Série Ensaios: Sociobiologia
Por Brunna Janine Victorino, Caroline
Tiemi Egoshi, Marcelo Ésther Fonseca e Rafael Henrique Caron.
Acadêmicos
do curso de Ciências Biológicas
A professora de
balé, Claire Sylvia, da Nova Inglaterra, foi sempre bastante conservadora, mas após
sofrer um transplante de coração passou a gostar de cerveja, nuggets de frango
e motocicletas. Ao procurar a família do doador ela descobriu que ele era um
rapaz jovem que gostava de motos e adorava nuggets e cerveja. Uma teoria com
cunho científico para explicar isso é que todas as células do corpo tem
capacidade de armazenar lembranças através dos receptores e proteínas presentes
em suas membranas plasmáticas (Limpton, 2007). Entretanto, o próprio autor acha improvável as células armazenarem
a predileção por nuggets e, apresenta uma teoria “espiritual”, que diz que os
receptores celulares presentes no coração doado representam a identidade ou
espírito do doador e quando o coração foi transplantado em Claire parte do
espírito do rapaz foi junto e se incorporou ao de Claire, causando suas
mudanças comportamentais.
A espiritualidade é uma característica bem pessoal, uma vez que envolve
sentimentos, revelações e ideias. Mas raramente desenvolve-se em um grau de
isolamento, precisando estar, às vezes, em contato com outras pessoas. Na
maioria dos casos a espiritualidade encontra-se conectada á um domínio mais
público dos seres humanos: a religião. As
definições de espiritualidade são baseadas na busca do individuo pelo propósito
e significado da vida, incluindo: paz interior e conforto, conexão com os
outros, suporte, sentimentos de admiração, reverência ou amor e outros termos
saudáveis e positivos. As definições
deixam claro que espiritualidade não precisa estar relacionada a alguma
religião, podemos encontrá-la na família, nas artes, no naturalismo ou
humanismo. Portanto a espiritualidade é uma parte complexa e multidimensional
da experiência humana, que abrangem aspectos cognitivos, experienciais e comportamentais. Os aspectos experienciais e
emocionais envolvem o sentimento de esperança, amor e conexão que se refletem
na qualidade dos recursos internos de um indivíduo, na capacidade de dar e
receber amor espiritual e nos tipos de relação e conexões que existem consigo
mesmo, assim como com a comunidade, com o meio ambiente, a natureza e com o
transcendental, sendo então um fator importante para a formação de grupos (Koenig,
2012).
A espiritualidade acompanha o
homem há muitos milênios, datando desde os
povos primitivos, como nos kapauku papuans do oeste da Papua, Nova Guiné, os
quais acreditavam que as doenças eram provenientes de espíritos malignos, e na
tribo indígena Sai, do Novo México que acreditavam que bruxas provocavam
doenças ao roubar o coração das vítimas. Mais recentemente, uma seita criada
por Mary Baker Eddy, em 1879, tratou uma mulher na Nova
Inglaterra através de hipnose, pelo hipnotizador e crente Phineas P. Quimby,
que julgava que a felicidade era determinada pela fé. Já em 1952, um médico
inglês chamado Albert Mason Albert
Mason, também tratou
um paciente através de hipnose, onde o paciente de 15 anos tinha problemas com
verrugas. Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
reconhecer a espiritualidade
como fator que
resulta em um reflexo positivo na saúde psíquica, social e biológica, assim
como o bem-estar.
O conflito entre fé e ciência começou no iluminismo. A própria ciência identificou um gene da espiritualidade e
conseguiu mapear os circuitos neurais responsáveis pelas emoções ligadas à fé,
um exemplo bem interessante é na Idade do Gelo, após exceder as geleiras
apenas uma espécie predominou no local, chamada Cro-Magnon. Eles mostravam atividades
extremamente organizacionais como formação de grupos, enterravam os mortos,
pintavam paredes em deleite espiritual.
Mas como ponto principal, mostra a necessidade de devoção, de acreditar, o que
levou espécie a sobreviver à Idade do Gelo. Segundo
o livro O gene de Deus de Deam Hamer, as características complexas
não são influenciadas pela espiritualidade basicamente. Colocando como exemplo
o canto dos pardais de coroa branca que independente se viveram
com os pais ou não, entre o sétimo
e oitavo mês começam a cantar. Isso se explica devido a genes
específicos e o próprio cérebro do pardal. Assim, o livro aborda a espiritualidade da
mesma forma que o canto do pardal. Os seres humanos tem uma predisposição
genética para a crença espiritual, que responde em conjunto a nossa experiência
pessoal, nosso ambiente cultural.
