Por Bruna Oliveira Machado e Diego José Nunes Perna
Acadêmicos do Curso de Biologia
Na sociedade, convivemos com vários grupos sociais que geram seus respectivos padrões decorrentes de como o indivíduo se comporta nos diferentes grupos que pertence, como por exemplo, a religião: que pode mover multidões para realizar algo em que tenha interesse em comum e com relação a si mesmo. Aí é que começam as formações de grupos, que tem por intuito promover a sobrevivência.
A espiritualidade pode ser definida como um sistema de crenças que enfoca elementos intangíveis, que transmite vitalidade e significado a eventos da vida. Tal crença pode mobilizar energias e iniciativas extremamente positivas, com potencial ilimitado para melhorar a qualidade de vida da pessoa. Há relação entre envolvimento espiritualista e vários aspectos da saúde mental, evidenciando que pessoas espiritualizadas vivenciam melhor saúde mental e se adaptam com mais sucesso ao estresse do dia a dia (BATTISTELLA et al., 2001).
Desde que o homem se entende como ser pensante, ele vem usando a espiritualidade para entender o significado da vida e da morte, de sua presença no mundo, de como melhorar sua saúde e de como usá-la como ferramenta para lidar com (coping) as adversidades e a dor, seja ela física, moral ou espiritual (SANTOS, 2009). Além disso, utilizava-se a espiritualidade, também, para obter melhor qualidade de vida na saúde mental, garantindo paz e harmonia. Estudos arqueológicos nos mostram que os sacerdotes, considerados os primeiros terapeutas, egípcios, hindus e chineses incluíam uma série de rituais espirituais na obtenção da cura de muitas moléstias que acometiam a humanidade (KOENIG et al., 2001). Platão combinava ciência com elementos espirituais, enfatizando a necessidade de tratar a “alma” bem como o corpo físico. A despeito desse progresso inicial, a espiritualidade vai continuar a ser usada durante milênios mais como uma forma de cuidar, de forma não científica, especialmente dos doentes e moribundos, do que uma forma terapêutica como conhecemos modernamente (SANTOS, 2009). Durante a Baixa Idade Média, por volta do ano 370 D.C., na Ásia Menor, surge o primeiro hospital no mundo ocidental organizado por cristãos ortodoxos orientais, em virtude da insistência do bispo São Basílio, bispo de Cesárea, especializado nos cuidados de pacientes portadores da lepra, modernamente chamada de hanseníase (KOENIG et al., 2001) . Entretanto essa associação entre saúde e espiritualidade começará a ser questionada e mesmo separada com o avanço das ciências, especialmente com o aparecimento de uma medicina baseada, exclusivamente, em biologia, física e química orgânica (Santos, 2009).
No livro “O Gene de Deus” , o geneticista Dean Hamer fala sobre os resultados de uma pesquisa que afirma que há na espiritualidade um mecanismo biológico que deixa as pessoas predispostas geneticamente para a crença. As pesquisas do Dr. Hamer também comprovam que a fé oferece uma vantagem na evolução humana. O biólogo evolucionário Edward O. Wilson, um dos pioneiros da sociobiologia, ciência que busca compreender o comportamento social humano através da biologia, considerou que a predisposição do homem para acreditar em um ser superior pode ser apenas parte da postura de submissão característica do mundo animal. Ele relata ao livro que considera a religião como “o maior desafio da sociobiologia humana e sua mais empolgante oportunidade para progredir como uma verdadeira disciplina teórica humana”. Wilson propõe mecanismos múltiplos para a evolução do gene de Deus. Os genes que tornam as pessoas mais abertas ou suscetíveis à doutrina religiosa talvez tenham evoluído por intermédio da seleção de tribos que competiam entre si.
Acredita-se que a religião ajuda a sociedade a se organizar e a ser bem-sucedida quando competem entre si. Uma das vantagens da fé é que acreditam poder contribuir para melhorar a saúde e consequentemente prolongar a vida.
Em uma entrevista Herbert Benson diz que estudos comparativos de grupos religiosos e não religiosos constataram: quem é mais religioso é mais saudável, independentemente da alimentação ou da atividade física. Isso também independe da religião. Um católico, por exemplo, que reza todos os dias e acredita em sua crença produz os mesmos efeitos benéficos para o organismo que um budista, que medita diariamente. O importante é a resposta que o relaxamento causa no organismo. Pode ser com meditação, rezando terço, com ioga.
