domingo, 7 de outubro de 2012

A origem da espiritualidade




Série Ensaios: Sociobiologia
Por Carola Gutfreund, Caroline Szychta Baréa, Franciele Kovalski Leite e Gustavo Hatschbach de Paula
Acadêmicos do curso de Ciências Biológicas

A cura pela fé é uma questão em pauta mesmo diante dos inúmeros relatos de pessoas que dizem terem sido curadas pela sua fé – apenas com rezas e orações -  desde o início da humanidade. Atualmente existem postos de saúde que estão contratando rezadeiras para ajudar na cura de doentes (Veja a entrevista de um médico sobre a cura pela fé). Para melhor explicação deste fenômeno foi produzido uma matéria no globo reporte recentemente apresentando inúmeros casos  reais (veja o documentário) de cura pela espiritualidade, um dos casos citados foi de uma garota que quando pequena teve osteomielite, sendo necessária uma cirurgia de emergência, entretanto por causa dos riscos da mesma, e diante da fé dos pais terem, os mesmos recorreram ao tratamento espiritual, e após 7 meses a garota estava com a pena como nova, é como se a doença não tivesse acontecido.
Outro exemplo é o uso do poder de cura pela energia liberada através da prática de imposição das mãos, a qual vem sendo comprovado por cientistas da USP e Unifesp. Método é utilizado por diversas religiões. Foram investigados os efeitos da imposição em camundongos, nos quais foi possível observar um notável ganho de potencial das células de defesa contra células que ficam os tumores.
Sob a perspectiva etológica, o comportamento, tal como os órgãos ou estruturas corporais, é produto e instrumento do processo de evolução através de seleção natural. A organização corporal do animal não poderia ser funcional, testada e moldada pela evolução se não estivesse acompanhada por uma organização comportamental adequada, como por exemplo, uma coloração corporal que ajuda o animal a se camuflar no ambiente, protegendo-o de predadores, só é eficaz se o animal selecionar adequadamente seus locais de permanência. A característica definidora do comportamento social é o fato de existir algum tipo de regulação ou influência de um membro da mesma espécie sobre o comportamento do indivíduo. A vida social existe na natureza sob diversas formas, as quais atendem às diferentes pressões seletivas ou cumprem diferentes funções adaptativas, não podendo ser consideradas casuais. O comportamento social apresenta uma função comum: a troca de informação entre organismos, que permite a regulação recíproca. Na maioria das espécies, essa troca se refere a estados motivacionais para regular o comportamento do outro, o organismo oferece informação sobre seu estado motivacional que permite ao outro prever suas ações e sobre essa previsão efetuar sua resposta. Essa é a função biológica de qualquer comportamento comunicativo. Algumas vantagens obtidas por seres sociais vivendo em comunidade estão relacionadas á defesa contra predadores, maior obtenção de alimento e, probabilidade de acasalamento. O homem é uma espécie social. Essa característica, que nossos ancestrais trouxeram em sua herança primata, juntamente com um cérebro bem desenvolvido, uma visão aguçada, e membros manipuladores, a evolução moldou uma modalidade peculiar de adaptação, uma cultura transmissível (Carvalho, 2012).
O interesse sobre a espiritualidade e a religiosidade sempre existiu no curso da história humana, a despeito de diferentes épocas ou culturas. Acredita-se que desde o surgimento do homem houve indício de crenças espirituais como imagens pintadas em cavernas ou rituais de sepultamento. Contudo, apenas recentemente a ciência tem demonstrado interesse em investigar o tema. No começo dos anos de 1960, os estudos eram dispersos e, nesse período, surgiram os primeiros periódicos especializados, entre os quais o Journal of Religion and Health.
