Por Amanda Voss, Audrey Tais Giraldi e Windy Aguero
Acadêmicas do curso de Ciências Biológicas
Acadêmicas do curso de Ciências Biológicas
O ser humano provavelmente iniciou as atividades de criação de animais há cerca de dez mil anos atrás com o início da agricultura (ZEDER e HESSE, 2000). De todas as formas de interação entre o ser humano e os animais, talvez a interação entre os produtores e seus animais seja a que tenha sofrido o processo mais marcante de alteração ao longo da história.
No início do século XX, a utilização de animais para produção aumentou em associação com a expansão das necessidades humanas decorrentes do final das grandes guerras. Iniciou-se um sistema de manutenção de animais em altas densidades, que teve, e tem até hoje, raízes em pressões comerciais. Nos anos 1970, a criação intensiva de animais levou ao confinamento intenso de bovinos, suínos e aves. Nas últimas décadas vem ocorrendo uma redução na disposição de algumas sociedades em demonstrar a aceitação de produtos de baixo preço, em parte às custas de sofrimento animal.
Os avanços nas áreas de genética, nutrição e manejo (incluindo instalações e equipamentos) levaram a produção animal a estabelecer o que é conhecido como a indústria da produção animal, proporcionando animais prontos para o abate em período de criação cada vez mais curtos em espaços cada vez menores. Não há dúvidas de que essas condições têm proporcionado ganhos econômicos e sociais, mas também têm gerado dilemas éticos quanto ao bem-estar propiciado aos animais que estão sob a tutela do homem.
É possível desenvolver novas práticas na criação que assegurem bons índices de produtividade e alta qualidade do produto, sem colocar o bem-estar dos animais em risco. Invariavelmente, a liberdade é uma condição essencial para que os animais tenham boas condições em termos de qualidade vida. Em produção animal esta perspectiva leva a considerar sistemas de criação com manejo mínimo, assumindo que os animais só conseguem expressar seu comportamento natural quando mantidos num ambiente similar àquele que viveram seus ancestrais selvagens.
Atualmente, existem duas correntes contrastantes os bem-estaristas e os abolicionistas. Onde o Abolicionismo Animal é definido como uma corrente de pensamento ético que possui como meta a abolição de uso dos animais. Seus principais pensadores contemporâneos são Tom Regan e Gary Francione. Já o Bem-Estarismo é um conjunto de pensamentos que buscam promover o bem-estar dos animais quando usados pelos humanos, em benefício dos humanos. A WSPA é uma organização notoriamente bem-estarista, influenciando a pecuária aqui no Brasil e em outras partes do mundo em relação ao conhecimento do abate humanitário.
Atualmente, é indispensável o uso dos animais na economia do país. Pois, o utilizamos tanto para alimentação e vestimentas quanto para efetuar procedimentos científicos, sendo assim utopia acreditar que podemos nos privar desse uso sem encontrarmos uma segunda opção. Segundo BROOM (1986), bem-estar de um indivíduo é seu estado em relação às suas tentativas de se adaptar ao seu ambiente, podendo ser traduzido como o grau de dificuldade do animal para ter sucesso nas suas interações com o ambiente, variando em alto grau de bem-estar, quando o animal enfrenta sem dificuldades os desafios do meio ambiente, a baixo grau de bem estar, quando o animal enfrenta situações de muita dificuldade para ultrapassar os desafios ambientais. Pode-se dizer que o animal encontra-se em alto grau de bem-estar quando as partes físicas, comportamentais e psicológicas encontram-se em equilíbrio.
O enriquecimento ambiental visa melhorar o bem-estar do animal por meio de maior oportunidade de expressão do repertório comportamental normal da espécie. Um ambiente enriquecido poderá tornar o animal mais ativo e saudável, fazendo com que ele expresse comportamentos que sejam naturais da espécie. Isso reflete em qualidade de vida para o animal, consequentemente, em um alto grau de bem-estar. É possível enriquecer o recinto de um animal alterando estruturas, alterando a maneira de apresentar o alimento, introduzindo novos estímulos como novas plantas, barreiras visuais, tocas e sons. Independentemente do tipo de enriquecimento que for escolhido, ele deve oferecer segurança para o animal, além de estar de acordo com os hábitos naturais de cada espécie. Existem cinco tipos de enriquecimento ambiental, são eles:
1. Enriquecimento físico: relacionado à estrutura física do recinto, ou seja, introdução de aparatos que deixem o ambiente semelhante ao habitat natural de cada espécie. Como exemplos: vegetação, diferentes substratos (como terra, areia, grama, folhas secas), estruturas para se pendurar e balançar (como cordas e/ou troncos);
2. Enriquecimento sensorial: É amplamente utilizado e consiste na estimulação dos cinco sentidos dos animais: visual, auditivo, olfativo, tátil e gustativo. Sons com vocalizações, ervas aromáticas, urina e fezes de outros animais (com acompanhamento periódico, através de exames coproparasitológicos);
3. Enriquecimento cognitivo: Dispositivos mecânicos para os animais manipularem são maneiras de estimular suas capacidades intelectuais. (Esconder alimentos dentro de objetos, proporcionando o famoso “quebra-cabeças”);
4. Enriquecimento social: Consiste na interação intra-específica (entre animais da mesma espécie) ou quando apropriados, inter-específica (entre animais de espécies diferentes) que pode ser criada dentro de um recinto. Os animais têm a oportunidade de interagir com outras espécies que naturalmente conviveriam na natureza ou com indivíduos da mesma espécie;
O presente ensaio foi elaborado para a disciplina de Etologia e baseado nas seguintes obras:
SANS, E.C.O. ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL NO ZOOLÓGICO MUNICIPAL DE CURITIBA/PR. (Monografia apresentada para conclusão do Curso de Zootecnia da Universidade Federal do Paraná). CURITIBA, 2008.
Carolina. Enriquecimento ambiental. Disponível em< www.bem--estaranimal.blogspot.com/2011/06/enriquecimento-ambiental.html >2011. Acesso em: 15 de março de 2012.
Danielle Maria Machado Ribeiro Azevêdo. Etologia, Bem-estar e Produção de Animal. Disponível em:
SANTOS, S. Abolicionismo, Bem-Estarismo e Socorrismos: notas sucintas. Disponível em:
Nenhum comentário:
Postar um comentário