sábado, 20 de outubro de 2012

Traição: a culpa é da genética



Série ensaios: Sociobiologia
Por Adriane, Marina, Renan e Vanessa

Acadêmicos do curso de ciências biológicas

"Esposa traída coloca vídeo na rede desmascarando a melhor amiga e o marido num caso de infidelidade mostrando provas de investigação que acaba em agressão e um escândalo na internet." (Veja o Vídeo)
            Comportamento social caracteriza a interação entre o organismo e o ambiente. No comportamento social existem duas possibilidades de interpretação: o comportamento de grupos de pessoas, e o comportamento de indivíduos juntamente com o contato com outras pessoas. O comportamento tem sido analisado através dos fenômenos sociais, como fatos ou eventos envolvendo ações com mais de uma pessoa. Na literatura, procurou buscar-se os três eventos rotulados como fenômenos sociais. O comportamento social é uma contingência tríplice cujas consequências são medidas pelo comportamento operante de outro(s) indivíduo(s); A produção agregada é o conjunto de comportamentos de mais de um indivíduo que geram um produto agregado. Já a prática cultural são comportamentos aprendidos e similares propagados por sucessivos indivíduos. As características e complexidades destes três fenômenos são debatidas. Possibilidades de diálogo com as Ciências Sociais são ressaltadas (SAMPAIO 2010).
            O termo sociedade significa agrupamento de pessoas que vivem em estado gregário, o que não significa apenas uma necessidade do ser humano viver em grupos, mas também a capacidade de desenvolver atividades em grupo. Conceitua-se grupo com uma pequena associação, uma reunião de pessoas unidas para um fim comum. Há dois tipos de monogamia: A social e a Genética. A social acontece quando dois indivíduos de sexo oposto se unem para formar um casal.

 Já a genética é a monogamia sexual; para ocorrer, cada membro do par precisa garantir exclusividade de acesso sexual ao outro. A monogamia social Humana é facilmente explicada, uma vez que o ser humano é um animal que necessita de cuidados por muito tempo depois de seu nascimento. E no caso, é vantajoso para a espécie, que haja uma ligação entre os pais para que o filho tenha maiores chances de um bom desenvolvimento, assim como ocorre com animais. Mais que uma escolha, é uma adaptação de tipo social com fins biológicos.

Os animais cultivam longas amizades e romances monogâmicos, mas às vezes, assim como os homens, a traição se torna comum quando aparecem as dificuldades ou a tentação pelo poder. Há muito tempo a ciência tem olhado para o comportamento animal em busca de similaridades com os seres humanos. Nos últimos anos, as descobertas desse ramo têm sido as mais surpreendentes. Estudos realizados pela geneticista Mayana zats da revista Plos one revelam que a infidelidade pode estar relacionada à genética. Existem animais que praticam a monogamia como os humanos, por exemplo, o lobo cinzento, ariranhas, chacal, corujas, castores, abutre preto, gibão, condor, antílope africano e pinguins. Segundo estudo publicado, variações em um gene específico, o receptor de dopamina D4 estariam associadas a determinados comportamentos sexuais, principalmente promiscuidade e infidelidade
Estudos anteriores sugerem que a neurotransmissão da dopamina no cérebro influencia a libido, o comportamento sexual e o “laço” entre casais. Dois hormônios, a oxitocina e vasopressina, atuam sobre a função dopaminérgica influenciando o comportamento monogâmico e a união entre casais. Outros estudos sugerem que genes que modulam a neurotransmissão da dopamina, como o gene receptor da dopamina D4, estaria relacionado a características comportamentais como a busca de sensações novas (Zatz, 2011). Neste estudo foi mostrado que esse gene (receptor da dopamina D4) apresenta uma região com um número variável (2 a 11) de repetições. Pessoas com um número maior de repetições (7 ou mais) teriam uma maior predisposição para buscar novas sensações e emoções. A hipótese dos autores é que essas pessoas também teriam uma tendência maior a ser sexualmente promíscuas e infiéis.
No caso da infidelidade social, pesquisas mostram que apesar de 90% das pessoas casadas desaprovarem de relações extraconjugais, as estatísticas de uma pesquisa nacional indicam que 15% das mulheres e 25% dos maridos já tiveram relações sexuais extraconjugais. Esses números aumentam cerca de 20% quando casos emocionais e relações sexuais sem intercurso são incluídos. Em uma pesquisa realizada pela revista VEJA, segundo sexólogo e ginecologista carioca Amaury Mendes Júnior, os homens traem para contar vantagem, enquanto que as mulheres traem porque sua vida sexual com o parceiro não vai bem, uma vez que para a mulher, o sexo quer dizer várias coisas: que ela ainda é amada, desejada, respeitada pelo marido.

