados por
simular o modelo humano de audição. Na simulação os dois ouvidos captam ondas
sonoras de todas as direções, são coletados pela concha do ouvido externo e são
direcionadas para vários caminhos através do canal auditivo. O cérebro irá
processar as características desse som, determonando o local exato da fonte
sonora (Machado; Cardoso, 2006).
Nós
formandos da Biologia concluímos que o estudo da bioacústica tem sido de muita
importância científica pois através dele tem sido possível, entender melhor a
comunicação dos animais, e assim compreender melhor aspectos de seu
comportamento, da sua ecologia, de como eles interagem entre si e com o meio utilizando
os sons.
Bancos
de dados de sons:
O presente ensaio foi
elaborado para disciplina de Etologia, baseando-se nas obras:
CASTELLI, I. Já pensou em desbloquear as
senhas de smartphones com o batimento cardíaco? (2013). Disponível em: < http://www.tecmundo.com.br/biotecnologia/44127-ja-pensou-em-desbloquear-as-senhas-de-smartphones-com-o-batimento-cardiaco-.htm> Acessado em 02 de
abril de 2014
CUNHA,
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Curso de Licenciatura Plena em Física. Universidade
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FROMMOLT,
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