Estudos científicos mostram que há uma intrigante coincidência entre reações positivas e tratamentos médicos e o fato de o paciente ter uma crença religiosa.
Os estudiosos do fenômeno ainda se dividem entre os que explicam os bons resultados pelo estilo de vida, claramente mais saudável das pessoas religiosas, e os que veem nas curas a intervenção divina. Essa duvida não se dissipará nunca. Os benefícios para os pacientes dos processos de meditação, oração e reflexão espiritual aparecem de modo tão inequívoco nos exames que a ciência ortodoxa está se mexendo para tentar explicar o que for possível do fenômeno.
A maioria dos estudos leva à conclusão de que acreditar dá aos pacientes uma força extra na hora de enfrentar doenças. A maior parte das religiões admite a intercessão divina em favor de pessoas que rezem por ela. Claramente, essa relação não está compreendida no universo de fenômenos estudáveis pelos cientistas. As curas e os tratamentos bem-sucedidos de pessoas religiosas, porém, são um dado que a ciência médica, mesmo sem explicar cabalmente, está cada vez mais disposta a colocar a seu serviço.
Tosta e colaboradores (2004) avaliaram o efeito da prece intercessória não direcionada à distância, feita diariamente durante uma semana, para 52 estudantes de medicina sadios sobre a capacidade fagocitária de seus neutrófilos e monócitos, através de estudo prospectivo, aleatorizado, duplo-cego e com duplo controle. Resultado: a prece reduziu a variação da fagocitose de monócitos e neutrófilos tanto na análise de caso-controle, quanto na análise pré e pós-intervenção, sem relação com a variação do nível de estresse. Comentários: estudo bem controlado indica que a prece pode atuar equilibrando função do sistema imunitário. Resumo: das 15 investigações avaliadas, em 8 (53%) a prece provocou algum efeito sobre as pessoas que a receberam, em 1 (7%) não foi detectado qualquer efeito e em 6 (40%) os resultados foram inconclusivos.
Nós acadêmicos de biologia, acreditamos que a fé pode curar e que as pessoas se apegam muito mais a questão da espiritualidade, quando adoecem ou quando precisam de ajuda de um grupo ou de um ser supremo. A salvação é ir para um grupo de oração, igrejas, templos, para receber ajuda de um ser superior. Independente de crença, religião ou filosofia, a formação de grupos ocorre tanto para melhorar a qualidade de vida de cada individuo quanto para ajudar outro necessitado. Muitos apostam suas vidas nessas crenças, outros simplesmente não acreditam e alguns vão contra estas ideias. A enfermidade é capaz de ampliar nosso nível de consciência, o que ocorre quando se passa por outras situações-limite como ser assaltado, sequestrado, presenciar um acidente. São nessas horas, que presenciamos a mudança de comportamento, causando um forte efeito no equilíbrio emocional, ai decidimos fortalecer nossa fé. Mas quando se tem fé, tudo parece possível. Porque fé não tem a ver necessariamente com o culto a um Deus especifico. Uma pessoa de fé é alguém que acredita. Acredita em si mesmo, no próximo. Acreditar na vida, na abundância da vida. Ter fé é acreditar sempre.
Esse ensaio foi elaborado para a disciplina de Etologia baseando-se nas obras:
Ciência e Fé, Globo Repórter - 09/04/2004. Disponível em: http://www.netluz.org/textos/txt/txt68.htm. Acesso em 25/03/2012.
DCO CONSULTORIA. Por que a espiritualidade cura? Disponível em: http://www.dcoconsultoria.com.br/index.php/2011/02/por-que-a-espiritualidade-cura/. Acesso em: 13 de março de 2012.
Hamer, Dean. O gene de Deus. Editora Mercuryo.
Koenig HG, McCullough ME, Larson DB. Handbook of religion and health. New York: Oxford University Press; 2001.
Revista Veja - Edição 1834 . 24 de dezembro de 2003. Especial A terapia da prece. Disponível em: http://veja.abril.com.br/241203/p_120.html. Acesso em 17 de março de 2012.
Saad, M; Masiero D; Battistella L.R; Espiritualidade baseada em evidências; Acta Fisiátrica; 2001.
Santos, F.S; Espiritualidade & Saúde Mental: Espiritualidade na prática clínica; zen review; 31.07.2009.