A traição, que era confessada por mulheres aos prantos, arrasadas pelo remorso, hoje é um tema que tende a ser tratado de forma mais racional. Segundo a reportagem, por mais conflitantes que sejam os argumentos da eterna briga entre biologia e cultura, o senso comum prevalece em algumas constatações. A mais óbvia: os homens traem por sexo. Já no complexo continente da psique feminina, os motivos se multiplicam. Mas é fato que a mesma mornidão conjugal que leva os maridos a buscar a variedade corrói nas mulheres um dos mais poderosos motores da sexualidade feminina (e, por conseqüência, da auto-estima): o sentir-se intensamente desejada.
Enfim, todos os conceitos monogâmicos estipulado pelas crenças e tradições cairão por terra, pois o ser humano, principalmente, provém de uma natureza poligâmica, levando-se em consideração que, do ponto de vista biológico, ter vários parceiros reflete na idéia de que haverá uma maior variabilidade genética entre as espécies. O pesquisador Christopher Ryan comenta: “sem as barreiras culturais, nossas orientações sexuais derivariam em várias relações paralelas de diferente profundidade e intensidade". Para Ryan, novos modelos de família são constatação de que a família nuclear não é o único modelo válido. O tema em discussão é bastante polêmico e as opiniões sobre o assunto são variadas. Nós acreditamos que a traição é normal, podendo ser derivada da genética e é um tipo de comportamento reprodutivo. Porém, nós humanos fomos criados numa sociedade onde a traição é visto como algo imoral, ruim, errado, o que torna a traição um ato acompanhado de culpa, dor, tristeza e sofrimento para quem o recebe.

Este ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia II sendo baseado nas seguintes obras:
D. P. BARASH; E. J. LIPTON. O mito da monogamia: fidelidade e infidelidade entre pessoas e animais, Ed. Record. Rio de Janeiro. 2007.

http://www.clicsoledade.com.br/clicnews/?pg=ler&id=3462
http://salaolady.blogspot.com.br/2010/12/o-problema-seria-genetico.html
http://universouniversal.wordpress.com/tag/monogamia/
http://papodehomem.com.br/todas-as-relacoes-sao-abertas/
http://www.youtube.com/watch?v=i4H-0rQwA5g&feature=related (vídeo)
http://veja.abril.com.br/131004/p_084.html
http://www.allaboutlifechallenges.org/portuguese/infidelidade-no-casamento.htm
http://www.youtube.com/watch?v=8ezV_G4Aurc (vídeo)
http://br.noticias.yahoo.com/monogamia-n%C3%A3o-%C3%A9-natural-dos-humanos--dizem-pesquisadores.html

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Amor ou Oxitocina?



