sábado, 29 de setembro de 2012

O estudo do comportamento social dos animais: A Sociobiologia



Série Ensaios: Aplicação da Etologia

Por Eliseu Pacheco e Guilherme Fujii

Acadêmicos do Curso de Ciências Biológicas


            A sociobiologia é o estudo do comportamento social entre as espécies, inclusive a humana. Nesta ciência incorporam-se alguns estudos como evolução, etologia, genética e ecologia. Criada pelo biólogo Edward Osborne Wilson entre o fim da década de 1960 e o início dos anos 1970 quando, em sua publicação “Sociobiologia: a nova síntese” em 1975, o autor julgou ser pertinente unir o conceito de comportamento social humano com conceitos de biologia, analisando os aspectos em comum entre os temas, possibilitando o surgimento da sociobiologia.
            O principal foco da sociobiologia é o comportamento de seres organizados em sociedades, por exemplo, abelhas e formigas, comparando aspectos em comum desta necessidade de se tornarem sociais em relação à socialização humana. Essa ciência afirma que o comportamento humano evoluiu com base nos métodos de seleção natural proposto por Darwin. O comportamento social seria então uma recombinação de genes nas populações, segundo a concepção darwiniana. Porém questiona-se a relação com o comportamento extremamente mais complexo dos seres humanos. Essa questão é respondida através de um fator que nos torna diferente dos outros animais: a cultura. A herança cultural dos seres humanos pode modificar seu comportamento social sem levar em conta sua herança genética. Portanto, a sociobiologia tem o propósito de explicar, por exemplo, a razão que leva certos animais a viverem em sociedades enquanto outros tendem a se isolar. O princípio do modo de vida gregário é vantajoso para a adaptação dos seres ao meio ambiente. Acredita-se que cada indivíduo aja dentro de sua sociedade de forma a aumentar suas próprias chances de sobrevivência e adaptação.
            Para a sociobiologia conseguir uma explicação biologizante das sociedades humanas, isto é, para explicar as instituições sociais como casamento, guerra, religião, como se fossem resultado do condicionamento genético ou do processo adaptativo de certa população, ela precisa dos ensinamentos da biologia e da antropologia social.
            O conceito de natureza humana é visto com desconfiança pelos cientistas sociais. O que seria natureza humana? Um conjunto de instintos? Algumas tendências psicológicas universais? Hábitos culturais presentes em todas as sociedades? Atribuir ao termo natureza humana um status científico é meio arriscado. Essa questão é muito discutível dentro deste estudo de zoobiologia, pois ela entende que a natureza humana vista pelo seu comportamento social o aproxima dos outros animais que também vivem em sociedade.
            Nós formandos em Biologia podemos dizer que, nossa cultura social - bem mais complexa do que a dos outros seres vivos - é baseada no que temos de diferencial, que recebemos depois de uma longa história evolutiva: a capacidade de pensar. O que então nos tornou diferentes, apesar de existirem guerras e outros aspectos morais como a religião, é fruto da construção do cultivo de valores éticos e também dos nossos instintos animais que, temos incorporado à nossa essência humana. Talvez, as guerras, o racismo e alguns eventos políticos como o nazismo, seja uma forma animal de defender-se, defender a sua raça ou um grupo étnico. Apesar de considerarmos isso como uma forma um pouco irracional, já que a nossa sociedade humana emprega a igualdade, como nos governos democratas.

Esse ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia II sendo baseado nas obras:

KREBS, J.R.; DAVIES, N.B. Introdução à Ecologia Comportamental. São Paulo: Atheneu, 1996. 420p. 
ADES, C. 1997 "O morcego, outros bichos e a questão da consciência animal", Psicologia USP, São Paulo, vol. 8(2), p. 129-57.

ALVARD, M. S. 2003 "The adaptative nature of culture", Evolutionary Anthropology, vol. 12, p. 136-49.

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-77012005000200008&lang=pt

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092009000200010&lang=pt

Rev. Antropol. v.48 n.2 São Paulo jul./dez. 2005



http://www.rc.unesp.br/biosferas/0040.php

Um comentário:

  1. Boa tarde, Marta.
    Sou de uma cadeira, completamente fora do universo das Ciências Biológicas. Sou Advogado e Professor de Direito.
    Entretanto, folheando a internet em busca de estudos sobre sociologia, mais precisamente, sobre comportamento social e formação do Direito (norma), me deparei com esta postagem em seu blog, a qual me despertou a curiosidade.
    Estou elaborando uma tese sobre o surgimento e formação do Direito, como o concebemos nos dias contemporâneos e, as publicações do gênero, especificamente na área de Direito, nos remetem, única e exclusivamente, à História da Humanidade, à evolução das sociedades humanas e à formação dos Estados e nações, com o posterior surgimento do positivismo constitucional e legal. Não enfocam um aspecto mais primitivo do ser humano, enquanto animal social e, como a Humanidade chegou ao que se conhece no mundo contemporâneo, limitando-se a explanar sobre o homem e sua agregação em sociedade.
    Esta sua breve postagem, com este belo artigo dos, então, formandos Eliseu Pacheco e Guilherme Fujii, me abriu um leque de pesquisa imenso. A partir dela li outras publicações maravilhosas, que me abriram os olhos para a Sociologia Animal, se assim podemos chamar.
    Assim, venho tecer meus sinceros agradecimentos e, parabenizá-la pelo desenvolvimento do blog.
    Continue com este trabalho maravilhoso.
    Um beijo carinhoso e, desejo de grande sucesso em sua carreira.
    Attilio Fraga
    Rio de Janeiro - RJ.

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