sábado, 7 de abril de 2012

O famoso cabo de guerra entre “X” e “Y”

Por Luciane Gulinoski e Marilene Belão
Acadêmicas do curso de Biologia

Estamos em 2012 e ainda hoje nos deparamos com muitos casos extremos de machismo ou feminismo e piadinhas sobre o sexo oposto, porém o que poucos sabem é que as diferenças entre os sexos realmente existem. Cientistas descobriram que existe uma grande variedade de diferenças neurofisiológicas e anatômicas entre os cérebros dos homens e das mulheres. Segundo o Prof. Dr. Renato M. E. Sabbatini existe uma variedade de métodos neurocientíficos sofisticados que permitem aos cientistas testarem diferenças minúsculas entre quaisquer grupos de cérebros, por exemplo, a tomografia.
Alguns cientistas da Universidade Johns Hopkins University publicaram um estudo na revista “Cerebral cortex” que afirma que existe uma região no córtex chamado lóbulo ínfero parietal (LIP) que é maior nos homens. Segundo os mesmos cientistas o lado esquerdo do LIP nos homens é maior que o lado direito, enquanto que nas mulheres ocorre o contrário. O LIP está relacionado com habilidades em cálculos, compreensão e manipulação das relações espaciais e à capacidade de estabelecer relações entre as partes do corpo, também à percepção dos sentimentos ou emoções, na percepção do tempo e do espaço e na capacidade de rotação mental de figuras tridimensionais. O estudo citado acima foi dirigido pelo dr. Godfrey Pearlson. Esse estudo ocorreu com 15 homens e mulheres e foram descartadas diferenças naturais e mesmo nessas condições o cérebro masculino mostrou-se maior do que o das mulheres pelo menos 10%, provavelmente devido a massa corporal dos homens ser maior.Link
O "pai" da sociobiologia, Edward O. Wilson, da Universidade de Harvard, afirmou que as mulheres tendem a ser melhores que os homens em empatia, em habilidades verbais, sociais, e de proteção, enquanto que os homens tendem a ser melhores em habilidades de independência, de dominação, em habilidades matemático-espaciais, nas de agressão relacionada à hierarquia.
Segundo a Society for Neuroscience, a maior organização profissional da área, a evolução é que confere sentido a isso. "Em épocas muito antigas, cada sexo tinha uma papel muito definido que ajudava a assegurar a sobrevivência da espécie. Os homens da caverna caçavam. As mulheres da caverna recolhiam comida perto de casa e cuidavam das crianças. As áreas do cérebro podem ter sido desenvolvidas para permitir que cada sexo realizasse suas tarefas. "Em termos evolutivos, o desenvolvimento de habilidades navegacionais pode ter tornado os homens mais capacitados para o papel de caçador, enquanto que o desenvolvimento pelas mulheres de preferências por marcos espaciais pode ter capacitado-as para cumprir suas tarefas de coletoras de alimento perto de casa." A vantagem das mulheres relativa às habilidades verbais também pode fazer sentido em termos evolutivos. Enquanto que os homens tem força corporal para competir com outros homens, as mulheres usavam a linguagem para conseguir vantagens sociais, através da argumentação e persuasão
Durante o desenvolvimento do embrião no útero, os hormônios circulantes têm um papel muito importante na diferenciação sexual do cérebro. A presença de andrógenos no início da vida produz um cérebro "masculino". Ao contrário, acredita-se que o cérebro "feminino" se desenvolva por um mecanismo de ausência hormonal, a falta de andrógeno.
Descobertas recentes demonstraram que os hormônios ovarianos também desempenham uma função fundamental na diferenciação sexual. Uma das provas mais convincentes do papel dos hormônios tem sido demonstrada graças ao estudo de meninas expostas a altos níveis de testosterona no período da gravidez, pois suas mães tinham hiperplasia adrenal congênita. Essas meninas parecem ter uma melhor consciência espacial do que outras meninas e possuem maior tendência a demonstrar, quando criança, um comportamento agressivo e turbulento, muito parecido com o dos garotos.
A autora Deborah Blum, que escreveu "Sex on the Brain: The Biological Differences Between Men and Women" ("O sexo no cérebro: as diferenças biológicas entre homens e mulheres") transmitiu as tendências atuais quanto ao uso de motivos evolutivos para explicar vários comportamentos. Ela afirma: "O enjôo matinal, por exemplo, que faz com que algumas mulheres afastem-se de cheiros e sabores fortes, pode ter protegido, os fetos no útero contra substâncias tóxicas. A infidelidade é uma maneira pela qual os homens asseguram a imortalidade genética. É interessante notar que, quando mudamos deliberadamente nosso comportamento de papel social -- nossos hormônios e até mesmo os cérebros respondem transformando-se também."
No diário braziliense do dia 30/01/12 saiu a notícia de que as mulheres estacionam melhor que os homens, a notícia começa assim: O estereótipo machista de que as mulheres são piores motoristas do que os homens levou um duro golpe nesta segunda-feira, com a revelação das conclusões de um estudo, segundo o qual elas se saem melhor do que eles ao estacionar um carro. Segundo o estudo, feito pelo maior operador britânico de estacionamentos de todo o Reino Unido, as mulheres tiveram uma nota superior à dos homens (13,4 pontos de um total de 20 contra 12,3 pontos em 20), superando-os praticamente em todos os aspectos. Após filmar durante um mês pelo menos 500 motoristas enquanto estacionavam e consultar outros 2.500, os autores concluíram que as mulheres encontram com mais facilidade um lugar para estacionar, principalmente porque se posicionam melhor diante da vaga escolhida, são mais eficientes manobrando de ré e em alguns casos conseguem parar o carro perfeitamente centralizado. Uma ressalva: elas demoram, segundo o estudo, 21 segundos para estacionar, sendo 5 segundos mais lentas do que os homens para executar a manobra. O professor de direção Neil Beeson, que projetou o sistema de pontuação, se disse "surpreso com os resultados" porque, segundo ele, "os homens sempre se saem melhor nas aulas".
Nós formandas de biologia ascreditamos que as diferenças entre homens e mulheres além de serem reais são necessárias e vão muito além do que vemos ou esperamos encontrar nos muitos estudos que estão sendo feitos. Essas diferenças são essenciais para despertarem o interesse pelo “outro” e é isso que os tornam seres complementares.



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