Série Ensaios: Sociobiologia

Por Guilherme Rathunde, Jéssica Mello, Tashi Torres e Victor Reimann

Acadêmicos do curso de Biologia

                Um caso que gerou bastante polêmica no ano de 2012 foi o fato de como proceder ao ter como diagnóstico de que a mulher está gerando um feto anencefálico. Neste caso,  o aborto seria considerado crime ou não? Foi votado no Supremo Tribunal Federal, no ano de 2012, a possibilidade legal de grávidas de fetos sem cérebro interromper a gestação com assistência médica. O Código Penal criminaliza o aborto, com exceção aos casos de estupro e de risco à vida da mãe, e não cita a interrupção da gravidez de feto anencéfalo (Veja o vídeo). A anencefalia é uma malformação rara do tubo neural, caracterizada pela ausência parcial do encéfalo e da calota craniana, proveniente de defeito de fechamento do tubo neural nas primeiras semanas da formação embrionária. Bebês com anencefalia possuem expectativa de vida muito curta, embora não se possa estabelecer com precisão o tempo de vida que terão fora do útero.  Um dos momentos mais críticos relacionados à sobrevivência das espécies não envolve apenas a geração de novos descendentes, mas também o cuidado da prole (Vieira, 2003). Este cuidado é constituído por um repertório de comportamentos exibidos pelos pais para com a prole, tendo como objetivo assegurar a sobrevivência de seus descendentes (Trivers, 1972). Pode-se classificar o comportamento parental em função das características físicas e comportamentais dos filhotes durante o nascimento (Rosenblatt, 1992). Existem três casos de maturidade do feto: o que o filhote nasce bastante imaturo e necessita de extensivos cuidados maternos ou parentais, uma vez que os recém-nascidos apresentam limitadas capacidades sensoriais. Em segundo, o filhote já nasce com várias habilidades de comportamento que lhe garantem certa independência dos adultos, e por fim, o grupo daqueles animais que apresentam características dos dois grupos anteriores (Vieira, 2003). Esch e Stefano (2005) consideram o amor como um complexo neurobiológico baseado na confiança, em crenças, no prazer e na recompensa, envolvendo necessariamente o sistema límbico. Consideram que esse processo envolva a atuação da oxitocina, entre outros, como vasopressina, dopamina, sinalizadores serotonérgicos, além do importante papel das endorfinas e do óxido nítrico.
                O objetivo da oxitocina, também conhecido como o hormônio do amor, é enviar mensagens aos neurônios para uma região específica do cérebro, denominada amígdala a qual é extremamente importante às reações com o meio ambiente, modelando no ser humano sua conduta social (Dacome e Garcia, 2008) e com as emoções (Machado, 2000). Vários estudos demonstram que a ocitocina está implicada na mediação neurormonal de comportamentos como o reflexo da liberação de leite durante a lactação, e o comportamento maternal frente a seus filhotes e frente a um potencial agressor (Giovenardiet al., 1998). Ela também modula relações de apego, comportamento sexual, comportamentos sociais, memória, ansiedade, estresse e a imunidade (Toigo, 2011). Animais que não produzem ocitocina ignoram suas crias e constantemente buscam parceiros diferentes para o acasalamento e, ainda, se injetá-las em cobaias que não engravidam faz com que estas se disponham a adotar filhotes alheios. Portanto, espécies que produzem esta substância tendem a ser dedicadas aos filhotes e seus parceiros (Carmichael et al,1987). Por conseguinte, o comportamento materno em mamíferos e em aves, de um modo geral é produto de alterações hormonais que ocorrem durante a gravidez e o parto. Segundo Cabada (1998), a mãe, quando estabelece tais vínculos com seus filhos, ao longo do primeiro ano de vida possibilita o nascimento ontológico deles, ou seja, dá origem à existência interna e psicológica de seu filho. Por essa ótica, pode-se dizer que a pessoa que cuida é considerada a chave que propicia o início da vida psicológica e pessoal deste ser. Spitz (1979) também ressalva a importância da participação da mãe tem ao criar um “clima emocional favorável”. Segundo o autor esses sentimentos maternos são essenciais nos primeiros anos de vida, pois a atitude materna serve para orientar os afetos do bebê e conferir qualidade de vida. Logo após o nascimento do filhote, a mãe está com altos níveis de ocitocina, que a faz esquecer a exaustão do parto e da dor e traz a euforia e uma intensa sensação de amor.  Para Dacome e Garcia (2008), a instauração de vínculos durante a vida do indivíduo (principalmente no início) cria, de certa forma, condições de amadurecimento de substratos fisiológicos que permanecem até o fim de sua vida.
                E quando os pais matam seus próprios descendentes, não há amor? Na natureza, O infanticídio pode ser eficiente para sobrevivência de determinadas espécies animais, sendo que às vezes a maior ameaça à sobrevivência vem da própria espécie. Os animais matam seus filhotes para melhores oportunidades de reprodução, alimentação e também para que os pais não tenham que investir tanta energia cuidando da cria. Também há animais como ratas que matam filhotes de outro indivíduo para alimentar-se e roubar seus ninhos, sendo que também podem matar seus próprios filhotes se apresentarem deformidades ou ferimentos, permitindo concentrar recursos e energia para outros filhotes. Este ato, também pode ocorrer caso o macho aumentar o seu sucesso reprodutivo, sendo que este mata os filhotes dos rivais para reduzir a competição do seu filhote pela reprodução e crescimento. Já no caso dos humanos, o infanticídio geralmente ocorre quando as mães delirantes envolvem o bebê, com ideias de que o bebê é defeituoso ou está morrendo. E no nosso caso, este ato está ligado a transtornos psiquiátricos pós-partos. Estes transtornos estão ligados a bruscas mudanças nos níveis dos hormônios gonadais, nos níveis de ocitocina e no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, que estão relacionados ao sistema neurotransmissor. Além das alterações biológicas, a transição para a maternidade é marcada por mudanças psicológicas e sociais (Cantilio et al. 2009). A variação no comportamento dos seres humanos quando comparado ao dos animais se dá ao fato de que a seleção natural não atua muito fortemente sobre os humanos, pois a maioria dos nossos predadores desapareceu, sendo que mesmo os mais despreparados podem reproduzir-se e passar seus genes a diante (Wallace, 1985). Portanto, biologicamente, este amor sentido pelos pais está relacionado ao hormônio ocitocina. Do ponto de vista evolutivo esse comportamento reflete a importância da reprodução e da perpetuação da espécie.

