..... “A natureza não dá
saltos” uma frase do filósofo alemão, Gótfrid Laibnitizi em seu
livro Princípio da continuidade, uma frase que atravessou as barreiras
temporais e culturais e atualmente é usada por diferentes ciências como a
biologia evolutiva, a mecânica e a economia; por diferentes grupos sociais
- desde os ecólogos em busca do ideal de salvar o planeta, até as religiões em
busca de salvar as almas - só no goolge são em torno de 650 mil referências. Na
verdade, O propósito de Laibnitizi foi criar uma doutrina compatível
com os postulados de todas as correntes filosóficas, desde os filósofos
modernos como Bacon, Hobbes, e Descartes, até aos
aristotélicos e escolásticos. Laibnitizi afirmava que, assim como a
correnteza é a causa do movimento do barco, mas não de seu atraso, também Deus
é a causa da perfeição da Natureza, mas não de seus defeitos.
"A natureza
não dá saltos" - Foi usada
também para mostrar que não existem gêneros ou espécies de seres vivos
completamente isolados, mas são todos interligados; é um principio que expressa
a ideia que a natureza varia continuamente e que os seres vivos, suas
características e propriedades mudam mais gradualmente do que abruptamente. A
ideia ganhou disseminadores importantes como Lineu que também era adepto da
visão de que a natureza avança aos poucos - do inanimado aos animais - sendo
desta forma impossível se determinar exatamente o limite de demarcação
entre uma espécie e outra.
“A natureza não dá
saltos” - se refere à
continuidade da natureza - como um movimento em perene mutação, cujo fluxo de
energia - trocado entre os seres - deve promover o equilíbrio, o qual deve ser
prontamente restabelecido assim que alterado. A sabedoria da vida nos
propõe desafios e cada um de vocês terá a sua própria história- cujos
obstáculos deverão ser superados um a um sem perder a essência do biólogo, ou
seja, aqueles dons que os trouxeram até aqui: a curiosidade, a criatividade, a
confiança, o espírito cooperativo e principalmente a fascinação e o
encantamento pela vida em todas as suas manifestações desde um animal em
extinção, às pragas urbanas, aos micro-organismos e até mesmo somente
às partes constituintes da vida como os genes e proteínas.
“A natureza não dá saltos” - considera que o
fato de alcançarmos uma meta não quer dizer que chegamos ao final, mas sim a um
novo fio constituinte da teia da vida. Viver é um campo aberto de possibilidades,
sendo os erros e conflitos inerentes à condição do ser em evolução. Para
tal, ter autoestima é fundamental. Não desanimar
diante dos “nãos” - nem tampouco colocar em dúvida a sua capacidade, pois vocês
possuem a essência do biólogo, tiveram uma excelente formação técnica e teórica
por professores preocupados em formar profissionais e, além disso, se
desenvolveram em um ambiente acolhedor que se preocupou em dar a vocês uma
base humanística e ética enaltecendo-os como cidadãos críticos e
participativos.
“A natureza não dá saltos” - Logo, é
possível o tão sonhado emprego não esteja tão à mão, mas ele existe! Nas
comemorações dos 60 anos do Curso de Biologia, tivemos a oportunidade de rever
inúmeros ex-alunos em excelentes colocações no mercado de trabalho. Estamos em
um momento em que a sociedade precisa do Biólogo, mais do que nunca! A vida nas grandes
cidades distancia o homem da natureza, as pessoas não se sentem responsáveis
pelas consequências do desenvolvimento tecnológico, pois não vêm de onde
vem a energia que consome e nem para onde vai os resíduos gerados. Incomodam-se
com os animais e vírus que trazem dano a sua saúde ou com as variações
climáticas, chuvas, tornados que destroem suas construções. É nesse cenário que
devemos atuar, subsidiando o bem-estar humano e todas as conquistas
decorrentes do desenvolvimento tecnológico, com o menor impacto possível na
natureza; prezar pela sobrevivência dos ecossistemas, pelo
bem-estar dos animais e pela saúde do planeta e do homem. A pesar de termos
a sensação que todo mundo pensa como a gente, pois vivemos rodeados de
biólogos, na verdade somos muito poucos, mas com uma missão muito grande, que
deve ser conquistada aos poucos.
“A natureza não dá saltos” - Por isso,
meu conselho de madrinha é que vocês cultivem a humildade, a coragem e a fé
para aceitar os presentes e a missão que a vida lhe der. E se em um primeiro
momento não der pra fazer aquilo que se ama, ame aquilo que você faz e faça bem
feito, com seriedade, comprometimento e principalmente com ética. O pesquisador esteja ele
no mundo acadêmico ou não, seja cientista ou técnico vai - passo a passo - em
busca do conhecimento, sendo seduzido pelo desconhecido. É gratificante provar
para si próprio que o impossível não existe, e que todos os problemas para se
fazer pesquisa no Brasil, é apenas mais um teste ao nosso idealismo. De uma
certa forma, o pesquisador mantem vivas características muitas vezes destruídas
por sistemas que criam profissionais altamente qualificados - quanto a sua
técnica - porém desprovido de habilidades em questionar, explorar, não se
abater diante das dificuldades, de exercer a criatividade e, por fim, ter
aquela sensação indescritível de responder seus próprios questionamentos, de
descobrir e de ajudar... Deve-se ter coragem, saber lidar com angústias,
ansiedades, expectativas e sonhos. São horas de dedicação, de abdicação de
momentos de lazer e com pessoas queridas. Richard Dawkins disse certa vez que o
sentimento de admiração que a ciência pode nos proporcionar é uma das
experiências mais elevadas de que a psique humana é capaz. É uma profunda
paixão estética que se equipara as mais belas músicas e poesias. É na verdade,
uma das coisas que torna a vida digna de ser vivida, função que cumpre - se é
que se pode fazer essa distinção - com mais eficácia ainda, quando nos convence
de que o tempo que temos para viver é finito.
