sábado, 6 de outubro de 2012

Discriminação em grupos sociais é natural?



Série ensaios: sociobiologia

Por Heros H. Heller Chaves; Leonardo J.L. Brantes; Marielle Hütner; Victor P. Tedeschi

Acadêmicos do Curso de Ciências Biológicas



Não é raro serem notificados na mídia casos significativos de violência nos quais o bullying tem sido associado como sua causa principal. Especificamente sobre o que ocorre nas escolas como caso específico do que ocorreu na Escola Municipal Tasso da Silveira (em Realengo, na Zona Oeste do Rio, no dia sete de abril de 2011, considerada a maior tragédia ocorrida dentro do espaço escolar em nosso país), por que será que Wellington de Menezes, ao atirar, teve como alvo principal as garotas? Se no caso, ele tivesse dado preferência a pessoas negras, ao atirar, a mídia não estaria falando em preconceito racial? O fato, é que pouco se fala das hostilidades que ele sofreu quando estudava naquele espaço, como quando colocaram a sua cabeça na privada, dando descarga logo em seguida. A escola tem um interessante papel de reflexão, já que é um espaço no qual os estudantes passam boa parte do seu tempo, e que de certa forma, é uma mini representação da sociedade em que vivemos.
O convívio social é entendido como a existência de algum grau e/ou tipo de contato entre indivíduos da mesma espécie. Uma sociedade pode surgir como um grupo familiar ou como um grupo de indivíduos que se juntam para atender uma real necessidade. No entanto, um complexo sistema de membros da sociedade e o fortalecimento das relações entre os mesmos, possibilita discriminar os estranhos. Harris (1995), afirma que o processo de formação de grupos se apoia na capacidade inata do homem possuir cérebro construído com a habilidade de classificar, categorizar, nomear, rotular ou dividir pessoas ou coisas em grupo; capacidade esta já observada em outras espécies e na criança antes de um ano de idade, que já faz categorizações por idade e sexo. De modo geral, um sistema hierárquico diminui a agressão entre os indivíduos de um grupo, já que os animais subordinados respondem a sinais dos dominantes e cedem sem disputas. Tal fato é vantajoso, pois as disputas não apenas causam ferimentos, mas também desperdiçam tempo e energia. Com base nesta premissa, interações sociais então podem corroborar eficazmente para o desenvolvimento saudável do indivíduo, podendo o apego contribuir não só para proteção, como métodos de aprendizagem mútua. “Quanto mais forte o vínculo inicial mãe–bebê, maior a probabilidade de a criança tornar-se independente no futuro, pois é o apego seguro que permite a criança aventurar-se de maneira confiante no mundo (Toni, Salvo et al., 2004).”
Em algumas sociedades, entretanto, a agressão aberta ocorre quando machos jovens são forçados a abandonar o grupo, quando já estão quase adultos. Os jovens então têm que procurar parceiros em outro lugar ou enfrentar o pai. Nessas ocasiões as lutas podem ser muito sangrentas; as dos leões marinhos é um bom exemplo. Em colônias de ratos, e também de insetos sociais (veja o vídeo), o comportamento social é regulado pelo reconhecimento da identidade grupal, e não individual: o cheiro característico permite o reconhecimento mútuo dos membros da mesma colônia; o indivíduo que, por acidente ou por intervenção de um experimentador, perde o cheiro da colônia pode ser atacado e morto pelos mesmos parceiros que minutos antes o alimentavam o mantinham com ele outras interações amistosas (Carvalho, 1998).
Em nossa sociedade, pesquisadores da área de interação social têm identificado que estudantes rejeitados socialmente interagem diferentemente, com agressividade, rejeição e ignoram outros alunos, com mais frequência do que com os estudantes aceitos socialmente (Batista; Enumo, 2004). Esse ato violento tem sido denominado atualmente como bullying, uma palavra de origem inglesa utilizada para a prática de violência e de maus tratos entre os alunos, violência essa repetida e intencional entre agressores e vítimas (Araújo, 2009). Outros temas que merecem atenção ainda é a homofobia (aversão a homossexuais), racismo (pensamento voltados para existência de raças superiores umas às outras) e sexismo (ideias que privilegiam entes de determinado gênero), isso ocorre por termos uma tendência natural a sermos egoístas, pois mantermos próximos a nos somente aqueles que possam em um futuro nos trazer algum beneficio, já aqueles que não nos trarão benefícios excluímos ou tratamos de forma a mostrar que somos melhores que eles de alguma maneira para não possam competir por um mesmo recurso qualquer. Apesar de isso ser um comportamento natural - presente inclusive em animais - nós humanos temos a capacidade de oprimir esses instintos.
Portanto nós formandos em Biologia ressaltamos que ninguém é superior ou inferior a ninguém por sua cor, sexo, opção sexual, religião, ideologia, etnia, aparência; somos todos seres humanos, cada qual com suas diferenças em um mesmo grupo global. Todos nós temos nossas diferenças, particularidades, defeitos e qualidades; todos nós temos gostos diferentes, optamos por alternativas e tomamos atitudes muitas vezes diferentes dos outros, e estas diferenças, a individualidade, devem ser respeitadas. 

O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia II e baseado nas obras:
ARAÚJO, F. A. D. Bullyng: uma abordagem teórica dessa construção social. 2009. 149 Dissertação (Mestrado em Educação). UFRJ, Rio de Janeiro.
BATISTA, M. W.; ENUMO, S. R. F. Inclusão escolar e deficiência mental: análise da interação social entre companheiros. Estudos de Psicologia v. 9, n. 1, p. 101-111,2004. 

CARVALHO, A. M. A. Etologia e Comportamento Social. Psicologia: reflexões (im)pertinentes, p. 195--224,  1998.  
TONI, P. M. D.et al. Etologia humana: o exemplo do apego. Psico-USF, v. 9, n. 1, p. 99-104,2004.   


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