sábado, 26 de janeiro de 2013

Animais explorados em turismo ecológico



Série Ensaios: Ética no Uso de Animais e Bem estar Animal

Por JOÃO HENRIQUE NICOLELI

Pós-graduando em Conservação da Natureza e Educação Ambiental

Também chamado de turismo ecológico, o ecoturismo começou a chamar a atenção do setor turístico brasileiro por volta da década de 1980 e, principalmente na década de 1990, com a maior visibilidade dada às questões ambientais. Para um melhor aproveitamento de todo o potencial do território brasileiro e regularização da atividade ecoturística foi criado em 1987 a “Comissão Técnica Nacional” do projeto “Turismo Ecológico” da EMBRATUR (Instituto Brasileiro de Turismo) em parceria com o IBAMA (Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Renováveis). O projeto foi iniciado com a implantação de pólos de ecoturismo em todos os estados da Amazônia Legal. Em 1994 foram criadas as “Diretrizes para a Política do Programa Nacional de Ecoturismo que discorre sobre o potencial turístico do Brasil, os marcos referenciais internacionais, as possíveis vantagens do turismo bem organizado e os impactos negativos que podem ocorrer caso não haja o correto planejamento da atividade. A “Declaração de Ecoturismo de Quebec”, aprovada em 10 de junho de 2002 pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP) e pela Organização Mundial do Turismo (OMT), oficializou o ano de 2002 como o “Ano Internacional do Turismo”, como reconhecimento de todos os países participantes, inclusive o Brasil, da importância do ecoturismo como atividade econômica e de preservação do patrimônio ambiental e cultural. O desenvolvimento do ecoturismo no Brasil, em pesquisa realizada durante o 4º salão de turismo em julho de 2009, 1,7 mil pessoas entrevistadas, 34,3% apontaram o Ecoturismo e o Turismo de Aventura como atividades para suas próximas viagens, atrás apenas do Turismo de Sol e Praia com 52,1%. Esta modalidade de turismo apresentou lucro nacional de R$ 490 milhões, no mesmo, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta), tendo projeção até no exterior.
Como pode constatar-se o cartesianismo antropocêntrico estabeleceu um grande distanciamento na relação homem/natureza, distanciamento este verificado inclusive contemporaneamente (RODRIGUE & FEIJÓ, 2007). O principal conflito nesta modalidade de turismo é quanto à exploração do ambiente natural e a devastação que possa ser causada com a massificação desta modalidade. O planejamento tem que ser bem feito para que não ocorram problemas de invasão do meio desses animais pela cultura do ser humano, a educação ambiental deve bem aplicada para que a fauna e floral local não sofram, a observação pode ser especifica para um animal, mas se as relações entre as espécies forem abaladas, podemos desequilibrar o meio e prejudicar várias espécies. Segundo Paschoal (2012), assim como ocorre no continente africano, o Brasil vem desenvolvendo safaris para a prática de observação de animais silvestres em seu habitat natural, a onça pintada, Panthera onca, maior felino das Américas sofre com a perseguição de fazendeiros que querem proteger o gado. O Projeto Onçafari, do refúgio Caiman, tenta salvar o felino através do ecoturismo. 
Segundo Mario Haberfeld, idealizador do Onçafari, o objetivo é habituar a onça-pintada aos carros de passeios para que a observação da espécie na natureza seja facilitada. Isso atrairia mais pessoas, aumentaria o interesse dos fazendeiros no turismo de observação de animais, geraria novas oportunidades de emprego para as pessoas da região e ajudaria na conservação do felino e, consequentemente, de seu habitat. “É necessário agregar valor à onça para que ela valha mais viva do que morta.” Com o carro customizado para transportar guia e pessoas para observação das onças no refúgio ecológico Caiman no Pantanal, toda a arrecadação com a observação dos felinos é utilizada para manter o refúgio e cuidar dos animais. O Refúgio Ecológico Caiman (REC), no Pantanal, do empresário Roberto Klabin – fundador e presidente da SOS Mata Atlântica e da SOS Pantanal – foi o lugar escolhido para o início dos estudos. Câmeras foram instaladas nas árvores para identificar as onças que habitavam a fazenda. Algumas fêmeas foram capturadas para a instalação de um colar com GPS, para a determinação do território de cada indivíduo. Uma onça, batizada de Chuva, foi escolhida para iniciar a habituação, pois seu território ficava dentro da fazenda. Isso era uma condição essencial, já que a caça – apesar de ilegal – ainda acontece no Pantanal. Fazer a habituação de um felino que pode entrar em outras fazendas seria um risco para o animal. Ele poderia se aproximar dos caçadores e seria um alvo fácil. Tudo isso está sendo acompanhado pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e pelo Cenap (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos e Carnívoros). O meio ambiente é rico e pode ser utilizado como fonte de renda sem que seja degradado, mas devemos tomar cuidado para não gerar estresse, a fauna e flora, de modo a não danificar o curso natural da vida, pois a menor modificação no meio em que vivem estes seres pode ser uma grande transformação e causar grandes desiquilíbrios. A educação ambiental deveria ser uma disciplina de currículo escolar, sendo utilizada para construir um mundo de respeito entre ser humano e natureza, e não como fonte remediadora. A elitização do turismo de observação de animais e do turismo cultural e ecológico ainda se faz necessária, para que os grupos de visitação sejam pequenos e desta forma possam ser controlados para não degradarem o meio ambiente.

O presente ensaio foi baseado nas obras:
Crescimento do turismo de aventura e ecoturismo no brasil. Portal de informações turísticas do Brasil. Disponível em:http://www.viagembrasil.tur.br/NOTICIAS-VIAGEM-814-TURISMO+DE+AVENTURA+E+ECOTURISMO+ESTAO+EM+CRESCIMENTO+NO+BRASIL.htm acesso em 31/10/12.
PASCHOAL, F. Onça-pintada: Projeto Onçafari luta para salvar o felino com o ecoturismo. Blog National Geographic. Disponível em: http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/blog/curiosidade-animal/onca-pintada-ecoturismo-oncafar/ acesso em 31/10/12.
RODRIGUES, G. S.; FEIJÓ, A. G. S. Ética e ecologia: Fundamento para um ecoturismo responsável e eficaz. Anais do Congresso de Ecologia. Disponível em: http://www.seb-ecologia.org.br/viiiceb/pdf/1207.pdf acesso em 02/11/12.
PROJETO ONÇAFARI. Disponível em: http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/blog/curiosidade-animal/onca-pintada-ecoturismo-oncafar/
SOCIEDADE DE DEFESA E PESQUISA AMBIENTAL. VIVA TERRA. Disponível em: http://www.vivaterra.org.br/vivaterra_artigo_tec_2.htm

2 comentários:

  1. Eu sou um grande adimirador da Onça pintada Brasileira, porém, acredito ser melhor nos mantermos afastados destes sensíveis animais já muito ameaçados pela agro-pecuária e o avanço das cidades a áreas de mata. Sabemos que é um animal que precisa de grandes áreas para que sobreviva com saúde e consiga se reproduzir. Enfim, mesmo querendo ver um animal deste de perto, prefiro abrir mão e ver a espécie presente em nosso planeta.

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