“A natureza não dá
saltos” deixa claro que
nossos genes são ativados em associação com a história individual de cada um
nesse planeta tornando-nos deliciosamente e assustadoramente um ser único, porém não
solitário. Logo, não é sábio se comparar e comparar a sua história com a de
outros seres, pois a natureza não nos fez assim e isso gera um
desequilíbrio desnecessário. Também não é sábio ver o mundo apenas da sua
perspectiva, pois embora seja esse o seu parâmetro, isso pode atrapalhar a sua
conecção com o outro.
“A natureza não dá
saltos” – nossa
única realidade é o presente, o segundo precedente já passou e o próximo
segundo ainda não existe. Lógico que tudo que vivemos e nossa expectativa do
futuro nos faz quem somos, e iremos colher aquilo que plantarmos. Por
isso como biólogos conhecer nossas condutas, emoções e
reações do ponto de vista etológico, biológico e psicológico nos encaminharão
para um contexto melhor, embora temos consciência que muito do nosso
comportamento é inconsciente - a consciência racional que tanto nos
vangloriamos e que usamos para nos diferenciar dos demais animais - deve ser
usada com sabedoria para termos e proporcionarmos uma existência melhor para
todos os seres.
“A natureza não dá
saltos” - Por isso é
extremamente necessário preservar para evoluir. Como biólogos temos a missão de Manter a
vida do planeta.. uma missão audaciosa. É praticamente impossível mudar o mundo
de uma hora para outra. Como Bióloga sei que dá uma angústia enorme entender o
que a natureza está dizendo. Dá uma vontade de gritar para o mundo o que eles
não entendem, mas não é possível mudar o mundo com radicalismo, é preciso
re-educar, re-inventar, oferecer conhecimentos, alternativas e novos olhares,
só assim, aos poucos, continuamente, iremos conduzindo o mundo para novos
paradigmas éticos, foi assim que já conquistamos tantas mudanças na legislação,
na sociedade, na economia... para que algo na natureza passe a ser outra
coisa ela tem que passar por todos os graus intermediários que existem entre o
que ela é e o que ela vai ser, é como uma criança que para se tornar adulta
tem que passar por todas as fases intermediárias.
“A natureza não dá saltos” - É... se formar Biólogo, não
é de uma hora para outra, exige esforço, foram longos quatro longos anos, muito
conteúdo - a biologia é complexa - muitos estágios, muitas pesquisas. Um
processo contínuo que transformou vocês de pessoas fascinadas pela vida, em
Biólogos sedentos para atuar na nossa sociedade. Vocês sabem que não chegou ao
fim, é apenas mais um dos momentos tênues de transição entre diferentes estados
da história individual, da história do nosso grupo social, da história do nosso
universo... amanhã vocês estarão buscando novos caminhos, continuando os
estudos em seus mestrados - ressalva-se que já temos alunos com seu mestrado
garantido - outros irão lutar pelo seu espaço no mercado de trabalho. Para
alguns será mais fácil, para outros nem tanto, vai depender como vocês irão
aplicar a sabedoria expressa no nome de turma de vocês. Hoje vocês gravam seus
nomes no livro da vida marcando o início de um futuro de sucesso: Amanda,
Carola, Cristiane, Flávia Santi, Flávia Santos, Giovana, Guilherme,
Gustavo, Jéssica Cumin, Jéssica Mello, Jonathan, Juliana, Kassiana,
Lício, Letícia, Marina, Michel, Marielle e Windy, eu e seus professores aqui
representados pelo Julio, Carrano, Patricia, Denise e Rubens temos muito
orgulho de podermos ter feito parte dessa história, e temos certeza de que
muito em breve estaremos colhendo os frutos de tudo que plantamos. Podem ter
certeza que cada sucesso de vocês, por menor que possa parecer, é uma vitória nossa
também. De coração desejo a cada um de vocês que a natureza reverencie os seus
caminhos da mesma forma que todos os dias vocês também reverenciem a todos os
seres vivos (inclusive ao homem!), e respeitem-nos quanto ao seu espaço, seu
tempo e suas necessidades, e suas limitações. Descubra passo a passo, pois a natureza não dá
saltos - a melhor forma de viver a sua existência e de propiciar uma
excelente existência para todos os seres vivos. E... Sucesso pra
nós!
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