Série Ensaios: Sociobiologia
Por: Anyelly Garcia Bernardi, Daniela Boscaro Marsaro,
Gustavo Henrique Pontes e Vanessa Caron Moroz.
Acadêmicos do curso de Biologia.
“Hoje vamos falar da comovente
história da Cadela Lilica....
As atitude de altruísmo de Lilica se repete
todos os dias há três anos. Lilica vive em um ferro velho e todo dia no
final da tarde ela atravessa uma rodovia e percorre cerca de 2 km até o seu
destino. No início Lilica ia até a área urbana para recolher restos de comida
do lixo. Vendo isso, um humano altruísta passou a separar o alimento em uma
sacala e a supresa foi Lilica, comer um pouco e carregar a sobra para casa.
Devido a sacola estar aberta a comida caia pela chão. Imediatamente a senhora,
pensou em uma solução: preparar duas sacolas, uma para Lilica comer e se
recompor da dura caminhada e outra para levar para casa. Ao chegar em casa sua dona dá a comida para um cão, um gato, um galo,
uma galinha e até uma mula que também moram no ferro velho”
O comportamento
social é definido como a interação entre dois ou mais indivíduos, ou a
influência de um indivíduo sobre o outro. Poucas espécies de animais vivem em
solidão, pois é necessário no mínimo - para a maior parte delas - encontrar um
parceiro reprodutivo. A formação do grupo pode ser temporária ou permanente,
contudo para assegurar a coesão
do grupo é preciso adaptações comportamentais das espécies, pois a simples
existência de comportamento de grupo, naturalmente, não garante o
estabelecimento do comportamento social. Os padrões comportamentais necessários
são: comportamento reprodutivo, história do desenvolvimento social, comunicação
entre os indivíduos, territorialidade e organização social característica de
cada espécie (CARTHY, 1980; DETHIER, 1988). A formação
de grupos é representada pela sociedade que se caracteriza por uma
organização em que os pais e a prole permanecem juntos por longos períodos,
mantidos em associação graças ao comportamento mútuo, ou seja, os indivíduos
cooperam entre si, diferenciando da agregação
(grupo de animais da mesma espécie que se juntam por algum motivo externo
apenas). Nas sociedades os indivíduos tendem a se especializar em seus afazeres
(resultando numa divisão
de trabalho), além de existir um complexo sistema de comunicação
entre os membros da sociedade (CARTHY, 1980; DETHIER, 1988).
Recentemente descobriu-se a importância do altruísmo
para o desenvolvimento do comportamento social. O altruísmo refere-se a um tipo
de comportamento encontrado nos seres humanos e em outros seres vivos também,
em que as ações dos indivíduos acabam beneficiando outros indivíduos, colocando
em risco a sua própria sobrevivência ou chances de disseminar seu próprio
material genético. A palavra “altruísmo” foi criada em 1831 por Augusto Comte,
o filósofo francês designou a palavra para caracterizar o conjunto das disposições
humanas (individuais e coletivas) que levam os seres humanos a dedicarem-se aos
outros (DETHIER, 1988). Em humanos o altruísmo é visto, por exemplo, nos Médicos Sem Fronteira, uma organização humanitária internacional
independente e comprometida em levar ajuda voluntária às pessoas que mais
precisam sem discriminação de raça, religião ou convicções políticas (Veja
o vídeo).
O altruísmo foi comprovado
em animais, o estudo foi realizado com macacos, os quais foram treinados para
identificar símbolos em uma tela que representavam ganhar um “jatinho de suco”,
entregá-lo a outro macaco ou escolher que nenhum dos dois recebesse a bebida. O
resultado positivo foi alcançado devido aos macacos estarem expostos ao
hormônio “oxitocina”,
os animais que inalaram o hormônio escolheram mais vezes a opção de dar o suco
ao outro macaco e não receber, por volta de meia-hora após a inalação, sendo
então a explicação biológica para o acontecimento. Eles prestaram mais atenção no outro indivíduo e fixaram o olhar nele no
momento em que escolhiam presenteá-lo (BRAZ,
2012). Do ponto de vista evolutivo, as práticas que obedecem as regras sociais
fazem bem para a perpetuação dos genes, as condutas honestas e amorosas - como
a prática do altruísmo - para qualquer espécie é visto como uma adaptação
evoluída que permite aos indivíduos constituir e manter os vínculos sociais.
