Série Ensaios: Aplicação da Etologia
Por Flávia C. Jesus e Larissa F.Caxambú
Acadêmicas do Curso de Ciências
Biológicas
A Neurociência
surgiu após as escolas de comportamento dos Behavioristas e Objetivistas. Os Behavioristas eram
psicólogos americanos que visavam estudar processos mentais relacionados ao
aprendizado, utilizando principalmente ratos em estudos laboratoriais. Já os Objetivistas
eram biólogos europeus que pretendiam estudar os padrões motores instintivos
presentes em qualquer espécie animal desde que estivesse no seu meio natural. A Neurociência realizou
que pareci aimpossível, até então, a união das ideias dos Behavioristas e dos Objetivistas,
tendo como objetivo o estudo do funcionamento do cérebro, a estrutura,
funcionamento e evolução do sistema nervoso, bem como sua relação com o
comportamento e a mente. Neurocientistas podem ser tanto biólogos, quanto
médicos, psicólogos, físicos, engenheiros, filósofos e economistas.
Existem, pelo menos, cinco áreas de estudo
sobre as relações do sistema nervoso e comportamento: 1. A Neuroetologia,
ciência que busca desvendar o funcionamento do sistema nervoso através do
estudo do comportamento natural dos animais, ao mesmo tempo em que leva em consideração
fatores evolutivos (Seleção
Natural). 2. O estudo de lesões e patalogias
anatômicas e suas consequências: popularmente, a mais conhecida delas é a Deficiência Mental, para
qual é atribuída atualmente pelo menos 300 causas, sendo que as mais comuns são
por condições genéticas (genes anormais herdados pelos pais). Outras causas são
o uso de drogas durante o período de formação do feto na gravidez, ou infecções
contraídas pela grávida, ou até mesmo problemas durante o nascimento. 3. O
estudo dos estágios do desenvolvimento e
envelhecimento, tanto animal quanto humano. No caso do
homem temos exemplos de estudos sobre a doença
de Alzheimer, doença degenerativa que provoca o declínio das funções
intelectuais. 4. O estudo do efeito das drogas no
sistema nervoso, as quais podem ser classificadas como: estimulantes, depressoras e modificadoras. É nesse último grupo –
drogas que causam modificações – que se enquadram as substâncias conhecidas
como alucinógenos. 5. O estudo que envolve a inteligência, o
comportamento e a capacidade cognitiva (capacidade que nos permite
conhecer, imaginar, raciocinar e memorizar).
Entretanto, para um grande conjunto de alterações comportamentais
estudadas pela psicopatologia, ainda
não existe consenso sobre suas causas biológicas e psicossociais.
A Neurociência é, portanto uma ciência
ampla e que está em progressivo desenvolvimento na atualidade. Há cem anos, Santiago Ramón y Cajal,
considerado fundador da neurociência moderna, teve a idéia de preparar cortes
microscópicos de tecido cerebral e mergulhá-los numa solução de sais de prata
para corá-los. No microscópio, ele notou que o cérebro era povoado por células
dotadas de um corpo central de onde partiam ramificações que estabeleciam
incontáveis conexões umas com as outras. Cajal chamou-as de neurônios e as descreveu
como células capazes de receber sinais através de suas ramificações (os
dendritos) e transmiti-los por extensões não ramificadas (os axônios). A essa
propriedade de captar impulsos nervosos pelos dendritos e transmiti-los pelos
axônios para os neurônios seguintes, Cajal deu o nome de polaridade.
Esse princípio, segundo o qual a informação flui do dendrito para o axônio,
embora tenha encontrado exceções no futuro, foi crucial para o surgimento da
Neurociência: permitiu ligar estrutura à função. A neurociência tem um ramo que
é a análise experimental do
comportamento, encarregada de
conduzir a produção e validação de dados em uma ciência do comportamento.
Apesar de formalmente ter surgido com os trabalhos de Skinner que
culminaram na publicação em 1938 do “The Behavior of
Organisms” (O Comportamento dos Organismos), há quem sugira a existência de
uma longa linhagem de pesquisas empíricas, que passariam pela tradição
fisiológica de investigação do reflexo até autores como Darwin, Romanes, Watson
e Thorndike. Devido à sua preocupação com
controles científicos estritos, Skinner realizou a maioria de suas experiências
com animais inferiores, principalmente o Rato Branco e o Pombo. Desenvolveu o
que se tornou conhecido por "Caixa de
Skinner" como aparelho adequado para estudo animal.
Com
relação ao cérebro humano, os estudos e descobertas tem se tornado cada vez
mais abrangente. Alguns estudos nos mostram curiosidades como os de
pesquisadores americanos que descobriram mais evidências de que meditar fortalece o cérebro. Estudos
anteriores feitos pela Universidade da Califórnia
(UCLA) já haviam sugerido que meditar durante anos torna o cérebro mais espesso
e fortalece conexões entre células cerebrais. As novas pesquisas feitas pela
mesma equipe californiana revelaram ainda mais benefícios associados à prática.
Os resultados foram publicados pela revista Frontiers in Human
Neuroscience. A cientista
Eileen
Luders e seus colegas do Laboratory of Neuro Imaging da UCLA
dizem ter encontrado indícios de que pessoas que meditam durante muitos anos
têm quantidades maiores de dobras no córtex cerebral do que pessoas que não
meditam. Isso poderia acelerar o processamento de informações. A equipe também
encontrou uma relação direta entre a quantidade de dobras e o número de anos
durante os quais a pessoa meditou. Isso pode talvez for mais uma prova da
neuroplasticidade do cérebro - a habilidade do órgão de se alterar, ou se
adaptar, em resposta a estímulos externos. E assim cada vez mais informações e
estudos surgem nos mostrando como o cérebro é surpreendente realizando funções
essenciais para nossa sobrevivência e comportamento.
Nós acadêmicas
do curso de biologia acreditamos que a neurociência tem sido extremamente
importante para a compreensão do nosso sistema nervoso e principalmente para compreensão
do nosso comportamento. A cada dia são realizados estudos e testes mais
avançados, mas é preciso ter cautela em relação a alguns testes, pois podem
gerar polêmicas devido ao uso de animais.
O presente ensaio foi elaborado
para a disciplina de Etologia e baseou-se nas obras:
A Brief
Biography of B.F. Skinner. Disponível em:
>http://www.bfskinner.org/BFSkinner/AboutSkinner.html<
Acessado em 30/08/2012
Cerebro nosso de cada dia. Disponivel em: >http://www.cerebronosso.bio.br/o-que-neurocincia/< Acessado em 30/08/2012
Neurônios: as misteriosas borboletas da alma. Disponível em: >http://www.sbneurociencia.com.br/html/a4.htm<
Acessado em 30/08/2012
Nova
pesquisa indica que a meditação fortalece o cérebro. Disponível em: >http://www.neurolab.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1124&catid=44:noticias-de-neurociencias-e-neurologia&Itemid=28< Acessado em 30/08/2012
Santiago
Ramón y Cajal.
Disponível em: >http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/Santiago.html< Acessado em 30/08/2012
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