terça-feira, 17 de setembro de 2013

Altruísmo, o bem para o outro ou para si mesmo?



Série Ensaios: Sociobiologia

Por: Anyelly Garcia Bernardi, Daniela Boscaro Marsaro, Gustavo Henrique Pontes e Vanessa Caron Moroz.

Acadêmicos do curso de Biologia.

                Hoje vamos falar da comovente história da Cadela Lilica....  As atitude de altruísmo de Lilica se repete todos os dias há três anos. Lilica vive em um ferro velho e todo dia no final da tarde ela atravessa uma rodovia e percorre cerca de 2 km até o seu destino. No início Lilica ia até a área urbana para recolher restos de comida do lixo. Vendo isso, um humano altruísta passou a separar o alimento em uma sacala e a supresa foi Lilica, comer um pouco e carregar a sobra para casa. Devido a sacola estar aberta a comida caia pela chão. Imediatamente a senhora, pensou em uma solução: preparar duas sacolas, uma para Lilica comer e se recompor da dura caminhada e outra para levar para casa. Ao chegar em casa sua dona dá a comida para um cão, um gato, um galo, uma galinha e até uma mula que também moram no ferro velho”


O comportamento social é definido como a interação entre dois ou mais indivíduos, ou a influência de um indivíduo sobre o outro. Poucas espécies de animais vivem em solidão, pois é necessário no mínimo - para a maior parte delas - encontrar um parceiro reprodutivo. A formação do grupo pode ser temporária ou permanente, contudo para assegurar a coesão do grupo é preciso adaptações comportamentais das espécies, pois a simples existência de comportamento de grupo, naturalmente, não garante o estabelecimento do comportamento social. Os padrões comportamentais necessários são: comportamento reprodutivo, história do desenvolvimento social, comunicação entre os indivíduos, territorialidade e organização social característica de cada espécie (CARTHY, 1980; DETHIER, 1988). A formação de grupos é representada pela sociedade que se caracteriza por uma organização em que os pais e a prole permanecem juntos por longos períodos, mantidos em associação graças ao comportamento mútuo, ou seja, os indivíduos cooperam entre si, diferenciando da agregação (grupo de animais da mesma espécie que se juntam por algum motivo externo apenas). Nas sociedades os indivíduos tendem a se especializar em seus afazeres (resultando numa divisão de trabalho), além de existir um complexo sistema de comunicação entre os membros da sociedade (CARTHY, 1980; DETHIER, 1988). 

