segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O CÉREBRO NOSSO DE CADA DIA



Série Ensaios: Aplicação da Etologia

Por Flávia C. Jesus e Larissa F.Caxambú

Acadêmicas do Curso de Ciências Biológicas

A Neurociência surgiu após as escolas de comportamento dos Behavioristas e Objetivistas. Os Behavioristas eram psicólogos americanos que visavam estudar processos mentais relacionados ao aprendizado, utilizando principalmente ratos em estudos laboratoriais. Já os Objetivistas eram biólogos europeus que pretendiam estudar os padrões motores instintivos presentes em qualquer espécie animal desde que estivesse no seu meio natural. A Neurociência realizou que pareci aimpossível, até então, a união das ideias dos Behavioristas e dos Objetivistas, tendo como objetivo o estudo do funcionamento do cérebro, a estrutura, funcionamento e evolução do sistema nervoso, bem como sua relação com o comportamento e a mente. Neurocientistas podem ser tanto biólogos, quanto médicos, psicólogos, físicos, engenheiros, filósofos e economistas.
 Existem, pelo menos, cinco áreas de estudo sobre as relações do sistema nervoso e comportamento: 1. A Neuroetologia, ciência que busca desvendar o funcionamento do sistema nervoso através do estudo do comportamento natural dos animais, ao mesmo tempo em que leva em consideração fatores evolutivos (Seleção Natural). 2. O estudo de lesões e patalogias anatômicas e suas consequências: popularmente, a mais conhecida delas é a Deficiência Mental, para qual é atribuída atualmente pelo menos 300 causas, sendo que as mais comuns são por condições genéticas (genes anormais herdados pelos pais). Outras causas são o uso de drogas durante o período de formação do feto na gravidez, ou infecções contraídas pela grávida, ou até mesmo problemas durante o nascimento. 3. O estudo dos estágios do desenvolvimento e envelhecimento, tanto animal quanto humano. No caso do homem temos exemplos de estudos sobre a doença de Alzheimer, doença degenerativa que provoca o declínio das funções intelectuais. 4. O estudo do efeito das drogas no sistema nervoso, as quais podem ser classificadas como: estimulantes, depressoras e modificadoras. É nesse último grupo – drogas que causam modificações – que se enquadram as substâncias conhecidas como alucinógenos. 5. O estudo que envolve a inteligência, o comportamento e a capacidade cognitiva (capacidade que nos permite conhecer, imaginar, raciocinar e memorizar).  Entretanto, para um grande conjunto de alterações comportamentais estudadas pela psicopatologia, ainda não existe consenso sobre suas causas biológicas e psicossociais.
A Neurociência é, portanto uma ciência ampla e que está em progressivo desenvolvimento na atualidade. Há cem anos, Santiago Ramón y Cajal, considerado fundador da neurociência moderna, teve a idéia de preparar cortes microscópicos de tecido cerebral e mergulhá-los numa solução de sais de prata para corá-los. No microscópio, ele notou que o cérebro era povoado por células dotadas de um corpo central de onde partiam ramificações que estabeleciam incontáveis conexões umas com as outras.  Cajal chamou-as de neurônios e as descreveu como células capazes de receber sinais através de suas ramificações (os dendritos) e transmiti-los por extensões não ramificadas (os axônios). A essa propriedade de captar impulsos nervosos pelos dendritos e transmiti-los pelos axônios para os neurônios seguintes, Cajal deu o nome de polaridade. Esse princípio, segundo o qual a informação flui do dendrito para o axônio, embora tenha encontrado exceções no futuro, foi crucial para o surgimento da Neurociência: permitiu ligar estrutura à função. A neurociência tem um ramo que é a análise experimental do comportamento, encarregada de conduzir a produção e validação de dados em uma ciência do comportamento. Apesar de formalmente ter surgido com os trabalhos de Skinner que culminaram na publicação em 1938 do “The Behavior of Organisms” (O Comportamento dos Organismos), há quem sugira a existência de uma longa linhagem de pesquisas empíricas, que passariam pela tradição fisiológica de investigação do reflexo até autores como Darwin, Romanes, Watson e Thorndike. Devido à sua preocupação com controles científicos estritos, Skinner realizou a maioria de suas experiências com animais inferiores, principalmente o Rato Branco e o Pombo. Desenvolveu o que se tornou conhecido por "Caixa de Skinner" como aparelho adequado para estudo animal.
            Com relação ao cérebro humano, os estudos e descobertas tem se tornado cada vez mais abrangente. Alguns estudos nos mostram curiosidades como os de pesquisadores americanos que descobriram mais evidências de que meditar fortalece o cérebro. Estudos anteriores feitos pela Universidade da Califórnia (UCLA) já haviam sugerido que meditar durante anos torna o cérebro mais espesso e fortalece conexões entre células cerebrais. As novas pesquisas feitas pela mesma equipe californiana revelaram ainda mais benefícios associados à prática. Os resultados foram publicados pela revista Frontiers in Human Neuroscience.  A cientista Eileen Luders e seus colegas do Laboratory of Neuro Imaging da UCLA dizem ter encontrado indícios de que pessoas que meditam durante muitos anos têm quantidades maiores de dobras no córtex cerebral do que pessoas que não meditam. Isso poderia acelerar o processamento de informações. A equipe também encontrou uma relação direta entre a quantidade de dobras e o número de anos durante os quais a pessoa meditou. Isso pode talvez for mais uma prova da neuroplasticidade do cérebro - a habilidade do órgão de se alterar, ou se adaptar, em resposta a estímulos externos. E assim cada vez mais informações e estudos surgem nos mostrando como o cérebro é surpreendente realizando funções essenciais para nossa sobrevivência e comportamento.
Nós acadêmicas do curso de biologia acreditamos que a neurociência tem sido extremamente importante para a compreensão do nosso sistema nervoso e principalmente para compreensão do nosso comportamento. A cada dia são realizados estudos e testes mais avançados, mas é preciso ter cautela em relação a alguns testes, pois podem gerar polêmicas devido ao uso de animais.

O presente ensaio foi elaborado para a disciplina de Etologia e baseou-se nas obras:

A Brief Biography of B.F. Skinner. Disponível em:

Cerebro nosso de cada dia. Disponivel em: >http://www.cerebronosso.bio.br/o-que-neurocincia/< Acessado em 30/08/2012

Neurônios: as misteriosas borboletas da alma. Disponível em: >http://www.sbneurociencia.com.br/html/a4.htm< Acessado em 30/08/2012

Nova pesquisa indica que a meditação fortalece o cérebro. Disponível em: >http://www.neurolab.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1124&catid=44:noticias-de-neurociencias-e-neurologia&Itemid=28< Acessado em 30/08/2012

Santiago Ramón y Cajal.
Disponível em: >http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/Santiago.html< Acessado em 30/08/2012

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