Segundo Charles
Darwin - em seu livro “A
origem das espécies” - a seleção natural ocorreria para que os mais aptos
sobrevivessem e estes agiriam de algum modo para que seus genes tivessem a
possibilidade de se perpetuarem. Porém, o altruísmo faz o contrário de tudo que
Darwin disse, pois a espécie arrisca o seu futuro para ajudar ou salvar outro, que muitas
vezes não é da mesma espécie. Será que praticar o altruísmo realmente tem algum
benefício que vale a pena arriscar as suas futuras gerações? Alguns
pesquisadores afirmam que a prática de boas ações sem esperar nada em troca faz
todo o organismo se sentir melhor, e ter uma visão de mundo diferenciada, mas
será que isso realmente acontece, ou acaba dependendo da personalidade de cada
indivíduo?
Segundo
a psicóloga Olga Inês Tessari,
o altruísmo está sendo utilizado por muitos profissionais na área da saúde como
um remédio para sentir-se melhor e mais alegre. Atitudes simples como um
trabalho voluntário
mostraram em uma pesquisa em Harvard, EUA, que o voluntariado faz bem ao
coração e ao sistema imunológico, além de aumentar a expectativa de vida e a
vitalidade, porque quando as pessoas altruístas notam a felicidade e gratidão
dos outros, ocorre à liberação da endorfina,
no cérebro, responsável pela sensação de prazer, diminuição da sensação de dor
e diminuição das chances de ficar doente. Uma pesquisa realizada pelo Centro Médico da Universidade de Duke
mostrou que através de jogos e questões com tarefas beneficentes, foi possível
identificar os indivíduos mais altruístas por demonstrarem que tinham as
respostas mais fortes do sulco temporal. Outra interpretação biológica do
altruísmo é quando os indivíduos recebem o hormônio “oxitocina”, ela adiciona a
empatia
no cérebro (um dos elementos para a generosidade), este estudo foi
realizado na Claremont Graduate University (TESSARI, sem data).
Nós formandos em Biologia acreditamos que uma
pessoa altruísta pratica o bem, não apenas pela simples função de ajudar o
próximo, mas também para satisfazer a si mesmo, ela obtém o bem-estar percebendo
a felicidade e gratidão das outras pessoas. Sendo então um ponto conflitante
com o egoísmo, pois ela não realiza a boa ação para a outra pessoa, mas sim
para ela mesma se sentir bem. Porém,
pode ser considerada também uma estratégia evolutiva de sobrevivência para
fazer o outro indivíduo reconhecer em si a necessidade de ajudar, para não
ficar mal perante o resto do grupo social ou a está fazendo, por simplesmente
ficar feliz e se sentir bem em ajudar o outro. O solidariedade de Lilica em
garantir a comida para os demais animais - além da sua própria comida - é visto
como uma postura de líder, um sentimento materno de cuidar das outras espécies
que convivem com ela, fato que pode está relacionado com o hormônio oxitocina
que é considerado o “hormônio do amor” e faz com que melhore a interação social
e a realização de vínculos afetivos.
O
presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia se basendo nas seguintes
obras:
BRAZ, M. P. Hormônio do amor estimula altruísmo em macacos. 2012.
Disponível em: < http://viajeaqui.abril.com.br/materias/hormonio-do-amor-estimula-acoes-altruistas-em-macacos>.
Consultado em: 26 ago. 2013.
CARTHY, J. D. Comportamento animal. São Paulo, 1980.
DETHIER, V. G.; STELLAR, E. Comportamento animal. São Paulo, 1988.
TESSARI, O. I. Fazer o bem faz bem. Disponível em: < http://www.olgatessari.com/id485.html>.
Consultado em: 27 ago. 2013.
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