Recentemente descobriu-se a importância do altruísmo para o desenvolvimento do comportamento social. O altruísmo refere-se a um tipo de comportamento encontrado nos seres humanos e em outros seres vivos também, em que as ações dos indivíduos acabam beneficiando outros indivíduos, colocando em risco a sua própria sobrevivência ou chances de disseminar seu próprio material genético. A palavra “altruísmo” foi criada em 1831 por Augusto Comte, o filósofo francês designou a palavra para caracterizar o conjunto das disposições humanas (individuais e coletivas) que levam os seres humanos a dedicarem-se aos outros (DETHIER, 1988). Em humanos o altruísmo é visto, por exemplo, nos Médicos Sem Fronteira, uma organização humanitária internacional independente e comprometida em levar ajuda voluntária às pessoas que mais precisam sem discriminação de raça, religião ou convicções políticas (Veja o vídeo).
O altruísmo foi comprovado em animais, o estudo foi realizado com macacos, os quais foram treinados para identificar símbolos em uma tela que representavam ganhar um “jatinho de suco”, entregá-lo a outro macaco ou escolher que nenhum dos dois recebesse a bebida. O resultado positivo foi alcançado devido aos macacos estarem expostos ao hormônio “oxitocina”, os animais que inalaram o hormônio escolheram mais vezes a opção de dar o suco ao outro macaco e não receber, por volta de meia-hora após a inalação, sendo então a explicação biológica para o acontecimento. Eles prestaram mais atenção no outro indivíduo e fixaram o olhar nele no momento em que escolhiam presenteá-lo (BRAZ, 2012). Do ponto de vista evolutivo, as práticas que obedecem as regras sociais fazem bem para a perpetuação dos genes, as condutas honestas e amorosas - como a prática do altruísmo - para qualquer espécie é visto como uma adaptação evoluída que permite aos indivíduos constituir e manter os vínculos sociais.
                Segundo Charles Darwin - em seu livro “A origem das espécies” - a seleção natural ocorreria para que os mais aptos sobrevivessem e estes agiriam de algum modo para que seus genes tivessem a possibilidade de se perpetuarem. Porém, o altruísmo faz o contrário de tudo que Darwin disse, pois a espécie arrisca o seu futuro para ajudar ou salvar outro, que muitas vezes não é da mesma espécie. Será que praticar o altruísmo realmente tem algum benefício que vale a pena arriscar as suas futuras gerações? Alguns pesquisadores afirmam que a prática de boas ações sem esperar nada em troca faz todo o organismo se sentir melhor, e ter uma visão de mundo diferenciada, mas será que isso realmente acontece, ou acaba dependendo da personalidade de cada indivíduo?
                Segundo a psicóloga Olga Inês Tessari, o altruísmo está sendo utilizado por muitos profissionais na área da saúde como um remédio para sentir-se melhor e mais alegre. Atitudes simples como um trabalho voluntário mostraram em uma pesquisa em Harvard, EUA, que o voluntariado faz bem ao coração e ao sistema imunológico, além de aumentar a expectativa de vida e a vitalidade, porque quando as pessoas altruístas notam a felicidade e gratidão dos outros, ocorre à liberação da endorfina, no cérebro, responsável pela sensação de prazer, diminuição da sensação de dor e diminuição das chances de ficar doente. Uma pesquisa realizada pelo Centro Médico da Universidade de Duke mostrou que através de jogos e questões com tarefas beneficentes, foi possível identificar os indivíduos mais altruístas por demonstrarem que tinham as respostas mais fortes do sulco temporal. Outra interpretação biológica do altruísmo é quando os indivíduos recebem o hormônio “oxitocina”, ela adiciona a empatia no cérebro (um dos elementos para a generosidade), este estudo foi realizado na Claremont Graduate University (TESSARI, sem data).

Nós formandos em Biologia acreditamos que uma pessoa altruísta pratica o bem, não apenas pela simples função de ajudar o próximo, mas também para satisfazer a si mesmo, ela obtém o bem-estar percebendo a felicidade e gratidão das outras pessoas. Sendo então um ponto conflitante com o egoísmo, pois ela não realiza a boa ação para a outra pessoa, mas sim para ela mesma se sentir bem.  Porém, pode ser considerada também uma estratégia evolutiva de sobrevivência para fazer o outro indivíduo reconhecer em si a necessidade de ajudar, para não ficar mal perante o resto do grupo social ou a está fazendo, por simplesmente ficar feliz e se sentir bem em ajudar o outro. O solidariedade de Lilica em garantir a comida para os demais animais - além da sua própria comida - é visto como uma postura de líder, um sentimento materno de cuidar das outras espécies que convivem com ela, fato que pode está relacionado com o hormônio oxitocina que é considerado o “hormônio do amor” e faz com que melhore a interação social e a realização de vínculos afetivos.


O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia se basendo nas seguintes obras:

BRAZ, M. P. Hormônio do amor estimula altruísmo em macacos. 2012. Disponível em: < http://viajeaqui.abril.com.br/materias/hormonio-do-amor-estimula-acoes-altruistas-em-macacos>. Consultado em: 26 ago. 2013.

CARTHY, J. D. Comportamento animal. São Paulo, 1980.

DETHIER, V. G.; STELLAR, E. Comportamento animal. São Paulo, 1988.

TESSARI, O. I. Fazer o bem faz bem. Disponível em: < http://www.olgatessari.com/id485.html>. Consultado em: 27 ago. 2013.








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