Esse ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia II e baseado nas seguintes obras:

CANTILIO, A.;ZAMBALDI, C.F.; SOUGEY, E.B.; RENNÓ, J. Transtornos psiquiátricos no pós-parto. Rev. Psiquiatria Clínica. Disponível em: http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol37/n6/288.htm acesso em 10/09/12.

CARMICHAEL, M. S. et al. Plasma oxytocin increases in the human sexual response. J ClinEndocrinolMetab., v. 64, n. 1, p. 27-31, 1987.
DACOME, O.A. Efeito modulador da ocitocina sobre o prazer. Revista Saúde e Pesquisa, v. 1, n. 2, p. 193-200, maio/ago. 2008.
ESCH, T.; STEFANO, G. B. Love promotes health. NeuroEndocrinolLett., v. 26, n. 3, p. 264-267, 2005.
GIOVENARDI, M.; PADOIN, M.J.; CADORE, L.P.; LUCION, A.B. Hypothalamic Paraventricular Nucleus Modulats Maternal Agression in rats: Effects of ibotenic Acid Lesion and Oxytocin Antisense – From behavior to gene expression. Physiol. Behav., v.62, n. 3, p. 351-359, 1998.
MACHADO, A. B. M. Neuroanatomia funcional. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 2000.
OING, E.; CREPALDI, M.A. Os efeitos do abandono para o desenvolvimento psicológico de bebês e a maternagem como fator de proteção.Estud. psicol. (Campinas),  Campinas,  v. 21,  n. 3, Dec.  2004 . 
ROSENBLATT, J.S. Hormone behavior relations in the regulation of parental behavior.Behavioral endocrinology. Massachusetts Institute of Tecnology Press, Massachusetts, USA, p. 219-229, 1992)
SPTIZ, R. A. O primeiro ano de vida: um estudo psicanalítico do desenvolvimento normal e anômalo das relações objetais. São Paulo: Martins Fontes, 1979.
TOIGO, E. V. P. Efeitos a longo prazo de diferentes separações dos filhotes no período neonatal sobre as genitoras. Tese de mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
TRIVERS, R. L. Parental investment and sexual selection. In B. Campbell (Ed.), Sexual selection and the descent of man: 1871–1971 (pp. 136–179). Chicago: Aldine, 1972
VIEIRA, M.L. Comportamento materno e paterno em roedores. Biotemas, 16 (2): 159 – 180, 2003.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Moral: um ato racional, genético ou biológico?



Série Ensaios: Sociobiologia

Por  Giovana Casagrande, Jonathan S Pinto , Juliana N.  Kohler e Michel S C Monteiro