O efeito placebo é um ótimo exemplo para
explicar o efeito da crença, cuja cura ou a melhora se dá pela “crença” de que
ocorrerá uma melhora sem de fato ocorrer um tratamento para obter a cura. Um
exemplo interessante disso é um estudo feito por
Moseley e colaboradores (2002), onde um grupo de 180
pacientes com problemas de artrite no joelho foram divididos e três tratamentos
diferentes: o primeiro grupo teve a região danificada da cartilagem raspada, o
segundo grupo teve a junta do joelho afastada e com um jato d’água a retirada
da região que se acreditava causadora do desconforto, e, o terceiro grupo foi
sedado e sofreu incisões no joelho simulando uma cirurgia real. Após dois anos
de estudo descobriu-se que o número de pacientes que obteve melhora foi
estatisticamente igual para os três grupos, mostrando que ou uma crença muito
forte na melhora foi a causa da cura no grupo placebo, ou foi algo que a
ciência de hoje ainda não sabe explicar.
Outros exemplos são experimentos, que
estão demonstrando eficácia, utilizando a técnica reiki,
ou imposição de mãos, no tratamento de doenças. Na instituição Ciências
Internacional de Cura em Orinda (California), Daniel Wirth executou uma pesquisa usando esta
técnica em estudantes do sexo masculino com ferimentos no ombro. Os homens que
receberam tratamento com reiki melhoraram em 93,5% em relação aos que não
receberam.
No Brasil, o biólogo Ricardo Monezi, pela USP, conduziu uma pesquisa
usando reiki em camundongos com câncer. No grupo de camundongos que recebeu
tratamento pela impostação de mãos, após serem sacrificados, os animais foram
avaliados quanto a sua resposta imunológica, assim, os resultados apresentaram
que os glóbulos brancos e células imunológicas dobraram sua capacidade de
reconhecimento e destruição de células cancerígenas. Segundo
o pesquisador Monezi, ainda não se sabe distinguir se a energia que o reiki
trabalha é magnética, elétrica ou eletromagnética. Os artigos descrevem- na como
‘energia sutil’, de natureza não esclarecida pela física atual.
Em relação à espiritualidade, a ciência busca o entendimento de um todo
desconhecido de forma restrita e pontual. Ou seja, ela se limita a questões
concretas e precisas para que possam responder, e em alguns casos ignora o que
não consiga compreender. Além disso, há falta de interesse na comunidade
cientifica. Nós como formandos em biologia acreditamos que é importante termos
a mente tanto racional quanto espiritual, para que nossas visões de mundo não
fiquem limitadas, nos possibilitando explorar todas alternativas de explicação
e entendimento. A espiritualidade ainda nos proporciona uma melhora na
qualidade de vida.
O
presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia II tendo como base as
seguintes referências
BLOG DO ANIMA MUNDHY.
Quatro experimentos científicos com Reiki demonstram sua eficácia como Técnica
de Cura. Disponível em: http://animamundhy.com.br/blog/4-experimentos-cientificos-com-reiki-demonstram-sua-eficacia-como-tecnica-de-cura. Acesso em 25 de
ago. 2013.
COLUNA
CIÊNCIA. A biologia da fé. Disponível em: http://ciencia.folhadaregiao.com.br/2011/05/biologia-da-fe.html. Acesso em 20 de
ago. 2013.
HAMER,
D. O gene de Deus. 1. ed. São Paulo:
Editora Mercuryo. 2005.
KOENIG, H. G. Medicina, religião e saúde: O encontro
da ciência e da espiritualidade. 1. Ed. Rio Grande do Sul: Editora L&PM,
2012.
LIPTON, B. H. A biologia da crença: Ciência e
espiritualidade na mesma sintonia: o poder da consciência sobre a matéria e os
milagres. 1. ed. São Paulo: Editora Butterfly, 2007.
MOSELEY, J. B. et al. A
controlled trial of arthroscopic surgery for osteoarthritis of the knee. New England Journal of Medicine,
Massachusetts, v. 347, n. 2, p. 81-88, jul. 2002.
REVISTA VIVA SAÚDE. O
poder da fé. Disponível em: http://revistavivasaude.uol.com.br/saude-nutricao/106/o-poder-da-fe-a-ciencia-comprova-que-a-246102-1.asp/. Acesso em 25 de
ago. 2013.
SOUZA,
O. Como a fé desempatou o jogo. Disponível em: http://veja.abril.com.br/070207/p_078.shtml. Acesso em 20 de
ago. 2013.
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