Teixeira, E. F. B; Müeller, M. C.; Silva, J. D. T. Espiritualidade e qualidade de vida. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2004.
A espiritualidade pode ser definida como um sistema de crenças que enfoca elementos intangíveis, que transmite vitalidade e significado a eventos da vida. Tal crença pode mobilizar energias e iniciativas extremamente positivas, com potencial ilimitado para melhorar a qualidade de vida da pessoa. Há relação entre envolvimento espiritualista e vários aspectos da saúde mental, evidenciando que pessoas espiritualizadas vivenciam melhor saúde mental e se adaptam com mais sucesso ao estresse do dia a dia (BATTISTELLA et al., 2001).
Desde que o homem se entende como ser pensante, ele vem usando a espiritualidade para entender o significado da vida e da morte, de sua presença no mundo, de como melhorar sua saúde e de como usá-la como ferramenta para lidar com (coping) as adversidades e a dor, seja ela física, moral ou espiritual (SANTOS, 2009). Além disso, utilizava-se a espiritualidade, também, para obter melhor qualidade de vida na saúde mental, garantindo paz e harmonia. Estudos arqueológicos nos mostram que os sacerdotes, considerados os primeiros terapeutas, egípcios, hindus e chineses incluíam uma série de rituais espirituais na obtenção da cura de muitas moléstias que acometiam a humanidade (KOENIG et al., 2001). Platão combinava ciência com elementos espirituais, enfatizando a necessidade de tratar a “alma” bem como o corpo físico. A despeito desse progresso inicial, a espiritualidade vai continuar a ser usada durante milênios mais como uma forma de cuidar, de forma não científica, especialmente dos doentes e moribundos, do que uma forma terapêutica como conhecemos modernamente (SANTOS, 2009). Durante a Baixa Idade Média, por volta do ano 370 D.C., na Ásia Menor, surge o primeiro hospital no mundo ocidental organizado por cristãos ortodoxos orientais, em virtude da insistência do bispo São Basílio, bispo de Cesárea, especializado nos cuidados de pacientes portadores da lepra, modernamente chamada de hanseníase (KOENIG et al., 2001) . Entretanto essa associação entre saúde e espiritualidade começará a ser questionada e mesmo separada com o avanço das ciências, especialmente com o aparecimento de uma medicina baseada, exclusivamente, em biologia, física e química orgânica (Santos, 2009).
No livro “O Gene de Deus” , o geneticista Dean Hamer fala sobre os resultados de uma pesquisa que afirma que há na espiritualidade um mecanismo biológico que deixa as pessoas predispostas geneticamente para a crença. As pesquisas do Dr. Hamer também comprovam que a fé oferece uma vantagem na evolução humana. O biólogo evolucionário Edward O. Wilson, um dos pioneiros da sociobiologia, ciência que busca compreender o comportamento social humano através da biologia, considerou que a predisposição do homem para acreditar em um ser superior pode ser apenas parte da postura de submissão característica do mundo animal. Ele relata ao livro que considera a religião como “o maior desafio da sociobiologia humana e sua mais empolgante oportunidade para progredir como uma verdadeira disciplina teórica humana”. Wilson propõe mecanismos múltiplos para a evolução do gene de Deus. Os genes que tornam as pessoas mais abertas ou suscetíveis à doutrina religiosa talvez tenham evoluído por intermédio da seleção de tribos que competiam entre si.
Acredita-se que a religião ajuda a sociedade a se organizar e a ser bem-sucedida quando competem entre si. Uma das vantagens da fé é que acreditam poder contribuir para melhorar a saúde e consequentemente prolongar a vida.
Em uma entrevista Herbert Benson diz que estudos comparativos de grupos religiosos e não religiosos constataram: quem é mais religioso é mais saudável, independentemente da alimentação ou da atividade física. Isso também independe da religião. Um católico, por exemplo, que reza todos os dias e acredita em sua crença produz os mesmos efeitos benéficos para o organismo que um budista, que medita diariamente. O importante é a resposta que o relaxamento causa no organismo. Pode ser com meditação, rezando terço, com ioga.
Estudos científicos mostram que há uma intrigante coincidência entre reações positivas e tratamentos médicos e o fato de o paciente ter uma crença religiosa.