Acadêmicos do curso de Ciências Biológicas

A palavra “moral” segundo o dicionário Priperam da Língua portuguesa significa: Conjunto de regras e princípios que regem determinado grupo. Nossos ancestrais, ao longo dos anos, já apresentavam certa noção de hábitos morais a ser seguido em sociedade, isso porque eles eram nômades, sobreviviam da caça e do forrageio e viviam em pequenos grupos de aproximadamente 200 pessoas - carregando consigo aspectos morais, mesmo que de maneira inconsciente. Essas sociedades já se definiam em grande parte por esses aspectos, que podiam ser provenientes tanto de condutas religiosas, quanto de leis, códigos e tradições, que de certa forma acabam definindo os grupos e definindo a espécie Homo sapiens  como um “animal social.” E acredita-se ainda que a conduta moral possa ser proveniente de aspectos genéticos, que é o tema abordado.
Para uma melhor compreensão desse aspecto, é necessário retornar na nossa história evolutiva. O parente mais próximo a nós no contexto atual são os chimpanzés, que se distanciaram há cerca nove milhões de anos atrás. Nessa espécie surgiu o córtex cerebral, cuja parte mais “nova” foi capaz de dar ao homem (e também a eles) a capacidade de resolver seus problemas, de diversas formas possíveis. Durante a maior parte dos seus primeiros duzentos mil anos de vida, o ser humano era nômade, se tornando sedentário somente após o período em que a agricultura foi estabelecida. E tudo isso, ocorreu apenas em 8 mil anos, tempo pouco suficiente para que nossos corpos acompanhassem a evolução de nossas mentes. A ideia de que o comportamento social é impulsionado por fatores genéticos vem interessando os pesquisadores dessa área nas últimas décadas. Alguns autores defendem que pelo fato de sermos organismos biológicos, nossos comportamentos tem relação com os ditos fatores biológicos, que já possuem predisposições genéticas. 
O fato é que as sociedades mais remotas já “fixaram” os comportamentos considerados moralmente corretos desde os tempos das cavernas, quando deixavam-os registrados em pedras para que as futuras gerações soubessem o que fosse necessário para manter a vida em sociedade em harmonia e esses comportamentos “corretos”, com o passar do tempo acabaram se tornando regras a serem seguidas. Portanto, a moral acaba remetendo às normas, que na humanidade atual foram transformadas em leis, condutas religiosas e também tradições e acabaram se tornando cruciais para que se tenha um bom relacionamento em todos os grupos em que o indivíduo está inserido.
Trazendo essas informações para um caso real, podemos apresentar um comportamento que todos consideram errado, mas que todo mundo faz – fofocar -. E existe uma boa explicação biológica por traz disso! A primeira coisa que todo ser humano faz (e que é crucial para iniciar nossa vida em uma sociedade) é aprender a falar e desde pequenos, estamos falando o tempo todo. Mas quando o foco de uma discussão passa a ser uma outra pessoa, o verbo “falar” torna-se “fofocar” e acaba despertando o interesse de todo mundo. Para compreender da onde veio a fofoca, precisamos voltar novamente as primeiras tribos humanas que existiam há 8 milhões de anos atrás; as tribos precisavam comunicar-se entre si por diversos motivos, saber onde estavam os melhores alimentos, descobrir quais predadores eram mais perigosos, aprender a fazer armadilhas de caça e outros tantos motivos de sobrevivência e proteção. Só que a partir do momento em que as sociedades foram aumentando e juntando centenas de pessoas, elas não se reconheciam mais e precisavam manter conversas paralelas e essas conversas é que disseminavam as informações vitais para o grupo todo. E foi assim que aconteceu com a conduta moral, quando um integrante do grupo pratica algum ato considerado imoral, a informação é repassada e a pessoa acaba sendo excluída, servindo como mau exemplo aos novos e antigos membros apresentando as regras implícitas que ditam o grupo. Um exemplo atual de uma fofoca de repercussão global sobre um ato considerado “imoral” pela sociedade atual foi o caso do casal “Crepúsculo” Kristen Stewart e Robert Pattinson, quando a revista americana Us Weekly publicou uma matéria de capa dizendo que  Kristen Stewart teria traído o namorado Robert Pattinson com Rupert Sanders, diretor de um filme cuja atriz viveu o papel de protagonista , a notícia rapidamente se espalhou pelas redes sociais (twitter e facebook) e foi motivo de muita discussão sobre a “imoralidade” do ato da traição, que, para as sociedades ocidentais é considerada inaceitável e passível de castigo para os que praticam. Mas por que o ato de trair é tão discriminado por nossa sociedade? Existe uma explicação com base biológica pra isso. Tudo que afeta o sucesso da reprodução no mundo animal é considerado uma ameaça à sobrevivência da espécie, trair significa ter que dividir o tempo entre cuidar dos filhotes com outras atividades, comprometendo a preparação deles para a vida adulta. O mesmo acontece com estupro e incesto, ter relações sexuais com indivíduos não preparados para procriar não tem nenhum sentido biológico. A maneira que nossa natureza encontrou para evitar essas atitudes comprometedoras para a perpetuação da nossa espécie foi fazer com que tudo isso seja considerado imoral, de maneira que esses atos sejam discriminados. Sendo assim, surge a necessidade de pensarmos sobre a moralidade como um ato não só racional, mas também biológico.
A moralidade é realmente um assunto muito discutido, principalmente se for imoralidade. Uma excelente explicação sobre a origem dessas coisas julgadas imorais, realmente é que provém de uma origem biológica e até possivelmente genética. Só é um pouco difícil aceitar uma explicação biológica, sendo que sempre foi dito e ouvido que as origens desses problemas são psicológicas.

O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia II sendo baseado nas seguintes obras:

WALLACE, R.A. BIOTEMAS. 1 (2): 133-116, 1988. Sociobiologia: O Fator Genético.
JORDANA, J.L.V. LIBERTAD Y DETERMINISMO GENÉTICO. Universidad Autónoma de Madrid.
A GENÉTICA DA MORAL, cap. 3.