domingo, 12 de maio de 2013

III JOINTH – Bioética: Família e Cuidado



Essa semana a PUCPR foi palco da Jornada interdisciplinar de Pesquisa em Teologia e Humanidades cujo tema foi Bioética, Família e Cuidado. Durante três dias foi possível refletir às “provocações” éticas vindas de palestrantes, os quais com a sua experiência e olhares nos conduziram a uma viagem pelo nosso mais remoto interior. Iniciamos com a reflexão sobre gênero com a Dra. Lenise Garcia e a brilhante colocação da equiparidade entre homem e mulher, e não igualdade, como muitos pontuam. Enquanto a igualdade conduz a mulher viver uma vida de homem, se comportando como homem, sentindo-se como se estivesse vestindo o sapato errado, a equiparidade possibilita a mulher a assumir diferentes papéis sociais, sem precisar negar a sua feminina natureza biológica. A Estamira, também esteve presente no encontro deslizando nossos olhares e nos levando nos identificarmos com a sua vulnerabilidade entre a loucura a lucidez.  A morte - apresentada pelo Dr. Javier de La Torre Diaz da Pontifícia Universidade Comillas da Espanha - e os cuidados paliativos – apresentado pelas Ms Ângela Borghi e Angelita Visentin -  nos conduziram à reflexões a respeito da única certeza que temos do nosso futuro, nossa finitude, que ao mesmo tempo encanta - uma vez que nos faz únicos - e assusta - uma vez que nos faz findos. A realidade se endurece e é escancarada na nossa consciência quando nos coloca diante da necessidade de lidar com a finute do ente querido. Devemos superar nossas próprias angústias e medos para proporcionar não apenas dias a mais de vida, mas vida nesses dias que lhe resta. Cada vez mais admiro o trabalho desses profissionais que lidam com a morte diariamente e que a respeita como parte da dignidade da vida, e em especial, os profissionais mais altruístas que nossa sociedade produz: os enfermeiros. Foi discutido também os sucessos e demandas da plataforma brasil, portal eletrônico de submissão para apreciação pelos comitês de éticas em pesquisa com humanos. Sem dúvida nenhuma avançamos muito e os ajustes necessários visam a melhoria e eficiência da ferramenta. 
E por fim, fechamos com o início de tudo, o início do nosso ser biológico e social, o berço de todos os sucessos e problemas: a família. Não tem como a bioética não se voltar para a família como exposto em dois momentos: primeiro abordando a cidadania e educação com os Drs. Sidney da Silva e Maria Angélica Pizani; e com o fechamento do evento com o Dr. Mario Sanches, Dr. Javier de La Torre Diaz e pela Dra Carmen Massé, discutindo o planejamento familiar. É na família que surgem os dilemas que impedem que a criança - como ser vulnerável - possa ter a garantia do seu direto de ter uma família que lhe provenha recursos materiais - para crescer saudável e com acesso a educação - bem como recursos morais - que lhe permita se tornar um adulto equilibrado emocionalmente e capaz de resolver com sabedoria e resiliência os problemas normas da vida. E o que fazer frente à impossibilidade iminente desse direito? A bioética não deve impor seu ponto de vista de maneira inflexível, pois a ideia é dialogar com a sociedade e os diferentes olhares. Ao impor a sua verdade contribui para formação de mais um subgrupo - de um gueto - que na escuridão do futuro grita desesperadamente para se fazer ouvido. Por outro lado, a bioética pautada nos valores e virtudes espirituais, visa promover o debate entre os subgrupos e conduzir a sociedade para uma consciência coletiva; novos paradigmas morais e éticos para compreensão de condutas até então impossíveis de ocorrerem na vida de uma espécie que biologicamente continua a mesma de 100.000 anos, mas culturalmente tem experimentado um avassalador desenvolvimento tecnológico que exige novos comportamentos. Filhos que são gerados sem pai, ou sem mãe; avós que são mães; crianças que geram crianças; pais que não querem seus bebes; pais que querem escolher todos os detalhes físicos e psicológicos dos seus bebes; pais que não olham para suas crianças; pais que não têm tempo para suas crianças. São tantas as variáveis que a vida moderna nos impõe que se traduz em uma reflexão complexa. A família e a educação se mostram como os pilares para resolução desses conflitos, mas como levar a sociedade conceber, retomar ou remodelar esses valores faz parte da nossa jornada, como pesquisadores, como profissionais e como cidadãos. A sociedade precisa do bioético para realizar essas costuras, por isso essa área se abre como uma esperança para que o ser humano consiga retomar a condução de uma sociedade sadia, a qual automaticamente acarretará em um individuo sadio e em um planeta sadio. A discussão continua no  X Congresso Brasileiro de Bioética, de 24 a 27 de setembro de 2012 em Florianópolis... nos vemos lá!


Nenhum comentário:

Postar um comentário