A Espiritualidade vem da palavra espírito, e é definida como a parte imaterial, intelectual ou moral do ser humano, assim a espiritualidade está ligada ao conhecimento da alma humana. O termo espiritualidade envolve questões quanto ao significado da vida e à razão de viver, não limitado a tipos de crenças ou práticas. Para verificar a relação entre a saúde dos pacientes e a cura pela fé, foram realizados vários estudos que comparavam grupos de pessoas e sua religiosidade com a capacidade delas se recuperarem de uma doença. Esses estudos verificaram que pessoas mais religiosas possuem melhores respostas ao combate à doença. Segundo Hamer no livro O gene de Deus é verificado que as pessoas que frequentavam os cultos viviam mais e tinham hábitos de vida mais saudáveis, ou melhoravam eles. Quem fumava tinha mais propensão a largar o hábito. Faziam mais amizades, praticavam mais exercícios físicos, permaneciam mais tempo casados e diminuíam a ingestão de álcool. Isso sugere que a religiosidade não está apenas relacionada á boa saúde, mas chega a estimulá-la. Alguns estudos verificam que a produção de interleucina-6 está relacionada à fé das pessoas e verificou-se que pessoas que possuíam uma maior religiosidade produziam mais IL-6, do que outras.
            Diversos artigos científicos vêm demonstrando que a prática da fé está positivamente correlacionada ao bem-estar, saúde mental, física, longevidade e qualidade de vida, inclusive em base genética. Richard Dawkins por sua vez acredita que não tenha uma questão biológica nesse tema, e que os genes não tem ligação com a espiritualidade.
Um dos suportes biológicos para explicar o tema está ligado ao neurotransmissor serotonina.  Cientistas têm realizado varreduras no cérebro e evidenciado sua relação com a espiritualidade, ele age moldando a personalidade e a deixando mais suscetível a experiência espirituais, pessoas com mais receptores demostraram maior aceitação espiritual. Com base nessas informações pesquisadores foi ainda mais fundo encontrando uma abordagem genética, o gene vmart2 estaria ligado ao transporte dessas substâncias para o cérebro. Dean Hamer em seu livro “O gene de Deus” aborda este tema polêmico. Segundo Hamer, espiritualidade é um instinto, consta em nossos genes e é moldado pelo ambiente através de questões sociais, culturais e históricas. O autor baseia sua teoria em cinco formas de pensamento: uma escala numérica onde as pessoas têm a capacidade de ir além de si mesma, a Autotranscedência a influência genética através da Herdabilidade; um gene específico que indica como a espiritualidade se manifesta no cérebro, “O Gene de Deus”; substâncias que alteram nossa consciência através de um Mecanismo Cerebral controladas por este gene; e por fim uma Vantagem Adaptativa que está relacionada ao otimismo e coragem que a espiritualidade traz ao homem. Uma vontade de estar junto com semelhantes, o que torna o homem próximo de alguma religião, o faz viver em grupos, evolutivamente falando o torna mais apto à procriação e transferência de seus genes. O que também é interessante é que o autor em entrevista a Folha de São Paulo, afirmando que todos os mamíferos possuem os mesmos genes, inclusive nós humanos, sendo o vmart2 não exclusivo a nossa espécie, e sim de todos os animais que o possuem.
Nós acadêmicos de biologia acreditamos que a espiritualidade está fortemente relacionada com o aspecto biológico do ser humano sendo algo que acompanha a humanidade desde seu surgimento, entretanto existem diversos fatores que influenciam essa questão, como: cultural, influência familiar, história pessoal.

O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia II, sendo baseado nas seguintes obras:
PERES, J.F.P.; SIMÃO, M.J.P.; NASELLO, A.G. Espiritualidade, religiosidade e psicoterapia. Revista de psiquiatria clínica, v.34, p.136-145, 2007.
CERQUETANI, S. O poder da fé. Disponível em: http://revistavivasaude.uol.com.br/saude-nutricao/106/artigo246102-1.asp. Acesso em: 22/08/2012.
CARVALHO,A.M.A; Etologia e Comportamento Social. Disponível em: http://pet.vet.br/puc/etologiaecomportamento.pdfAcesso:22/08/2012
HAMER, D. O gene de Deus. Ed. Mercuryo, 2005.

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