Os estudiosos do fenômeno ainda se dividem entre os que explicam os bons resultados pelo estilo de vida, claramente mais saudável das pessoas religiosas, e os que veem nas curas a intervenção divina. Essa duvida não se dissipará nunca. Os benefícios para os pacientes dos processos de meditação, oração e reflexão espiritual aparecem de modo tão inequívoco nos exames que a ciência ortodoxa está se mexendo para tentar explicar o que for possível do fenômeno.
A maioria dos estudos leva à conclusão de que acreditar dá aos pacientes uma força extra na hora de enfrentar doenças. A maior parte das religiões admite a intercessão divina em favor de pessoas que rezem por ela. Claramente, essa relação não está compreendida no universo de fenômenos estudáveis pelos cientistas. As curas e os tratamentos bem-sucedidos de pessoas religiosas, porém, são um dado que a ciência médica, mesmo sem explicar cabalmente, está cada vez mais disposta a colocar a seu serviço.
Tosta e colaboradores (2004) avaliaram o efeito da prece intercessória não direcionada à distância, feita diariamente durante uma semana, para 52 estudantes de medicina sadios sobre a capacidade fagocitária de seus neutrófilos e monócitos, através de estudo prospectivo, aleatorizado, duplo-cego e com duplo controle. Resultado: a prece reduziu a variação da fagocitose de monócitos e neutrófilos tanto na análise de caso-controle, quanto na análise pré e pós-intervenção, sem relação com a variação do nível de estresse. Comentários: estudo bem controlado indica que a prece pode atuar equilibrando função do sistema imunitário. Resumo: das 15 investigações avaliadas, em 8 (53%) a prece provocou algum efeito sobre as pessoas que a receberam, em 1 (7%) não foi detectado qualquer efeito e em 6 (40%) os resultados foram inconclusivos.
Nós acadêmicos de biologia, acreditamos que a fé pode curar e que as pessoas se apegam muito mais a questão da espiritualidade, quando adoecem ou quando precisam de ajuda de um grupo ou de um ser supremo. A salvação é ir para um grupo de oração, igrejas, templos, para receber ajuda de um ser superior. Independente de crença, religião ou filosofia, a formação de grupos ocorre tanto para melhorar a qualidade de vida de cada individuo quanto para ajudar outro necessitado. Muitos apostam suas vidas nessas crenças, outros simplesmente não acreditam e alguns vão contra estas ideias. A enfermidade é capaz de ampliar nosso nível de consciência, o que ocorre quando se passa por outras situações-limite como ser assaltado, sequestrado, presenciar um acidente. São nessas horas, que presenciamos a mudança de comportamento, causando um forte efeito no equilíbrio emocional, ai decidimos fortalecer nossa fé. Mas quando se tem fé, tudo parece possível. Porque fé não tem a ver necessariamente com o culto a um Deus especifico. Uma pessoa de fé é alguém que acredita. Acredita em si mesmo, no próximo. Acreditar na vida, na abundância da vida. Ter fé é acreditar sempre.
Esse ensaio foi elaborado para a disciplina de Etologia baseando-se nas obras:
Ciência e Fé, Globo Repórter - 09/04/2004. Disponível em: http://www.netluz.org/textos/txt/txt68.htm. Acesso em 25/03/2012.
DCO CONSULTORIA. Por que a espiritualidade cura? Disponível em: http://www.dcoconsultoria.com.br/index.php/2011/02/por-que-a-espiritualidade-cura/. Acesso em: 13 de março de 2012.
Hamer, Dean. O gene de Deus. Editora Mercuryo.
Koenig HG, McCullough ME, Larson DB. Handbook of religion and health. New York: Oxford University Press; 2001.
Revista Veja - Edição 1834 . 24 de dezembro de 2003. Especial A terapia da prece. Disponível em: http://veja.abril.com.br/241203/p_120.html. Acesso em 17 de março de 2012.
Saad, M; Masiero D; Battistella L.R; Espiritualidade baseada em evidências; Acta Fisiátrica; 2001.
Santos, F.S; Espiritualidade & Saúde Mental: Espiritualidade na prática clínica; zen review; 31.07.2009.
Teixeira, E. F. B; Müeller, M. C.; Silva, J. D. T. Espiritualidade e qualidade de vida. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2004.
muito bom..
ResponderExcluirLembrando que outras pesquisas, onde o paciente "sabe" que recebe orações, a morte ocorre mais rápida. Para isso: Dawkins, R. The God Delusion.
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